Trabalho e Formacao

Alunos de medicina são presos em Goiás

Polícia Federal investiga se os quatro estudantes da PUC-GO também estão envolvidos nos exames de universidades de Brasília e Minas Gerais, além das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014

Isa Stacciarini
postado em 18/11/2015 12:40

O Inep afirma em nota não ter conhecimento de que os golpes também atingiram as provas do Enem em 2014

Uma suspeita de fraude no vestibular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) pode ter repercussões no Distrito Federal. Quatro universitários de medicina da instituição foram presos, suspeitos de burlar o último processo seletivo da universidade, em 7 de novembro. A operação, batizada como Gabarito, foi deflagrada na manhã de ontem em Goiânia. Os jovens têm entre 19 e 23 anos e estavam em casa no momento da abordagem. A Polícia Federal também apura a participação dos estudantes em processos seletivos de instituições em Brasília e Ouro Preto (MG), além das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014. O delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Jocenildo Cavalcante de Carvalho, explicou que o grupo agia para ter acesso ao conteúdo das provas. Ainda falta identificar os beneficiários e outras pessoas que faziam parte da organização criminosa.

Equipes de investigação também cumpriram mandados de busca e apreensão na residência dos suspeitos para recolherem materiais e provas do esquema criminoso. Ainda não se sabe quanto eles recebiam para participar do esquema. Os envolvidos são alunos regulares do curso de medicina e se inscreviam para participar do certame com o próprio nome. Eles faziam as provas e saíam rapidamente para passar o conteúdo a outros membros da organização que transmitiam os dados aos beneficiados.

No último vestibular da PUC-GO, os estudantes fizeram a avaliação como candidatos para os cursos de administração e zootecnia. ;Durante o vestibular a equipe de fiscalização da PUC-GO identificou comportamento estranho de um deles que levou o recorte da prova. A partir do levantamento da universidade, identificamos que, além do candidato, havia outros alunos de medicina tendo esse mesmo tipo de atitude;, contou o delegado.

Segundo o delegado, os envolvidos também participaram do Enem em 2014, mas não há como afirmar suspeita de fraude do processo nacional. Os presos foram encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal de Goiás ,para depoimento. ;Eles precisavam fazer as provas para ter acesso ao conteúdo, mas ficavam na sala durante o período mínimo necessário para poder sair e repassar as questões para outras pessoas que faziam as transmissões;, ressaltou.

A PF trabalha, agora, para identificar os beneficiários e as outras pessoas que faziam parte das fraudes. ;Não há nenhum indício de funcionários das instituições envolvidos;, afirmou.

Os suspeitos vão responder por associação criminosa e fraude em processo seletivo de interesse público, com dano à administração. Se condenados, podem pegar até oito anos de reclusão e ser penalizado com multa.

Segundo a vice-reitora da PUC-GO, Olga Ronchi, os quatro estudantes podem ser desclassificados, conforme previsto no edital. Como alunos de medicina, também podem ser penalizados. ;Se ficar comprovada a participação deles na associação para fraude, os envolvidos, serão enquadrados no regimento geral da universidade, além de poderem responder por medidas disciplinares e administrativas. Mas vamos aguardar, primeiro, a confirmação dos depoimentos;, explicou.

A professora afirma que a instituição detectou as suspeitas ainda durante o certame. ;Imediatamente a universidade nomeou equipe que fez o cruzamento de dados com uso de tecnologias da informação e chegamos a indícios de que havia um grupo se associando para tentar fraudar o processo em curso;, alegou.

Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disse não ter conhecimento de fraude envolvendo o Enem. O órgão esclareceu que participou do processo de preparação, implantação e realização do certame em parceria com a PF. ;Os envolvidos em qualquer tentativa de irregularidade no Enem serão eliminados do exame a qualquer tempo, conforme prevê o edital;, informou a nota.

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