Ana Paula Lisboa
postado em 06/04/2015 10:13
Alexandre Ferreira trocou chuteiras, uniformes e treinos no gramado por cozinha, forno, fogão e chocolate. O jovem abandonou a carreira no futebol para montar o bufê de bombons finos Aguimar Ferreira, localizado no Sudoeste. Apesar de desacreditada no início, a empreitada deu certo e oferece mais de 100 sabores de doces, bem-casados e cupcakes. ;A qualidade do chocolate ; que é belga ou dos melhores fornecedores brasileiros ; é o diferencial que encanta os clientes;, ressalta.A marca foi batizada em homenagem aos pais. ;Juntei o primeiro nome da minha mãe com o sobrenome do meu pai. Todo mundo que vê pensa que a empresa é de um senhor e até se assusta quando encontra um jovem no comando;, brinca. A juventude e a inexperiência não foram empecilhos para crescer. Aos 25 anos, Alexandre coleciona prêmios: o último, o Top Marcas 45 do Centro-Oeste, foi recebido na última quarta-feira em Goiânia.
Além desse, Alexandre ganhou, em 2014, o Master Estadual como melhor empresa de doces do DF. Em 2013, venceu o Gran Awards de Excelência de Qualidade e o prêmio Empreendedor Conectado do Google, do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e da Yola pela atuação na internet. A receita está na dedicação. ;Sempre trabalhei para oferecer um padrão elevado, buscando o melhor e fazendo tudo com amor;, revela. A procura do público, para ele, é o maior reconhecimento. ;Atendo mais de 50 eventos por mês, entre casamentos, festas corporativas e outras ocasiões. Ouvimos muitos elogios sobre a qualidade dos produtos e o atendimento e estamos sempre melhorando;, revela.
;O grande boom de crescimento veio quando lancei os bombons personalizados ; em que escrevo o que a pessoa quiser, coloco desenhos, com uma técnica nova;, conta. Para o aniversário de Brasília, por exemplo, Alexandre está lançando uma linha com figuras de pontos turísticos da capital federal, como a Catedral. Os recheios são de frutos típicos do cerrado, como pequi e murici.
Na linha de frente
O jovem abriu as portas do negócio, no Sudoeste, em 2011, mas começou a mexer com doces em 2009, época em que jogava pelo Esporte Clube Vitória, na Bahia. ;A mãe de um amigo meu fazia bombons em casa, e eu resolvi que queria aprender. Depois, participei de um grande salão sobre chocolate e vi que aquilo podia ter futuro. Eu não estava ganhando muito com o futebol e comecei a fazer e a vender em ônibus;, lembra ele, que jogou também pelo Gama, pelo Goiás e pelo Paraná e contracenou com craques como o lateral-direito Douglas Pereira dos Santos, que hoje joga no Barcelona, e o zagueiro Rafael Tolói, do São Paulo. Experimentando receitas encontradas na internet, Alexandre passou a fornecer para estabelecimentos comerciais, como padarias e restaurantes, até começar a receber pedidos. ;Foi aumentando, coloquei gente para vender e resolvi largar o futebol de vez.;
A decisão, a princípio, não foi aceita pela família. ;Meus pais sempre diziam ;será que isso dá certo?; Ninguém acreditou ou apoiou, mas insisti. Fazia uma bagunça na cozinha lá de casa...;, lembra. ;Eu achava que isso era muito pouco para o meu filho. Ele ia ser jogador de futebol e, agora, ia vender bombons? Não coloquei fé;, admite o pai, Manoel Ferreira, 56 anos, que, depois, largou o emprego de motorista para trabalhar com o filho. ;A dedicação dele foi tão grande que a família toda resolveu ajudar;, explica Manoel. A mãe entrou com conhecimentos culinários e, depois de se aposentar este ano, se dedica à empresa de doces. ;No início, meu irmão gêmeo elaborou a parte do site, e minha irmã ajudava a embalar;, revela Alexandre.
Além do pai e da mãe, o jovem coordena uma equipe de sete pessoas. Para consolidar a empreitada, foram muitos erros e acertos. ;Na primeira encomenda, não tomei cuidado e deixei os bombons caírem no chão. Tive que refazer tudo, mas serviu para aprender.; Experiências anteriores ao futebol também foram úteis. ;Eu fui vendedor-representante de persianas e suplementos nutricionais. Isso me ajudou com as técnicas de venda.; Cursos de doces e de empreendedorismo completaram o rol de conhecimentos para gerir a empresa. ;Nem penso em voltar para o futebol; Agora, meu sonho é ver a empresa crescer ainda mais;, finaliza.