Trabalho e Formacao

Ambição jovem

Grande objetivo de profissionais de 23 a 27 anos é atuar em empresas mais informais, ligadas à inovação. Especialistas afirmam que essa visão do trabalho pode ser romântica, mas um ambiente descontraído contribui para a motivação e a produtividade

postado em 13/04/2015 09:31

Wilckerson com o chefe, Bruno. Nessa startup, videogame, gato e frigobar com cerveja integram o ambiente No que depender dos jovens, é possível que o ambiente de trabalho do futuro seja um local onde o horário de entrada e o de saída fica ao gosto do funcionário, as roupas casuais não se limitam às sextas-feiras e, no intervalo, uma partida de videogame com o chefe é comum. Mas eles não querem apenas isso: planos de carreira bem estruturados e reconhecimento por metas atingidas estão entre as principais reivindicações dos profissionais de 23 a 27 anos, de acordo com pesquisa da plataforma de colocação profissional 99jobs. O levantamento descobriu que metade dos 1.625 entrevistados trabalhava em locais tradicionais, como bancos, indústria e governo. No entanto, quando perguntados sobre onde gostariam de atuar profissionalmente no futuro, a preferência por esse tipo de ambiente cai para 17%. As empresas de perfil informal ; como agências de comunicação, startups e companhias inovadoras ; foram escolhidas por 41% dos respondentes. Em segundo lugar, ficou a opção de abrir o próprio negócio, com 32%.

;As pessoas têm buscado trabalhos que façam sentido para elas. Não é o fato de poder usar bermuda ou ter uma mesa de pingue-pongue no escritório que faz a diferença, mas sim a iniciativa da organização em criar um ambiente em que o funcionário veja um propósito naquilo que está fazendo;, analisa Alexandre Pellaes, porta-voz da 99jobs. Quando questionados sobre o nível de satisfação que tinham no trabalho atual, as notas dos entrevistados foram modestas. Numa escala de 1 a 10, os participantes da pesquisa deram 5,3 para a perspectiva de crescimento profissional; 5,6 para o nível de felicidade profissional e 5,7 para a percepção de sentido e utilidade naquilo que estão fazendo.

Grande objetivo de profissionais de 23 a 27 anos é atuar em empresas mais informais, ligadas à inovação. Especialistas afirmam que essa visão do trabalho pode ser romântica, mas um ambiente descontraído contribui para a motivação e a produtividade Os participantes apontam duas gigantes da tecnologia como empresas-modelo quando o assunto é trabalho que faz sentido: Google, citada por 58% dos profissionais, e Facebook, com 25% da preferência. ;Em certa medida, existe romantismo em torno dessas organizações. Elas não escondem que os funcionários trabalham muito, mas vendem a ideia de que é divertido fazer parte da equipe de lá. O fato de terem estruturas de hierarquia mais horizontais, em que todos têm voz, é algo que atrai bastante os jovens;, explica Pellaes.

A Natura, terceira empresa mais lembrada pelos entrevistados da pesquisa, foge do perfil descolado das primeiras colocadas. Para Fabiana Nakazone, gerente de Atração da companhia, o investimento em ações de marketing focadas no público jovem, o apelo à sustentabilidade e a valorização da diversidade são fatores que contribuem para a imagem da marca. ;Nosso maior diferencial não é o home-office ou as roupas casuais, mas a oportunidade de estar envolvido em projetos que tenham impacto social e que envolvam pessoas de diferentes hieraquias;, explica. ;Liderança forte, comunicação clara e metas bem definidas são as principais diretrizes para reter talentos;, afirma.

Visitante inusitado

A startup brasiliense Pinmypet tem espaço para videogame, frigobar com cerveja e Pitico, gato de quatro meses que visita o escritório uma vez por semana. Bruno Souza, 32 anos, dono do felino e um dos sócios da empresa, garante que o ambiente contribui para a motivação e a produtividade. ;Depois de participarmos de um programa de aceleração de empresas no Vale do Silício, adotamos um modelo mais focado em resultados, em vez de cobrar cumprimento de horários e uso de roupa social;, conta. Com cerca de um ano e meio de existência e nove funcionários, a companhia comercializa medalhas que permitem a identificação de bichos de estimação e tem uma rede social para pets com 5 mil usuários.

