postado em 12/10/2015 18:21
;Numa época em que o cenário imobiliário de Brasília estava bombando, juntei um grupo de 10 amigos interessados em adquirir até três imóveis para deixar valorizar e revender. Não tínhamos dados sobre o mercado, então era difícil decidir o que comprar;, lembra Marcos. O problema ficou latejando na cabeça dos jovens até que, em 2012, eles colocaram o projeto no ar. Antes disso, trabalharam um ano na ideia.
A parceria da dupla é antiga e, desde cedo, envolvia empreendedorismo. Os dois estudaram juntos no Centro Educacional Sigma e abriram uma empresa, ainda no ensino médio. ;Era um negócio para tirar fotos de festas. Brincávamos que fazíamos isso apenas para entrar de graça;, revela Marcos.
As propostas
Com potencial para revolucionar o mercado imobiliário, os criadores do Urbanizo receberam uma proposta de investimento de Romero Rodrigues, fundador do Buscapé, uma das maiores empresas de internet do Brasil, vendida para a gigante sul-africana Naspers por R$ 600 milhões. O convite possibilitaria não apenas pesquisa, melhorias e atualizações na plataforma, mas também que os sócios deixassem os empregos que tinham para se dedicarem exclusivamente à invenção.
O que era para ser o pontapé para a empresa crescer se tornou um tiro pela culatra quando o apoiador decidiu deixar o projeto porque ainda não estava dando retorno, e André e Marcos tiveram que demitir os cinco funcionários que tinham. Para manter o negócio em pé, durante um ano, os dois viveram de reservas e trabalhos paralelos, se dedicaram até acharem a fórmula para a ideia gerar receita.
Depois disso, receberam uma proposta para vender a tecnologia para uma grande empresa, a argentina Navent, detentora dos maiores portais de classificados imobiliários na América Latina ; no Brasil, por exemplo, o grupo é dono no ImovelWeb e do WImoveis. Há mais de um ano, André e Marcos comandam, da capital federal, a Diretoria de Novos Produtos da companhia e estão aplicando à plataforma dela a tecnologia do Urbanizo, que está rodando no México e na Argentina. ;Ficar em Brasília foi exigência nossa. Não queríamos nos mudar para Buenos Aires, onde fica a sede da empresa, nem para São Paulo, onde ela tem escritório;, explica Marcos.
;Trabalhamos em home office. Temos reunião uma vez por semana, e viagens são ocasionais. A gente continua tocando o projeto, agora, dentro de um grupo superestruturado, que fornece um alicerce para executar o plano original com muito mais base;, revela André, que não poderia estar mais satisfeito. ;O fato de um grupo grande querer incorporar nossa ideia foi um final feliz, uma comprovação de que era uma boa ideia e de que valeu a pena não desistir.;
Apesar de não serem mais donos do Urbanizo, isso não quer dizer que eles não continuem pensando em abrir outro negócio, como conta André. ;Estou construindo um drone. É lazer, mas talvez um dia vire produto.; Marcos também mantém projetos paralelos. ;Estou começando a montar veículos elétricos e estou mexendo com impressão 3D. Tenho feito próteses de baixo custo para crianças amputadas. Um material que custaria R$ 2 mil sai por R$ 10.; Parados, eles não ficam, e resta esperar pela próxima criação desses promissores jovens brasilienses.
Aprendizado
O que não deu certo serviu para ensinar. ;A lição está relacionada a expectativas. Quando recebemos o investimento do fundador do Buscapé, ficamos deslumbrados e tiramos o foco do que realmente importava;, diz André. ;O investimento veio num momento em que ainda estávamos engatinhando. A gente podia ter esperado mais, ver se ia lucrar com o produto. Não percebemos que o que precisávamos, na época, não era de dinheiro, mas saber nos encaixar no mercado;, pondera Marcos.
;Quem vai empreender ouve muitos conselhos, e muitos deles são bobagem. Quem mais sabe do negócio é o dono. Então, extraia o melhor de dentro de você - no nosso caso era inovação e tecnologia. É possível conciliar geração de receita com o que você gosta. Também tenha autoconhecimento para saber até onde você consegue ir;, finaliza.