;É muito artesanal;, revela a chef sobre a preparação dos pratos. Ela acorda, diariamente, às 4h para cozinhar. De famíia goiana, a cozinheira seguia à risca as receitas japonesas, mas, com o tempo, passou a dar um toque pessoal aos preparos. Nos sábados, vai ao Ceasa às 4h30 para comprar os ingredientes (todos orgânicos). Além de cozinhar e de se exercitar, adora ler.
O fato de as refeições serem vendidas em casa atrai uma rede de amigos e conhecidos, mas também afasta muita gente. ;Normalmente, vem quem tem uma filosofia de vida nesse sentido. O objetivo não é o lucro aqui;, explica. Entre os clientes, está o jornalista aposentado Carlos Alberto de Almeida, que encontra na casa de Vera uma opção para se alimentar de forma saudável. ;Com a comida macrobiótica, nunca mais fui ao médico. Não tenho mais enxaquecas e, até para normalizar um cálculo renal, não tomei remédio.;
Mudança
Antes de ser chef de cozinha macrobiótica, Vera levava uma vida tumultuada. Enquanto estudava comunicação social na Universidade de Brasília (UnB), trabalhava em jornal e, à noite, frequentava festas. ;Minha vida era um caos, assim como minha alimentação;, lembra. Depois de formada, atuou como jornalista na Folha de São Paulo, no extinto Jornal do Brasil, no Jornal de Brasília e no Correio Braziliense. A rotina era estressante e se tornava ainda mais tensa por causa do período da ditadura. Como ex-marido de Vera é arquiteto e trabalhava com Oscar Niemeyer, ela acabou indo para a Argélia, onde contraiu uma virose que atrapalhava a absorção de nutrientes.
;Hoje, peso 58kg. Naquele período, cheguei a ficar com 40kg;, recorda. O então casal se mudou para Paris em busca de tratamento, mas ela saiu do hospital desenganada, com o prognóstico de que teria dois meses de vida. De volta ao Brasil, Vera buscou apoio na sogra, japonesa, e resolveu tentar um novo estilo de vida. ;A mudança não foi fácil, mas eu estava morrendo. Não foi uma opção natural;, revela. Durante uma temporada num sítio em Mariporã (SP), aproximou-se das tradições japonesas. ;Fui eliminando as bobagens.;
Para manter o novo estilo, passou a cozinhar. Quando retornou a Brasília, os pratos fizeram sucesso entre amigos, como Vitor Buaiz, governador do Espírito Santo entre 1995 e 1999. Foi por meio dele que a casa começou a se encher, nos anos 1980. ;Ele trazia muita gente, vários políticos, de Lula a Plínio de Arruda Sampaio. Quando vi, estava cozinhando para 50 pessoas por dia;, diz. ;Recebemos amigos, conhecidos e conhecidos de conhecidos;, define. Quem quiser experimentar, pode reservar um lugar pelo e-mail vera.f.viana@gmail.com ou pelo telefone (61) 3225-9699.