Ao avistar uma kombi com um picolé gigante no topo, o público fica curioso e se interessa em saber do que se trata. Lá dentro, estão diversos sabores de paletas mexicanas. Na condução e à frente das vendas do Los Kactus, fica Séphora Lins, 45 anos. Cearense que vive em Brasília desde criança, ela ainda guarda forte sotaque nordestino. Também são características notáveis a garra e a simpatia. É com essas armas que ela conquista clientes desde março de 2015. Durante a semana, são de 150 a 300 a cada dia, na Asa Sul e em outros pontos do DF. Nos fins de semana, marca presença em eventos, ocasiões em que garante de 800 a mil vendas. ;Por causa do calor daqui, estamos vendendo muito bem, graças a Deus.;
Geógrafa que construiu carreira na área de marketing, ela chegou a trabalhar no Correio Braziliense e em agências de comunicação, mas largou tudo para tirar um sonho do papel. ;Empreender era uma vontade antiga. Quando meu filho e meu sobrinho, de olho na onda dos food trucks, propuseram abrir algo no ramo de picolés artesanais, eu me animei;, lembra. ;Empreender foi um divisor de águas. Já passei por ótimas empresas, mas é muito bom depender só de você. Sempre trabalhei muito e agora trabalho para mim;, comemora. O mergulho na nova atividade foi de cabeça. ;Não faz muito tempo, mas já não me vejo em um escritório. Recebi propostas, mas não volto mais. Tenho prazer em lidar com o público.;
Para dar conta de todos os papéis que precisa desempenhar, ela se desdobra. ;Sou tipo mulher maravilha: mãe, esposa, empreendedora; Negocio com fornecedor, fecho contratos, faço controle de estoque. É um desafio muito prazeroso e estou muito contente com a velocidade de crescimento do Los Kactus;, conta Séphora. Para 2016, as propostas são ambiciosas. ;Sei que estamos só começando, mas quero aumentar a frota, com boas pessoas. Afinal, não vendo só um produto, mas também uma experiência.;
O início
Em setembro de 2014, nasceu a ideia e, em março de 2015, o Los Kactus abria as portas para o público. ;Escolhi um furgão em bom estado e contratei um especialista em design para fazer o projeto. Eu queria algo mais retrô, que lembrasse a kombi do Scooby Doo. Tive a ideia de colocar um picolé gigante em cima e deu supercerto: todo mundo para e quer ver o que é. Hoje, quando mando lavar o carro e tiro ele de lá, é como se eu estivesse sem brinco;, brinca.
Antes de colocar o plano em prática, a cearense pesquisou sobre o mercado de foodtrucks e de paleterias. ;Escolhi o fornecedor a dedo (a MEX) ; que oferece picolé artesanal e sem conservantes ;, participamos de eventos para conhecer a área;, lembra. Ela procurou o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e contratou uma consultoria nutricional para a empreitada. Para custear a ideia, usou reservas, mas a microempreendedora individual diz que o investimento não foi muito alto. O período de crise não trouxe desânimo. ;O medo pode até vir, mas a vontade e a ousadia têm que ser maiores. Não dá para deixar os planos dentro da gaveta, é preciso arriscar.;
Depois de tanto esforço, não foi à toa que a Los Kactus começou fazendo sucesso. ;Estreamos em 1; de março de 2015 no evento Chefs nos Eixos. Esperava vender mil picolés, mas comercializei quase 3,5 mil;, conta com orgulho. A partir daí, não faltaram convites para participar de eventos, como o PicNik, casamentos, aniversários e festas corporativas. ;As pessoas gostam muito. Para reuniões de 100 a 200 pessoas, temos um picolé menor, para os convidados poderem provar de vários sabores;, explica.