O Hospital Veterinário São Francisco, o primeiro de Brasília, abriu as portas em 1986. Ao longo de quase três décadas, salvou a vida e resgatou a saúde de muitos bichos e acumula histórias. A cada mês, são cerca de 180 animais atendidos por 12 veterinários, seis especialistas (em oncologia, oftalmologia, neurologia, cardiologia, imagem e aves), duas estagiárias e 16 funcionários. Cães e gatos podem ser examinados ali 24 horas, mas animais silvestres e exóticos precisam de hora marcada. A procura pelo hotel é alta: em outubro, já não costuma haver mais vaga para o fim do ano. Por trás do cuidado com os animais, está o veterinário Luiz Carlos de Oliveira, 62 anos, e sua família. ;Foi um projeto familiar, e fizemos tudo por conta própria.;
A construção foi erguida em seis meses, mas, antes de começar, Luiz visitou referências na área nos Estados Unidos, no Canadá e no Japão para aprender as melhores técnicas e práticas, além de ter ideias para a planta da construção. ;Fomos os primeiros em tudo: raios X, laboratório, cirurgia;; A esposa, a administradora Maria Godoi de Oliveira, cuidou da gestão administrativa do local por muitos anos. Os três filhos do casal cresceram em meio aos animais e, desde 2008, a filha mais velha, Cláudia, 37 anos, comanda o hospital sozinha.
Confiança
Depois da abertura, o único período em que Cláudia se afastou da instituição foi na época da faculdade e do mestrado concluídos no interior de São Paulo. Conquistar a confiança de Luiz foi uma tarefa desafiadora. ;Tive que provar para ele e para os clientes, que me viram pequena por aqui, a minha capacidade.; Hoje, o pai é só elogios para a filha. ;Fico muito orgulhoso de ver que a Cláudia conseguiu fazer ainda melhor que eu.;
A supervisão constante da veterinária é um dos segredos para o sucesso. ;O hospital inteiro tem câmera. Pego as fichas e ligo para os donos dos animais para saber se está tudo certo. Faz diferença: eles sentem mais segurança.; Não é à toa que clientes como Thelma Costa Albano, 35 anos, fazem questão de falar bem do lugar. ;O hospital salvou a vida da minha cadela, Milly, que engoliu uma agulha.; Diferentemente de pet shops, o foco ali não é a beleza. ;Não damos banho ou tosamos, mas quando se trata de saúde animal, somos especialistas;, assegura Cláudia.
Entre as prioridades da instituição, estão a formação de estagiários e profissionais os e projetos sociais. ;Não abrimos mão de ajudar ONGs e feiras de adoção;, diz Cláudia. A Associação Regional de Clínicos Veterinários do DF começou numa reunião feita no local na década de 1980. A unidade é tão reconhecida que é procurada por clientes de fora. ;Gente de Goiânia, do Paraná, do Rio de Janeiro, dos mais diversos locais vêm aqui;, conta Cláudia.
O início
Há 30 anos, Brasília não contava com hospitais veterinários. Luiz Carlos de Oliveira, 62 anos, natural de Uberlândia, viu na carência da capital federal uma oportunidade de negócio e um modo de fazer diferença na cidade. Abrir as portas não foi simples. ;Não havia terreno destinado para isso. Fizemos pedido à Terracap (Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal), mas demorou oito anos para conseguirmos a liberação;, lembra. A inauguração contou com a presença de personalidades, como José Aparecido de Oliveira, então governador do Distrito Federal.