Trabalho e Formacao

Entre o direito e a literatura

Depois de abrir editora, casal de juristas inaugura livraria e café na Asa Sul. O foco está em eventos culturais para até 150 pessoas e no contato próximo com a comunidade e com autores

Ana Paula Lisboa
postado em 04/10/2015 13:12

Depois de abrir editora, casal de juristas inaugura livraria e café na Asa Sul. O foco está em eventos culturais para até 150 pessoas  e no contato próximo com a comunidade e com autores

Um casal de juristas apaixonado por literatura resolveu unir os dois interesses na editora Gazeta Jurídica e, posteriormente, na livraria Le Calmon. Adriana Beltrame, 46 anos, e Petrônio Calmon, 57, se conheceram por causa do direito. ;Ele estava fazendo doutorado na USP (Universidade de São Paulo), e nos conhecemos por lá. Recebi um convite para trabalhar num instituto de direito dele aqui em Brasília, acabamos nos aproximando e nos casamos;, lembra. Quando terminou a dissertação de mestrado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Adriana publicou o material no livro Reconhecimento de sentença estrangeira. ;O envolvimento que tínhamos com professores de direito deu vontade de ter uma editora só nossa para tratar do assunto;, revela a mestra.


Foi então que, em 2012, o casal montou a Gazeta Jurídica. A movimentação do mercado editorial brasileiro acabou trazendo bons ventos para a instituição. ;Muitas empresas internacionais absorveram editoras brasileiras. Autores famosos perceberam isso e deixaram de ter aquele contato direto ; quase pessoal ; que costumavam ter com o editor. Passamos a ser muito procurados, de repente. Nosso atrativo é essa proposta de aproximação com o autor, damos total liberdade criativa. Hoje, temos mais de 70 livros publicados e tantos outros na fila para serem lançados;, comemora Adriana. O fato de os dois terem contatos com juristas de todo o Brasil também ajudou a atrair a clientela. ;Grandes autores da área são nossos amigos. Então, publicamos livros deles, de alunos deles;;, revela Petrônio.


Qualquer um pode mandar um manuscrito para a editora, mas eles publicam obras de ramos que dominam, como direito, literatura e até gastronomia. ;Não vamos lançar algo de física;, exemplifica a empresária. A rede tem um conselho editorial, presidido por Petrônio, que conta com a colaboração de professores e pesquisadores de todo o Brasil. ;Tem muito autor bom aqui precisando de espaço. Fazemos uma análise de qualidade e também de mercado. Nem todo bom livro facilita a venda. Para livros menos vendáveis usamos uma tiragem menor, especialmente em casos de teses e dissertações.;


Apesar do nome, a Gazeta Jurídica também ganhou uma vertente fora do campo do saber logo no início. ;Muitos autores da área têm um veio literário. Na primeira leva, lançamos três livros jurídicos e um não jurídico, que era um romance chamado Le Calmon.; A coincidência do título com o sobrenome de Petrônio rendeu o nome da livraria tempos depois, por sugestão do filho deles, Paulo Beltrame Calmon, 14 anos. ;Fizemos uma análise e vimos que tínhamos como trabalhar num nicho sem tanta concorrência. A distribuição para grandes livrarias é difícil, não há nenhum apoio. Então, resolvemos lançar uma livraria própria, não só para obras da nossa editora, mas para outros autores;, completa Petrônio.

Nova fase
Pensando na dificuldade de distribuição de livros de autores da capital federal, Petrônio e Adriana lançaram a livraria Le Calmon, inaugurada há cerca de um ano. ;Queríamos um contato próximo com o público;, explica a paulista. A dupla se especializou em livros infantis, juvenis, literatura fantástica e obras jurídicas. ;A nossa é quase a única livraria de rua do DF;, diz Petrônio.


;Nosso objetivo não é concorrer com as grandes redes;, esclarece ele. ;É uma livraria e um ponto cultural;, define Adriana. A programação é intensa com lançamentos, bate-papo com autores, noites de poesia e projetos especiais ; como o que comemorou os 150 anos de Alice no País das Maravilhas durante duas semanas. ;Isso tem feito com que a livraria tenha uma proximidade grande com a comunidade. O público é diversificado, mas o pessoal da vizinha é cativo. Tem evento em que recebemos 150 pessoas só numa manhã. Para os autores locais, que têm dificuldade de chegar a grandes livrarias, é muito bom. Estamos abertos para todos.; Os vendedores são graduados com conhecimento literário ou jurídico.


A administração empresarial não é um problema para a dupla, que já geriu um instituto de direito. O maior desafio foi lidar com a culinária, já que, com a livraria, foi aberto um café. ;Tive que aprender do zero;, conta Adriana. ;A proposta é que o cliente tenha liberdade de pegar um livro, subir para o café (localizado no primeiro andar) e ficar à vontade para pedir chocolate, massa, salada, chá ou que quer que seja enquanto folheia. É um ambiente agradável para isso;, defende a empresária.

Na estante


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Constituição Federal esquematizada em quadros
Autor: Gabriel Dezen Junior
Editora: Alumnus
1440 páginas
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O autor, bacharel em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, é consultor legistativo do Senado Federal na área de direito constitucional. Na obra, o consultor abrange de forma objetiva, moderna e detalhada os dispositivos constitucionais, incluindo incisos e alíneas. Para aumentar a compreensão do conjunto de leis brasileiras em vigor, o conteúdo é acompanhado por quadros explicativos e lições doutrinárias.

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