Trabalho e Formacao

A dama do luxo

Dona de multimarcas no Lago Sul conta com a ajuda dos filhos para tocar negócio pioneiro na comercialização de grifes internacionais em Brasília

Ana Paula Lisboa
postado em 16/03/2015 10:49
Cleuza (ao centro), com os filhos Fabrício e Juana na luxuosa loja localizada no Lago Sul: gestão em famíliaHá 45 anos, a capital federal não contava com muitas opções de lojas de roupas, e a variedade de marcas era restrita, especialmente para tamanhos como 36 e 38. Foi a partir dessa carência do mercado, que Cleuza Ferreira, 68 anos, resolveu largar o emprego numa editora, vender o carro e usar o dinheiro para abrir uma butique na 103 Sul. ;No início, as roupas eram apenas para o público P. Começamos vendendo marcas do Rio de Janeiro. Hoje, a numeração vai até 44;, explica. Por isso, o nome Magrella. Durante os dois primeiros anos, porém, o negócio se chamava Milonga. Pioneira na venda de grifes internacionais na cidade, ao longo de mais de quatro décadas, a empresa se especializou no comércio de marcas de luxo, como Givenchy, Valentino e Yves Saint Laurent. O endereço da multimarcas passou pela 305 Sul e pelo Conjunto Nacional, antes de se instalar num sofisticado espaço de quase 2 mil m; no Lago Sul.

Ali, são recebidas, diariamente, de 45 a 60 pessoas, mas as compras não se limitam a isso, já que a empresa acompanhou a modernidade e comercializa peças pela internet. Além de figurinhas carimbadas, a Magrella recebe caras novas todos os dias. ;Estamos na terceira geração de clientes, tem gente que trouxe os filhos e hoje vem com as netas. O clima era muito intimista, como se estivéssemos recebendo o público em casa. Isso mudou, mas continuamos com uma clientela fiel, além de um público novo;, revela Cleuza. Além de grifes nacionais e internacionais femininas e masculinas e uma marca própria criada há cerca de 4 anos, há 2 anos, a loja oferece uma linha para a casa. ;Fazemos até lista de casamento!”

Força familiar
Tocar um negócio não é tarefa simples. ;Às vezes, eu me pergunto como dei conta de tudo sozinha. Foi difícil;, admite Cleuza. Há 10 anos, ela passou a contar com a ajuda dos filhos, Juana, 35 anos, e Fabrício, 33, graduados em administração, na gestão da loja. ;Não é fácil trabalhar com filhos, mas, hoje, estamos em sintonia;, conta Cleuza.

Para os filhos, ter o aval da mãe foi uma conquista. ;Com a gente, ela é muito mais exigente. Temos que provar que damos conta para ela e para os clientes, que nos viram nascer e crescer;, revela Juana. Uma das novidades após a chegada dos dois foi o lançamento da marca própria. Para o futuro, o trio pretende fortalecer a grife Magrella em vendas por atacado e montar lojas em São Paulo e outras capitais. O foco da unidade de Brasília, porém, não vai mudar. ;Continuaremos sendo uma multimarcas;, garante Fabrício. Com uma empresa consolidada, Cleuza está satisfeita com o retorno financeiro e adora o glamour do trabalho. Para Juana, a melhor parte da função é tratar de novidades todos os dias. Participar de um negócio e vê-lo crescer é a maior recompensa para Fabrício. As dificuldades do empreendimento estão na contratação e na retenção de talentos. ;Não existe mão de obra qualificada em Brasília. As pessoas não entram para ficar no varejo, a rotatividade é alta;, lamenta Cleuza ao falar sobre a equipe de 60 funcionários em Brasília e 20 em São Paulo.

Requinte
As peças são escolhidas a dedo para um público que vai de 13 a 80 anos e, segundo Juana, a classe social não se limita à mais alta. ;Temos produtos de preços variados, e as classes B e C também nos procuram.; Para atender a uma clientela tão diversificada, a multimarcas conta com o bom gosto de Cleuza, ingrediente essencial desde o início. ;Eu sempre tive estilo. Venho de uma família de muito bom gosto. Minha mãe era bordadeira. Não segui o mesmo caminho, mas apliquei conhecimentos que aprendi com ela na loja;, observa. ;São roupas confortáveis, bonitas e elegantes, servem para qualquer ocasião, nunca dão a impressão de que você está arrumada ou chic demais;, percebe Cleuza. A busca por peças ainda é um dos fortes do negócio. ;Viajamos juntos, de três a quatro vezes por ano, para escolher roupas em grifes em Milão e em Paris;, revela Fabrício.

Além de encontrar marcas e peças que só são vendidas ali em Brasília, os compradores procuram a loja atrás de uma experiência de compra luxuosa. O segredo do atendimento vai além de servir champanhe. ;Isso para mim é o de menos. O que conta mesmo é que os clientes têm direito a tudo. Chegamos ao ponto de levar roupas para lavar na minha casa. Cobrimos qualquer estrago, independentemente do tempo, costuramos, fazemos ajuste. Nem eletrodoméstico tem tanta garantia;, brinca Cleuza.

Além desses cuidados, o que fideliza as compradoras é a atenção recebida. ;Funcionamos como personal shopper, e as funcionárias estão treinadas para fazer sugestões baseadas no perfil da cliente, indicando o que vai combinar com peças que ela comprou na loja anteriormente;, explica Juana. ;Cuidamos não só de uma compra isolada, mas do armário do cliente;, garante Cleuza. Para clientes como Wilma Pereira, 87 anos, frequentadora assídua desde a abertura, tanto cuidado vale a pena. ;As roupas são de todas as grifes. O atendimento é maravilhoso. É a melhor loja de Brasília, com certeza.;

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