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Com o avanço da globalização, falar e escrever em inglês se torna cada vez mais fundamental para conquistar um espaço no mercado de trabalho. Confira dicas e garanta bom desempenho em entrevistas no idioma

postado em 06/04/2015 10:22

O economista Alexandre está sempre estudando o idioma: conhecimento útil em processos seletivos e no dia a dia do trabalhoConsolidado internacionalmente como a linguagem dos negócios, o inglês tornou-se pré-requisito para empresas, que passam a realizar entrevistas de emprego no idioma com cada vez mais frequência. O conhecimento extra é bem-visto no mundo corporativo e permite que profissionais lidem com marcas globais, trabalhem com produtos importados, se comuniquem com executivos, clientes e fornecedores de diversas nacionalidades, ofereçam produtos e serviços no exterior, obtenham acesso a inovações e uma série de outros benefícios.

Os bons conhecimentos na língua ajudaram o economista Alexandre Campos, 46 anos, a realizar um MBA no exterior e a conquistar oportunidades de trabalho no Reino Unido. ;A experiência é única. O mundo se abre para você. Tive contato com pessoas de culturas completamente diferentes;, afirma. Carioca que mora em Brasília, ele estudou por dois anos na Manchester Business School (MBS) e passou outros cinco trabalhando no mercado financeiro de Londres. Durante a temporada no exterior, Alexandre enfrentou diversos tipos de entrevistas na língua britânica, tanto em seleções ligadas aos estudos quanto na busca por emprego e na atuação profissional.

;Tive conversas presenciais, por telefone e on-line. A telefônica é a mais complicada, porque você não vê o entrevistador, não sabe se está agradando e fica impossibilitado de fazer leitura labial ou corporal para ajudar a entender o que é dito;, recorda. Para o economista, a capacidade de expressão é a mais importante para um candidato nesse tipo de seleção. ;A conversação precisa ser o foco de quem se prepara para participar de um processo como esse, pois a gramática costuma ser mais ensinada nas escolas e nos cursos brasileiros.;

De volta ao Brasil, Alexandre segue utilizando a língua estrangeira com regularidade ao atuar na formulação de políticas econômicas do setor público. ;Meu trabalho utiliza muito o inglês. Na semana passada, por exemplo, fui aos Estados Unidos para uma reunião; há conferências, documentos e novidades que chegam no idioma. É preciso construir uma aquisiçãode conhecimentos contínua;, conclui.

Para participar de um programa de voluntariado na África do Sul, Camila passou por processo seletivo em inglês;Cada vez mais multinacionais e empresas de grande e médio porte colocam o inglês como pré-requisito para cargos superiores e vagas introdutórias com grandes chances de ascenção;, avalia a analista de RH Monica Barcelos. O objetivo é formar um quadro com profissionais capacitados e identificados com a cultura organizacional das companhias. ;As organizações consideram que o funcionário só se estagna se quiser hoje em dia. O objetivo é que ele aproveite as chances oferecidas e desenvolva valores intangíveis que geram crescimento junto da empresa;, considera.

Aprendizado constante
Na hora da entrevista, ainda que o nível do candidato não seja avançado, o diretor superintendente da Fundação Fisk, Élvio Peralta, ressalta que mostrar o desejo de evoluir é importante. ;Para quem ainda não é fluente, pega bem demonstrar que está batalhando para avançar;, aponta. Ele avalia que a globalização tem tudo a ver com a valorização dos conhecimentos em inglês. ;Nosso país se abriu para o mercado internacional nas últimas décadas, e oportunidades surgiram para quem domina o idioma.;

Num momento de agravamento da crise econômica, a qualificação serve tanto para ascender na carreira quanto para manter o emprego. ;As empresas precisam de colaboradores capazes de ouvir, ler, escrever e falar em inglês, interpretando adequadamente as situações para estabelecer contatos e vínculos comerciais.; Áreas como comércio exterior, engenharia, informática, comunicação e ciências da saúde são algumas das que demandam profissionais multilíngues.

As vantagens de expandir os conhecimentos no idioma não param por aí. ;A ligação do universo cultural com o inglês é muito motivadora. Poder se comunicar, se entreter, entrar em contato com gente do exterior e viajar sem dificuldades são experiências que pessoas com nível a partir do intermediário desfrutam muito melhor;, afirma.

Realização pessoal

A universitária Camila Ferrer, 19 anos, cursa o 5; semestre de serviço social na Universidade de Brasília (UnB) e confirma que o conhecimento traz benefícios que vão além das corporações. Ela se formou num curso de inglês em 2012, e não faltaram momentos em que o domínio do idioma foi importante em sua vida desde então. ;Fui para os Estados Unidos com minha família e só eu falava a língua, mas isso já nos ajudou muito. No início do ano passado, pude fazer um programa de voluntariado na África do Sul.;

Para ser voluntária, ela precisou encarar desafios que incluíram passar por entrevistas em inglês por meio de conferência on-line, viajar para o país e fazer um teste de proficiência na chegada. ;Eu me senti bem preparada para a entrevista, então não tive tanta dificuldades. Na ocasião, falamos sobre assuntos do cotidiano e temas relacionados a atividades assistenciais e de formação infantil. Fiquei no nível mais alto na entrevista de nivelamento, o que me permitiu trabalhar sem problemas com as crianças de comunidades carentes: dava aulas, as alimentava e fazia atividades recreativas;, recorda.

