De acordo com a pesquisa, a média nacional seria de 2,4 semanas de férias por ano, tanto para homens quanto para mulheres. Em relação ao porte, os funcionários das maiores companhias recebem mais tempo livre do que a média nacional: 3,1 semanas desfrutadas em 12 meses. Nas organizações de médio porte, a folga gira em torno de 2,5 semanas, enquanto nas pequenas e microempresas a quantidade é de 1,9 e 1,4 semana, respectivamente. O levantamento contou com 26.459 respondentes de todo o Brasil. Do total, 65% estão empregados, e 35,9% deles são funcionários de grandes empresas (com mais de 500 funcionários).
Escolha pessoal
Murilo Caveleucci, coordenador da pesquisa, diagnostica três principais motivos que explicariam o quadro. ;Um deles é a crise, já que muitas empresas desligaram profissionais, e a carga de trabalho acabou ficando mais concentrada em poucos empregados; o acúmulo de tarefas faz com que esse profissional atrase as férias. Outro motivo pode ser reflexo de alguma insegurança, medo de sair de férias e, ao retornar, perder o emprego. O terceiro elemento é reflexo do comportamento natural do trabalhador brasileiro de mudar de emprego com alguma frequência, para ampliar o conhecimento;, afirma.
Graduada em relações internacionais, Isadora Schetinger, 21 anos, está há um ano e sete meses sem férias, sempre por mudar de emprego antes de atingir o período aquisitivo. ;Quis aproveitar ao máximo o tempo para ganhar experiência, buscando sempre mudar de área para tentar aprender coisas diferentes, e essa experiência pareceu mais importante do que tirar férias;, diz.
O preço a pagar
O publicitário Washington Luís Júnior, 25, está há três anos sem tirar férias completas. ;O maior motivo é a alta rotatividade de empregos. Entrei em um fluxo sucessivo de trocar de empregos por vagas melhores em menos de um ano;, relatou. Em julho, ele saiu por 10 dias, já que a empresa contratante pediu que ele dividisse o período de descanso para não interromper o trabalho. ;Agora que tenho férias completas para tirar, não posso, pois sou o único da minha área na empresa.;
Kelen Pompermaier Kaertesz, psicóloga com MBA em gestão estratégica de pessoas, avalia que a falta de férias se traduz em menor produtividade, já que o cansaço físico pode levar a um desgaste emocional, quando não há renovação de energias nem de pensamentos. ;O profissional que não aproveita o período de descanso está sujeito a um processo até patológico de estresse e produz menos. Enquanto consultora de carreira, indico a empresários, empreendedores e profissionais na gestão de pessoas o acordo de folga de, no mínimo, 20 dias. As férias estão relacionadas ao lazer, que gera renovação, e o profissional retorna com um novo processo de ideias depois do período;, explica.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
; Questão jurídica
Alexandre Giancoli, sócio de Giancoli, Oliveira e Chamlian Advogados Associados