Trabalho e Formacao

Tema da redação do Enem é comemorado por especialistas e professores

Candidatos escreveram sobre a persistência da violência contra a mulher

Ricardo Daehn, Alessandra Oliveira - Especial para o Correio
postado em 26/10/2015 06:00
Emanuelly se baseou no cotidiano das mulheres para escrever o texto e achou o exame tranquilo

No país que amarga a sétima posição no ranking mundial de violência contra a mulher ; 15 são mortas a cada dia no Brasil ;, a escolha do tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi comemorada por especialistas e professores. Cerca de 5,8 milhões de candidatos participaram dos dois dias de exame e completaram a maratona de provas escrevendo redações sobre ;A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira;.

;Depois que planos nacionais ameaçaram retrocesso no tema, no começo do ano, o Ministério da Educação mostra que a escola não pode ignorar a sexualidade. E faz acertadamente o papel de levar aos cidadãos questionamentos importantes;, opina a antropóloga Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília (UnB). Ela se refere à retirada da palavra gênero de diversos planos locais de educação, inclusive o do Distrito Federal.

[SAIBAMAIS]Larissa Souza, supervisora de redação do Sistema Ari de Sá Cavalcante, comemorou o tema selecionado. ;Comum, viável e esperado;, observa a especialista, e acrescenta que o assunto trouxe conformidade em relação ao momento atual. O quanto vale cada opinião e argumento dos estudantes, no entanto, fica difícil de prever. A exposição de estratégias de solução para o problema da violência é o que poderia contribuir, na avaliação de Larissa. ;Apontar motivos da persistência do ato; descrever fatores que levam à condição das mulheres, apesar dos avanços governamentais, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio; além de levar em conta índices alarmantes dos casos de agressão, trariam um bom texto;, analisa a professora.

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Para alcançar a nota máxima na prova, de mil pontos, a professora acredita que o tratamento dado a entraves culturais, como o machismo, e a crítica às delegacias sem estrutura e às limitações que desencorajam denúncias devem ser pontos valorizados pelos examinadores. ;O aluno não deve ser superficial, mas mostrar um conhecimento de mundo livre de clichês. Pode avançar na proposição de solução concreta e viável;, assinala.

Para Clara Demeneck, 19 anos, a questão com a citação da autora francesa Simone de Beauvoir, na prova de sábado, foi um indicativo de que o assunto estaria presente no segundo dia. A jovem considerou o tema importante e válido para conscientizar a população. ;Ontem, cheguei a pensar em algum tema relacionado ao feminismo por causa da questão da Simone Beauvoir. No entanto, acabei desconsiderando porque as provas do Enem não são temáticas;, afirma. Essa é a terceira vez que Clara presta a prova com o objetivo de conseguir uma vaga em medicina. Ela estava acompanhada da mãe, do namorado e do cachorro de estimação, Joaquim. ;O beijo dele é para me dar sorte, assim como a presença do meu namorado e da minha mãe. Eu me sinto mais confiante este ano;, conta.

Emanuelly Lima, 15 anos, fez a avaliação para treinar os conhecimentos e foi uma das primeiras a deixar o local de prova e também não se surpreendeu com a temática proposta. ;O tema da redação não era óbvio, mas foi tranquilo de escrevê-lo. No cursinho, eles tinham colocado esse assunto em discussão;, disse. Seja por debates prévios, seja por informações da imprensa ou pelo contexto social, cada estudante deveria encontrar argumentos para discorrer sobre o assunto. ;Fiz o Enem pela primeira vez. Para a redação, mantive a calma e usei mais a minha opinião para escrever. Não me baseei em nenhuma notícia. Fui mais pelo que as mulheres vivem no dia a dia;, acrescenta o estudante Caio Alves, 19 anos.

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