Em setembro de 2002, Marcio Castagnaro da Silva, 45 anos, fez do sonho de ser dono de uma livraria realidade e fundou a Dom Quixote. No início, era uma distribuidora de livros no Lago Norte, que se transformou em loja. Hoje, a rede está no Aeroporto Internacional de Brasília ; Presidente Juscelino Kubitschek, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Rodoviária, no Centro Comercial Gilberto Salomão, no Conjunto Nacional, no Liberty Mall, no Águas Claras Shopping e na Quadra 301 do Sudoeste, além de ter uma distribuidora no SOF Sul. Num dia de semana, o número de compras pode ultrapassar 1 mil; e quinta, sexta e sábado são os dias mais movimentados.
A vontade de ser um empresário do ramo ;estava no sangue;: o avô de Marcio fundou a extinta rede de livrarias Sodiler, e o pai deu continuidade ao negócio e trouxe filiais para Brasília na década de 1970. ;Cresci no meio dos livros. Desde criança, amo a leitura;, conta. No que depender dele, as filhas Bruna, 23, e Yasmin, 10, seguirão o mesmo caminho. ;A mais velha está estudando administração e, vira e mexe, dá pitaco. A caçula fala que quer trabalhar com livros, e minha esposa, Tatiana Leone, ajuda muito.; Antes de virar empreendedor, Marcio construiu uma carreira no mercado. ;Trabalhei a vida toda com isso em várias livrarias. Percebi que sabia demais para estar atrás no balcão. O grande desafio não foi abrir, pois é possível conseguir muitos livros em consignação;, recorda. ;Contabilidade é meu fraco. Sofri até melhorar, mas, aprendi a administrar.;
Tendências
Para crescer, Marcio investiu na distribuição, mas, com a chegada de grandes redes a Brasília, mudou de rumo. ;Muitas empresas que não se renovaram fecharam, pois o mercado local ficou mais difícil. Nessa época, saí da distribuição e vim para o varejo.; Ele não enxerga a propagação de livros digitais como ameaça. ;Há dois anos, houve uma febre de formatos eletrônicos, mas isso não mudou absolutamente nada no negócio;, observa. Marcio acredita que o formato em papel não será abandonado, tampouco a experiência de comprar obras pessoalmente será deixada de lado. ;Continuamos dando tratamento especial aos clientes, primamos por chamar pelo nome. Os vendedores não tratam o comprador como um passante que nunca mais vai voltar. Brasília não é tão grande assim, e dá para decorar os nomes, pelo menos, dos principais frequentadores.;
Para garantir que o atendimento seja como o esperado, Marcio se dedica à gestão dos 42 funcionários e aplica testes de literatura na hora de contratar. ;O pré-requisito é adorar livros. Pode ser gente sem experiência, jovem, mas tem que ler. Senão, não vai gostar do trabalho;, avalia. Esse também é o segredo, segundo ele, do próprio sucesso. ;A paixão pelo livro é o mais importante. Se eu tivesse lojas de carro ou de roupa, estaria melhor financeiramente. Mas faço o que me dá prazer, além de trazer uma contribuição para a sociedade, com incentivo para as pessoas lerem;, diz.
Outro ingrediente para uma loja de livros bem-sucedida é a seleção dos produtos à venda. ;A Dom Quixote é diferente. Não trabalhamos só com best-sellers. Conseguimos bater metas de venda sem A culpa é das estrelas;, exemplifica. ;Entramos na boa literatura, com João Ubaldo e Guimarães, e trazemos novos autores, inclusive de Brasília. Não é qualquer coisa que entra. Nosso espaço físico é limitado e temos que ter um controle de qualidade.;
;Amo ver crianças entrando em contato com a leitura;, diz. É por isso que ele investiu na mais nova unidade da Dom Quixote, localizada no Águas Claras Shopping, que abriu as portas em
julho. ;É uma livraria para o público abaixo de 10 anos, cheia de brinquedos pedagógicos ; todos sem pilha ou bateria e com madeira reflorestada ; para tirar as crianças da televisão e do Netflix.; Para espalhar o gosto pela leitura, a livraria também promove feiras literárias, encontros com autores e outros eventos. ;A parte cultural é de extrema importância. Ficar no balcão colhendo o dinheiro não é tudo.;
"Se eu tivesse lojas de carro ou de roupa, estaria melhor financeiramente. Mas faço o que me dá prazer, além de trazer uma contribuição para a sociedade;
Na estante
Talento: a verdadeira riqueza das nações
Autor: Alfredo Assumpção
Editora: Scortecci
184 páginas
R$ 40
O que é talento? A partir desta pergunta, o autor esmiúça o que seria essa habilidade única e, a partir de dados econômicos e políticos dos países, explica como o talento é importante nesse contexto de crise. O objetivo é otimizar esse recurso, principalmente no mundo corporativo, já que, a conclusão do livro é que o talento movimenta a economia global.
Homens são analógicos, mulheres são digitais
Autor: Walter Longo
Editora: Grey Brasil
32 páginas
Disponível gratuitamente para download em www. grey.com.br/grey-content
De autoria do presidente da Grey Brasil, o livro aborda a importância de as corporações adotarem o arquétipo feminino na realidade pós-digital em que vivemos. O autor corrobora sua tese ao traçar a diferença de visão do mundo pelos gêneros, destacando as potencialidades de homens e mulheres para o desempenho de atividades e o desenvolvimento das corporações.