Oscar Motomura, fundador e principal nome da Amana-key, organização de consultoria especializada em gestão, estratégia e liderança nos setores empresarial e governamental, é um executivo multidisciplinar, com experiência de mais de três décadas à frente de projetos de alta complexidade. No início da carreira, foi office-boy de uma multinacional. Depois, formou-se em administração, especializou-se em finanças, banking e administração de tecnologia e fez mestrado em psicologia social.
Aos 29 anos, saiu da empresa em que trabalhava e abriu o próprio negócio que, sete anos depois, cresceu e se tornou a Amana-key. O especialista esteve em Brasília para a palestra A gestão do futuro e o futuro da liderança em dezembro. Em entrevista ao Correio, Oscar Motomura fala sobre a experiência e sobre o programa de gestão avançada, que ele ministrará no fim de janeiro na capital.
Como você escolheu sua área de atuação?
Se a gestão não é boa e a liderança também não, os resultados não aparecem. Foi assim que, além da área de estratégia, começamos a trabalhar com administração e qualidade dos líderes. Uma equação que parece impossível exige inovações radicais, geradas por gestores.
Como está a situação do Brasil nessas áreas?
As melhores práticas estão bastante presentes em grande parte das organizações públicas e privadas brasileiras, mas ainda temos deficiências para entrar no futuro da gestão, da estratégia e da liderança. Temos muito a caminhar porque ainda estamos dentro de um velho modelo de controle mecânico, hierárquico. É por isso que os projetos de modernização, em geral, não conseguem gerar resultados excepcionais, e nossa produtividade, inclusive como nação, deixa a desejar.
Como podemos melhorar?
As empresas deveriam ser muito mais biológicas, flexíveis, empreendedoras. Além disso, precisam agir preventivamente, antecipando desafios. Se estamos atrasados nesse sentido é porque não conseguimos nos ajustar ao ambiente de rápidas e constantes mudanças em que vivemos. O sistema precisa ser recriado, num novo modelo, em que a organização seja vista como um organismo vivo, e não mais como uma máquina. Grande parte dos programas de desenvolvimento de líderes em vigor no país está obsoleta, pois está voltado a um modelo antigo, de comando e controle. Os desafios só poderão ser resolvidos com a participação do coletivo, é necessário gerar engajamento profundo.
Qual é a importância de uma qualificação para o desenvolvimento de líderes, como a que a Amana-Key
oferece, em tempos de crise?
Em nossos programas, temos debatido a situação do Brasil. A primeira atitude de um empresário deve ser a de simplesmente não se deixar levar pelo desespero da dificuldade econômica, mas olhar a situação do país como mais um desafio a ser superado. Obstáculos surgem o tempo todo, e é preciso trabalhar para que essas barreiras sejam enfrentadas, criativamente, na velocidade necessária.
A Amana-Key é uma organização de consultoria que ajuda na criação de soluções de ;casos
impossíveis;. Você pode dar um exemplo de uma solução desenvolvida?
Uma empresa que cresceu muito nos últimos 20 anos a partir do domínio da cultura de resolver equações impossíveis é o Magazine Luiza. Há 22 anos, ministramos um workshop na empresa, e apresentaram um problema difícil de ser solucionado para eles: como crescer sem dinheiro? Com muita criatividade, numa época em que nem havia internet, eles criaram lojas eletrônicas, nas quais não há produtos expostos, fazendo com que o Magazine Luiza tivesse um crescimento extraordinário. O grande problema dos impasses nas empresas é que, quando definimos previamente que não dá para resolver, eles nem vão para a mesa de decisões. Mas essas dúvidas devem ser trazidas para o debate e dribladas com criatividade. É assim que nascem inovações radicais.
Ainda em relação à desaceleração econômica, o que você propõe para o futuro da gestão e da liderança?
As várias facetas da crise estão sistemicamente interconectadas. Enquanto não conseguirmos entender as implicações sistêmicas dessa desaceleração não será possível resolver os desafios que enfrentamos. Isso significa também que o futuro será muito mais voltado à ação sistêmica. Muitos líderes não estão preparados para pensar sistemicamente, eles só conseguem focar nas próprias áreas, e isso tem levado a uma fragmentação que, longe de resolver as equações que temos, vem ajudando a tornar essas dificuldades econômicas maiores.
Capacitação
Entre 25 e 29 de janeiro, Oscar Motomura ministrará o Programa de Gestão Avançada, que terá 10 horas diárias de atividades, das 8h às 19h. A capacitação ocorrerá no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). É exigida a presença do participante em todas as atividades (incluindo o almoço). O valor total do curso é de R$ 11.800. Os interessados em participar devem se inscrever no site www.amana-key.com.br.