Os reflexos da fluência na língua estrangeira aparecem no dia a dia. ;Escuto músicas, assisto a filmes e programas em inglês e consigo traduzir tudo na hora, assim como leio textos comuns e acadêmicos;, explica. A estudante tem muita vontade de viajar e conhecer outras culturas, tanto que o próximo projeto é participar de um programa de au pair.

O coach de carreira Mauricio Sampaio, do Instituto MS, assegura que experiências como as que Camila teve por meio do inglês são um diferencial relevante. ;Quem tem visão de diferentes culturas, entende a filosofia de vida e a forma como outros povos se comunicam é valorizado. O mundo globalizado exige profissionais que possam estabelecer conexões e fontes de informações privilegiadas em qualquer lugar do planeta;, observa. A estudante Camila Ferrer sabe disso e pretende aproveitar a oportunidade de unir o útil ao agrdável. ;Quero fazer cursos fora, morar em vários países e manter o inglês afiado. A maior vantagem disso tudo é que o mundo fica pequeno para quem sabe outro idioma.;

Hora da verdade


Confira dicas para se sair bem em entrevistas em inglês, fase que se torna cada vez mais comum em processos seletivos:

Pesquise sobre a empresa e a área de atuação dela
Procurar saber o vocabulário e termos em inglês recorrentes no contexto da companhia é importante para se expressar adequadamente na entrevista.

Treine a pronúncia
Prepara-se para responder a perguntas como ;What are your strengths and weaknesses?; (Quais são seus pontos fracos e fortes?) e ;Why do you want this job?; (Por que você quer esse trabalho?). O acompanhamento auxilia na correção de pronúncia incorreta, além de prevenir vícios de linguagem e diminuir a ansiedade.

Evite gírias e pausas excessivas
Certas expressões comuns na linguagem informal, como ;what;s up; (e aí?), ;kind of; (mais ou menos), dude (cara) e cop (policial) são inapropriadas para esse contexto. Conhecimentos limitados na língua geralmente fazem o candidato realizar pausas prolongadas ou gaguejar, problemas combatidos com o treino da conversação.

Questione
O candidato precisa ir além das perguntas do entrevistador e interagir e tirar dúvidas. ;Could you tell me a little more about the history from the company?; (Você poderia me contar um pouco mais sobre a história da empresa?) é um exemplo de pergunta a ser feita.

Fuja de traduções literais

Traduzir ao pé da letra pode resultar em frases sem sentido. Caso não conheça uma expressão equivalente, melhor não usá-la e explicar o que se deseja dizer.

Exemplos:

  • ;Bite the bullet; significa ;ir direto ao ponto;, mas literalmente equivaleria a ;morder a bala;
  • Alguém ousado no Brasil é chamado de ;cara de pau", mas está longe de ser intitulado ;woodface; em inglês: o termo mais indicado é ;shameless;.

Busque aperfeiçoamento

Recrutadores apreciam a sinceridade do candidato e a apresentação de objetivos que visam o aperfeiçoamento profissional. Portanto, mesmo que você não tenha conhecimentos avançados no idioma, explique que você tem planos de se aperfeiçoar no inglês. Comentar sobre cursos e treinamentos que pretende realizar com esse objetivo pode contar pontos importantes.

Faça um teste de nivelamento
Além de ajudar a treinar conhecimentos e indicar onde a atenção precisa ser focada nos estudos do idioma, a avaliação pode ajudar o candidato a se portar de acordo com o nível de proficiência colocado no currículo, sem forçar a expressão de conhecimentos que não possui ou mostrar desenvoltura abaixo da esperada na entrevista.

Não minta
Seja sincero ao declarar seu nível de proficiência. Se o teste mostrar que o conhecimento do candidato não corresponde ao declarado no currículo, futuras oportunidades podem ficar comprometidas.

O entrevistador indica a fluência
Caso o candidato não seja questionado sobre seu nível de fluência durante a conversa, deve deixar o recrutador à vontade para apontar o nível de avanço do postulante. Assim, a chance de
que o entrevistado superdiminensione o próprio conhecimento é menor. Descrever experiências com o inglês, vivência fora do país (caso exista) e outras situações que mostrem a utilização prática da língua na rotina são boas opções para possibilitar
uma avaliação precisa.

Fonte: professor Elvio Peralta, diretor superintendente da Fundação Fisk.

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