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Morador de Taguatinga abriu estúdio em casa e o transformou no maior complexo de salas de ensaio do DF

Ana Paula Lisboa
postado em 17/05/2015 13:08
Morador de Taguatinga abriu estúdio em casa e o transformou no maior complexo de salas de ensaio do DFA localização da casa onde mora, na Avenida Hélio Prates, uma das mais movimentadas de Taguatinga, fez com que Itamar Elias dos Santos, 73 anos, pensasse em abrir um negócio para ter uma ocupação quando se aposentasse. Foi então que, há sete anos, ele montou um pequeno estúdio nos fundos da residência. ;Começou como uma sala para gravar, por exemplo, CDs de bandas;, lembra. Itamar contratou um produtor e se dedicou à atividade, mas as gravações demandavam muito tempo e não davam retorno. ;Aprendi pela dor e não pelo amor, perdi dinheiro e tive que parar, mas percebi que havia um nicho de mercado que fazia falta no Distrito Federal: salas de ensaio. Tanto é que muita gente vinha aqui para ensaiar.;

Foi assim que o Fenix Estúdios ganhou uma nova função, e não faltou procura. ;Como é raro esse tipo de espaço no DF, o pessoal ficou sabendo do meu negócio no boca a boca. Começamos a ter fila de espera, ainda mais porque nosso preço é bem acessível. O pessoal vem das mais diversas regiões nos procurando;, comemora. Para atender à demanda, ao longo dos anos, Itamar implantou mais 11 salas, cada uma com uma decoração característica: a com ilustrações da bandeira dos Estados Unidos, por exemplo, é a queridinha dos rockeiros; a sala verde fluorescente e vermelha é psicodélica; e há opções mais neutras e tradicionais como as com fundo de madeira. Não é à toa que muitas bandas usam os espaços para gravar videoclipes.

A praticidade de ter uma sala bem estruturada, com bateria e estantes de prato, amplificadores de guitarra e de baixo, mesa com vários canais e efeitos e caixas para voz atrai muita gente ; desde o público adolescente até adultos. Há ainda opção de locar instrumentos, como violão, guitarra, contrabaixo e pratos de bateria por ali. O funcionamento do Fenix Estúdios é noturno e, mesmo com 12 salas, não há como atender a todos. ;À noite, chegamos a ficar com todas as salas ocupadas e há filas de espera de mais de três semanas;, revela Itamar. Pelo local, passam, pelo menos, 100 bandas por semana.

O retorno financeiro, segundo o dono, é satisfatório, mas a grande gratificação são os elogios do público. ;Uma moça aqui veio falar comigo, elogiou muito a iniciativa e disse que o DF precisava de um espaço assim. Fiquei feliz e agradeci. Pouco depois, o pessoal veio me perguntar se eu sabia quem era ela. Eu não reconheci, mas era a Ellen Oléria;, conta satisfeito. Além da ganhadora do The Voice, outros músicos de destaque ensaiaram nas salas do local como Pedro Paulo & Matheus, Henrique & Ruan, Squema Seis, entre outros. Por morar no local, Itamar está sempre presente para atender o público. ;Isso faz diferença. O olho do dono engorda o boi.;

Planos ambiciosos
Aproveitando o terreno de mais de mil m; em Taguatinga, Itamar parte agora para novos rumos. Nos próximos 20 dias, inaugurará uma loja de instrumentos musicais no local. O próximo passo é abrir uma lanchonete. ;O pessoal que vem ensaiar, volta e meia, sai para comer alguma coisa. Agora, passarão a ter esse conforto aqui e, para mim, é uma oportunidade de negócio;, revela. No próximo ano, ele deve inaugurar um centro cultural composto por escolas de música, de dança e de teatro. ;Estamos em processo de construção. Teremos subsolo e outros cinco andares.;

Os filhos de Itamar, Mônica, 38 anos, Nicky e Billy, 17, começam a entrar no negócio. ;Minha filha é analista de sistemas e vai nos ajudar com o site de agendamentos de sala. Os dois meninos também pensam em trabalhar aqui, um até diz que vai estudar administração por causa disso. Minha irmã vai se aposentar e vem para cá. O apoio da minha esposa, Anita Maria, também é muito importante;, conta satisfeito. Todo o esforço pelo negócio tem um grande objetivo: ;Tem gente que vive tanto, faz tanta coisa e não deixa um legado. Eu vou deixar;, garante.

Servidor da Câmara dos Deputados por 33 anos, Itamar foi alcoólatra por 35 anos. ;Percebi que tinha que fazer alguma coisa e me ocupar para não deixar isso me destruir. Foi com o apoio da minha mulher e me engajando no negócio que consegui parar. Até por isso o nome: fênix, que ressurge das cinzas;, conta. Itamar só tem um arrependimento na empresa. ;Meu pai tinha banda e eu comecei a tocar violão novinho, sempre foi um hobby. Se eu pudesse voltar no tempo, só faria uma coisa diferente: teria aberto o negócio mais cedo, para fazer isso aqui ser muito maior;, finaliza.

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