Na busca da sonhada estabilidade, a candidata não teve dúvidas: pediu desligamento do trabalho para se dedicar exclusivamente à preparação. Seguindo o exemplo do marido, aprovado em quatro concursos em 2014, Nívea estuda cerca de 10 horas diariamente. A menos de um mês para a prova, ela está confiante. ;Abandonar um emprego nunca é fácil, mas tem valido a pena. Agora posso me dedicar à preparação em tempo integral.;
Assim como Nívea, outros 17 milhões de concurseiros pipocam em cursinhos presenciais e on-line atraídos pela promessa de bons salários e estabilidade. O número só tende a crescer: dados da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac) revelam que, entre 2012 e 2014, surgiram 5 milhões de novos concurseiros. Também segundo a Anpac, há 215 mil oportunidades previstas para 2015 nas esferas federal, estadual, municipal e distrital. Apenas na esfera federal o Ministério do Planejamento computa 20 mil postos vagos que precisam ser preenchidos. Com tamanha procura, a luta por uma vaga é disputada. Garantir a aprovação, sugerem especialistas, é tarefa que demanda dedicação e persistência. Para quem ainda engatinha no mundo dos concursos, ser pragmático e escolher bem a carreira são atitudes determinantes.
As regras do jogo
O presidente da Anpac, Marco Antônio de Araújo, orienta que identificar a carreira a seguir é o primeiro passo a ser considerado. ;O candidato deve saber quais são as atividades do cargo que vai disputar. Não se faz um concurso apenas pelo salário, tampouco pelo status. Deve haver uma relação entre a atividade a ser realizada e o propósito de vida do candidato. A vocação precisa falar mais alto na hora de escolher;, pondera. ;Outro ponto fundamental é a objetividade na preparação. Candidatos que prestam concursos para muitas carreiras acabam ficando dispersos. A dica é escolher um ramo e se dedicar exclusivamente;, alerta.
Vicente Papariello, professor de direito penal e tributário da VP Concursos, afirma que a leitura do edital deve ser uma atividade religiosa para quem aspira a uma oportunidade. ;Conhecer o regulamento é o ponto de partida do concurseiro debutante. Lá estão todas as regras aplicáveis, como prazos, conteúdo programático, documentação;;, orienta. Tão importante quanto estudar muito e ter disciplina é cuidar da saúde e da vida pessoal, como indica Rose Viana, professora de português do IMP Concursos. ;É sempre importante que o candidato realize atividades físicas e cultive a vida social. Afastar-se totalmente dos amigos nunca é indicado;, aconselha
Faculdade ou concurso?
Dilema comum, a dúvida sobre o que fazer após o ensino médio assombra jovens como Yasmin Araújo Ramos. Aos 18 anos, ela abriu mão de ingressar num curso superior para fazer concursos públicos. ;Priorizo a busca pela estabilidade profissional, para, então, pensar na faculdade. Para mim, o principal desafio é a inexperiência.; De acordo com Alexandre Crispi, CEO da Rede Educacional Alub, candidatos com esse perfil têm algumas vantagens. ;Novatos têm a cabeça mais fresca e dominam 20% dos conhecimentos exigidos em editais, especialmente em português, raciocínio lógico e informática. Muitos contam com o apoio da família e não precisam se preocupar com contas, filhos e outras responsabilidades.; Apesar disso, o professor alerta que, antes de tomar tal decisão, o candidato precisa fazer uma análise da própria situação para evitar frustrações e perda de tempo.
;Nas salas de cursinhos preparatórios, jovens que ainda nem concluíram o ensino médio ou acabaram de sair da faculdade devoram apostilas, decoram macetes, aprendem sobre normas gramaticais e leis. Buscam estabilidade, acreditando que, por meio dela, terão uma vida tranquila, trabalhando menos e ganhando mais. Apesar de a aprovação em um certame ser excelente, esse exercício exige vocação, caso contrário os profissionais tendem a se tornar insatisfeitos;, alerta Crispi.
De olho na diplomacia
Segundo João Batista da Costa, ministro de 1; classe do Itamaraty e coordenador do Curso JB, preparatório para o Instituto Rio Branco, ;ter consciência política, idoneidade, gosto por línguas estrangeiras e história do Brasil são pontos fundamentais para quem pensa em disputar uma vaga de diplomata.; Seguindo esses parâmetros, a advogada Tássia Bianca Gurgel, 24 anos, e o arquivista Luiz Cláudio Vieira, 36, estudam para a seleção deste ano, ainda sem edital e quantitativo de vagas divulgado. ;Estou confiante, mas tenho noção de que a disputa pelas vagas é grande;, revela Tássia. Luiz Cláudio admite estar à procura de uma evolução profissional. O maior desafio, segundo ele, é conseguir conciliar a carreira e a vida pessoal à rigorosa rotina de estudos. ;Trabalho, então não posso me dedicar exclusivamente à preparação;, diz.
[SAIBAMAIS]Nessa situação, não são poucos os que optam por largar o emprego para estudar. A dedicação exclusiva, porém, deve ser bem pensada, como alerta Fernando Bentes, diretor do site Questões de Concursos. ;É preciso pesar alguns fatores. A pessoa deve ter certeza de que não está satisfeita com seu trabalho, que possui dinheiro suficiente para investir na preparação, que já sabe o cargo para o qual deseja fazer prova e, principalmente, em qual nível de estudo se encontra para que não tenha que começar do zero. Caso essa avaliação conspire para largar o emprego, acredito que valha a pena uma dedicação exclusiva ao estudo para concurso público;, opina.
Top 5
As disciplinas que mais caem em concursos e que costumam valer mais pontos:
; Direito constitucional
; Direito administrativo
; Português e redação
; Raciocínio lógico
; Informática
Fonte: Fernando Bentes, diretor do site Questões de Concursos, e Alexandre Crispi, CEO da Alub Concursos