No escritório, o vestuário é casual, os horários são flexíveis, e quem preferir pode trabalhar de casa. No entanto, a diversão tem hora. ;Normalmente, assistimos a séries e jogamos videogame no fim do dia ou quando fazemos happy hour. Nas reuniões com clientes, usamos roupas mais formais;, pondera Bruno. ;A flexibilidade traz muita satisfação, mas, se não houver formas de controle sobre a produtividade, essa postura pode acabar comprometendo resultados;, diz. O líder da equipe de desenvolvimento da startup, Wilckerson Ganda, 22 anos, trabalhou em ambientes formais e sente a diferença. ;Fico confortável e tenho mais liberdade. Ao mesmo tempo, é preciso ter reponsabilidade, não dá para só brincar;, afirma. Para ele, a estrutura contribui para que os processos sejam menos burocráticos e a relação entre as pessoas fique mais forte.

Três perguntas para


Mônica Santos, diretora de RH do Google para a América Latina

Por que a cultura organizacional da empresa é tão atraente?

Abertura, pouca hierarquia e dinamismo estão alinhados com profissionais que desejam se sentir desafiados e aprender sempre.

O que se ganha com uma estrutura hierárquica mais horizontal?
As decisões são rápidas, e a burocracia é reduzida, trazendo agilidade para a inovação.

Na sua opinião, como será o local de trabalho do futuro?
Um ambiente que explorará o completo potencial dos funcionários, com bem-estar, que resultará em criatividade e produtividade.

Bruno Ramos abriu o próprio negócio no ano passadoCaminhos empreendedores


Ser dono do próprio negócio é a meta de 32% dos ouvidos na pesquisa da 99Jobs. Ex-funcionário de uma multinacional do ramo automobilístico, Bruno Ramos, 26 anos, saiu da indústria tradicional para realizar o sonho. Há sete meses, lançou a plataforma Encontre um Nerd. Nela, pessoas com notebooks, smartphones e outros gadgets defeituosos são colocados em contato com profissionais que prestam assistência técnica em domicílio, com preço de serviço pré-fixado que vai de R$ 60 a R$ 490. Em menos de um ano, o site reuniu 1,5 mil técnicos, que atendem a 97 cidades. No momento, eles estão concentrados em Curitiba, em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas há planos de expansão para outras capitais até o segundo semestre, inclusive para Brasília.

;Nunca gostei do sistema de trabalho das multinacionais, em que você é apenas um número, há muita burocracia nos processos e a hierarquização é enorme;, conta o CEO. Ele admite, no entanto, que a mudança traz desafios. ;Antes eu ganhava mais e não precisa me preocupar com dinheiro. Eu trabalhava oito horas por dia. Agora, são 12 ou 14. No entanto, sinto que dei um grande passo para minha realização pessoal.;

Capacite-se
Para quem deseja ser o próprio chefe, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-DF) promove a 7; Semana do Microempreendedor Individual (MEI) a partir de amanhã. Os interessados poderão participar de oficinas e palestras e receber orientação até sábado (18), das 9h às 18h. Haverá centrais de atendimento nas sedes do Sebrae no SIA, na 604 Sul e na 515 Norte, no Na Hora do Riacho Fundo e no Na Hora de Taguatinga. Confira as regiões que receberão unidades móveis ou tendas: Ceilândia (Centro, Pôr do Sol, Sol Nascente e Expansão de Ceilândia), Samambaia (Norte e Sul), Taguatinga (Mercado Norte e Praça do Relógio), Riacho Fundo, São Sebastião, Planaltina, Brazlândia, Itapoã, Sobradinho, Estrutural, Vicente Pires, Gama, Santa Maria, Guará, Recanto das Emas e Núcleo Bandeirante. Informações: www.df.sebrae.com.br / 0800-570-0800.


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