Gerentes, diretores, supervisores e outros tipos de chefe são responsáveis pelo desempenho de diferentes áreas de uma empresa. E o desempenho de cada departamento impactará ; direta e indiretamente ; na produtividade geral da instituição. Contar com uma liderança adequada e qualificada, pré-requisito para formar equipes de alto rendimento, é o tema da terceira reportagem do Especial Produtividade. ;A eficiência das empresas está nas mãos da liderança, que cresce com o time e faz o time crescer;, define Mari Lannes, representante da Sociedade Brasileira de Coaching em Brasília, que oferece treinamentos focados em alta performance em liderança, negócios, gestão pessoal e administração do tempo.
;O papel do líder é fazer com que tarefas sejam executadas com foco, dentro do prazo e seguindo os preceitos da companhia. Funcionários mais motivados e comprometidos trazem resultados melhores. Tornar isso possível é responsabilidade da chefia;, observa. Motivar pode ser difícil, mas não impossível. ;É preciso delegar a tarefa e não abandoná-la na mão do subordinado. Deve-se mostrar a importância daquela atividade ; que pode ser rotineira e repetitiva ; para a companhia e propor desafios. A sacada é fazer o empregado perceber que aquilo é fundamental até para a carreira dele,; recomenda Mari. Para formar uma equipe de alta performance, a coach defende que o primeiro passo é gerir a si mesmo. ;O chefe precisa administrar o próprio tempo, cumprir metas e se autoliderar para produzir resultados.;
Amadorismo
Em geral, Mari Lannes percebe um perfil pouco desenvolvido nos gestores brasileiros. ;São pessoas que saem de um estágio de executor e passam a ser líderes sem preparo ou treinamento.; Diretora de Outplacement e Assessment da consultoria Career Center, Claudia Monari observa outro problema: ;A maioria não tem noção de seu impacto na produtividade. Quem não tem visão estratégica não consegue extrair o melhor da equipe.; Ida Fernandes, professora do Institute of Business Education da Fundação Getulio Vargas (IBE-FGV), avalia que há um seleto grupo de chefes com postura diferenciada. ;Normalmente, estão em empresas de grande porte que conseguiram enxergar a necessidade de desenvolvimento de liderança. Nos empreendimentos de médio porte, temos de 5% a 10% de líderes que compreendem o que é gestão estratégica. Os demais são amadores e não entendem por que não alcançam bom nível de produtividade;, diz.
;Liderança e eficiência estão intimamente relacionadas. A primeira é essencial para ter uma equipe de alta performance. Você não precisa ter selecionado as melhores pessoas para conseguir isso. A gerência pode ; e deve ; desenvolver a equipe;, aposta Claudia Monari. Entram em jogo, então, a insegurança e o medo de ser superado. ;Muita gente tem esse pensamento tacanho. Pode acontecer de ele ser substituído por alguém melhor, mas o bom gestor sabe que, se não tem gente preparada nas bases, não crescerá;, antecipa. Afinal, a boa liderança não traz todos os resultados sozinha. ;O principal papel do chefe não é fazer o trabalho. É fazer com que o trabalho seja benfeito;, finaliza Claudia.
Gestão em tempos de crise
Para alcançar a produtividade, é claro que bater metas e gerar lucro é fundamental. No entanto, Prates reconhece que a liderança precisa levar em consideração mais que isso. ;Não desmereço a importância dos números, mas se preocupar só com eles não basta. Há líderes que se fecham em sua sala, traçam metas, mas nada acontece. É preciso fazer as pessoas se engajarem para cumprir o objetivo.; Prates acredita que o gestor ideal desenvolve equipes.
;O líder não é sinônimo dos resultados que entrega, mas, principalmente, do legado que deixar. Quem só entrega resultados, muitas vezes, massacrou a equipe; então, o resultado não valeu a pena. Quem desenvolve pessoas deixa resultados que vão continuar dando frutos depois que sair da empresa;, finaliza.
Leia
Resultado: a liderança além dos números
Editora: Integrare Business
Autor: Alexandre Prates
256 páginas / R$ 42,90
Chefes modelo
Diego Gonçalves, 37 anos, gerente de Alimentos e Bebidas, está à frente de uma equipe de 120 profissionais na rede de hotéis Windsor. A gerente de Recepção Helen Coelho, 35, comanda 35 trabalhadores. Os dois percebem que uma das melhores ferramentas para alcançar a eficiência máxima é se tornar um modelo para os subordinados.
;Fui telefonista e passei por vários cargos até chegar a esta posição. Sei fazer e ensinar todas as tarefas. Estou sempre presente e, acima de tudo, dou o exemplo;, conta Helen. Essa também é a tática de Diego, que construiu uma carreira consolidada no ramo hoteleiro. ;Chefe não pode apenas gerenciar, tem que entender o trabalho técnico.;
Responsável por todos os 275 empregados da rede hoteleira no DF, o gerente-geral Alexandre Esmeraldo justifica o método: ;Os líderes têm que estar no local apoiando e mostrando o que fazer para aumentar o rendimento;.
A gerente de Recursos Humanos Renata Guedes, 37, explica que o perfil dos chefes também é selecionado a dedo ; e aprimorado. ;Avaliamos competências antes de promover alguém a gestor. O desenvolvimento da liderança tem que ser acompanhado. Eles são os braços da empresa para fazer as diferentes áreas funcionarem;, define.
"O líder não pode falar uma coisa e fazer outra, pois é o modelo. Se marcou horário para uma reunião, deve ser o primeiro a chegar; tem que cumprir prazos e, assim, levar as pessoas a fazerem o mesmo;
Mari Lannes, coach
Palavra de especialista
A evolução da liderança
A gestão é um dos fatores para trazer eficiência. No Brasil, os chefes precisam avaliar o contexto e se adequar a um estilo de comando com mais foco em performance. Até pouco tempo, tínhamos um modelo centrado na força e no poder. O novo perfil para o qual caminhamos é o de um líder presente, dinâmico e integrador, que compartilha a liderança com os liderados e não se sente acima de ninguém. O gestor precisa conhecer a equipe e estimular as potencialidades de cada um para que produzam mais, melhor e com satisfação. Alguns passos para isso são dar feedback, celebrar as vitórias com o time e servir de exemplo (é complicado pedir superação de resultados com foco em produtividade se o chefe não cumpre as próprias metas).
Ida Fernandes, professora do Institute of Business Education ; Fundação Getulio Vargas (IBE-FGV) e especialista em gestão de pessoas, liderança e coaching executivo
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