Trabalho e Formacao

Um novo empresário

postado em 28/06/2015 11:58

Os irmãos Fernando e Lauro buscaram capacitação para abrir o negócioSegundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), 70,6% das pessoas que iniciaram um negócio no Brasil no ano passado resolveram empreender por oportunidade e não por necessidade. São profissionais que colocaram uma boa ideia em prática, muitas vezes, buscando aumento de renda e independência profissional. O dado revela que o perfil de homens e mulheres de negócios do país está mudando. O percentual dos empresários por oportunidade aumentou expressivamente desde 2010, quando, para cada empreendimento aberto por necessidade ; em casos em que o aspirante a empreendedor está desempregado e precisa arrumar um meio de sobreviver ;, outros dois eram criados por oportunidade.

Para o gerente regional no DF da consultoria empresarial EloGroup, Marcos Cunha, essa tendência é uma característica dos profissionais mais jovens e representa uma mudança no pensamento empresarial no Brasil. ;Com a maior atuação dos órgãos de fomento ao empreendedorismo, pessoas que nasceram a partir de meados dos anos 1980 passam a ver uma alternativa no mundo empresarial e não são mais condicionadas só a serem boas funcionárias;, afirma.

17,5 milhões
É o total de empresas ativas no Brasil até junho deste ano, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT)

Necessidade x Oportunidade
Marcos Cunha, gerente da consultoria EloGroup, afirma que os dois perfis principais de empreendedores são bem distintos. ;Aquele que cria por necessidade precisa do dinheiro de forma mais imediata e, geralmente, começa a trabalhar autonomamente antes de abrir uma empresa. Normalmente, o empreendedor não tem estrutura financeira e corre um risco maior de o negócio não dar certo por falta de um estudo antes de empreender. Quem abre uma empresa por oportunidade, na maior parte dos casos, é empregado e, antes de empreender, analisa o mercado e investe em capacitação. Esses fatores ajudam a diminuir os riscos de fracasso. Só isso, porém, não é garantia de sucesso. Se olharmos estatísticas do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), por exemplo, a grande maioria das empresas dura menos de dois anos;, comenta

Como eles criaram uma barbearia
;Desde os tempos de faculdade, eu queria ter meu próprio negócio. Gosto de administrar empresas;, conta o empresário e consultor administrativo Lauro Fernandes Vieira, 33 anos. Em 2008, ele e o irmão, Fernando Vieira, 36, que é economista, inauguraram a pizzaria A melhor do mundo, na Asa Norte. Em 2010, os dois decidiram trocar de ramo e abriram a Barbearia Futebol Clube, na 512 Norte. Lauro administra a loja e cuida do marketing, enquanto Fernando controla a parte financeira da empresa.

Apaixonada pelo futebol e torcedora do Flamengo, a dupla investiu pesado na temática: cada cadeira da barbearia conta com um ponto individual de tevê a cabo e videogame com jogos de futebol para o cliente se divertir enquanto corta o cabelo ou faz a barba; nas paredes, estão expostas camisas de times; e o freguês que conseguir fazer 50 embaixadinhas paga a metade do valor do corte. "É uma diversão. A última relíquia que coloquei na parede foi um ingresso da partida de Brasil e Japão na Copa", conta Fernando.

Fernando e Lauro buscaram capacitação. ;Estudamos o mercado durante quatro meses;, conta o irmão mais velho. ;Em um curso de empreendedorismo, vi que, além de ter dinheiro para abrir a empresa, era necessária uma poupança para garantir os primeiros seis meses. Só inauguramos a loja quando juntamos esse valor;, explica Fernando. O planejamento deu retorno: hoje, a loja ; que conta com três barbeiros e um gerente ; atende 1,3 mil clientes por mês, dá lucro, e os sócios conseguem tiram rendimentos mensais do negócio. O sucesso também foi revertido na expansão. A primeira franquia foi aberta em Águas Claras em junho de 2012.

Pesquise o mercado
O coordenador do MBA em empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marcus Quintella, afirma que, muitas vezes, a oportunidade é vista de maneira errada pelo empreendedor, que acaba se deixando levar pela empolgação. ;As oportunidades surgem, muitas vezes, por informações equivocadas, e poucos empreendedores fazem pesquisa de mercado. É preciso ter percepção da qualidade do próprio produto, descobrir como ele é vendido pelo concorrente e buscar formação;, diz.

Aprenda a inovar sem sair de casa
Se está difícil encontrar um tempo para fazer um curso presencial o Núcleo de Apoio à Gestão da Inovação (Nagi) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu curso on-line e gratuito sobre Gestão de inovação. Os interessados aprenderão, em 11 módulos, métodos, ferramentas e modelos para estruturar e implementar formas de atualizar e dar novos rumos ao empreendimento. Para ter acesso às aulas, basta acessar o portal do núcleo www.nagi-pro.poli.usp.br e clicar na aba Videoaulas.

Saiba planejar

A oficina Sei Planejar, oferecida pelo Sebrae, ensina o passo a passo do planejamento necessário para se adaptar às demandas do mercado e ofertar produtos e serviços de qualidade. As aulas serão ministradas na unidade do Sebrae na Asa Norte (SEPN Quadra 515, Bloco C, Lote 32), em 21 de julho, das 13h às 17h. A atividade é de graça. Inscrições e informações pelo site www.sebrae.com.br. Basta acessar a aba Sebrae nos Estados e selecionar a opção Distrito Federal. Depois, clique no link Cursos, que fica localizado na aba central da página. Outra opção é ligar para o número 0800-570-0800.

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