Por trás de um império da música na capital federal, com uma sede e oito unidades de franquia no Distrito Federal, uma em Goiânia, uma em Fortaleza, uma em Pernambuco e uma no Rio de Janeiro, está uma história de trabalho duro, sacrifícios e amor. A BSB Musical nasceu numa salinha na Asa Norte há quase 30 anos pelas mãos do então casal de namorados e hoje marido e mulher Flavio Machado, 53 anos, e Maria Auxiliadora Nassif Salomão de Oliveira, 51.
No ano passado, ele iniciou um projeto de modelo inédito: a Musiflex. Funciona como uma academia esportiva, mas destinada a quem quer aprender a tocar instrumentos musicais. Com uma mensalidade fixa, o aluno pode ficar no local quanto tempo quiser com direito a cinco cursos (violão, teclado, guitarra, bateria e canto).
Com características complementares, Flavio e Maria Auxiliadora fizeram um bom casamento. ;Eu sou de ter ideias e aplicar no ato, e minha mulher é meu freio;, brinca o proprietário. ;Ele tem uma veia empreendedora muito grande, eu sou mais cautelosa. O Flavio é muito calado, e eu sou a voz da escola;, completa a professora de música. A união rendeu, além de mais de 3 mil alunos, três filhos, que cantam muito bem, segundo a mãe.
Do chão ao topo
;Eu tocava piano e flauta desde pequena, além de cantar. O Flávio tocava guitarra num grupo, e eu fui chamada para fazer backing vocal. Ele estudava música na UnB (Universidade de Brasília) e eu, na Dulcina (Faculdade de Artes Dulcina de Moraes). Depois, a gente se apaixonou e começou a namorar;, relembra Maria Auxiliadora. Os dois davam aulas particulares de música, e Flavio resolveu unir habilidades.
;A gente não tinha dinheiro, andávamos só com a quantia do ônibus separada. Então, quando o Flavio me convidou para jantar numa pizzaria, pensei que ia me pedir em casamento. Quando cheguei lá, ele me chamou para abrir uma escola de música.; O casamento se concretizou dois anos após a abertura do negócio.
A fim de lançarem e manterem a empreitada erguida, além de darem aulas, os dois se apresentavam em bares, restaurantes e casamentos e faziam sanduíches para vender na faculdade. ;Comemos o pão que o diabo amassou, foi uma vida de sacrifício, mas faríamos tudo de novo;, garante Dodora. No primeiro ano de funcionamento, conquistaram mais de 150 aprendizes, e foi preciso mudar para um espaço maior: passaram do Bloco A ao Bloco E da 712/713 Norte, onde ficaram por 11 anos. Há 18, estão no Bloco D na mesma quadra.
;No segundo ano, tínhamos 800 matriculados. Tinha pai que achava que éramos uma seita, de tanto tempo que os filhos passavam lá;, observa o proprietário. ;Tínhamos uma pequena cozinha em que eu fazia almoço para professores e alunos, e eles ficavam o dia inteiro por lá;, completa Dodora.
Em 2001, Flavio começou a estudar um modelo de negócio que ainda estava sendo fortalecido no país: o de franquias. ;Contratei uma consultoria, fui desenvolvendo a ideia. Deu trabalho porque o formato não era fortalecido por aqui, mas fomos fazendo tudo com organização e deu certo;, observa Flavio. Recentemente, o casal interrompeu o processo de expansão por causa da crise econômica. ;Somos a última prioridade. Foram fechadas quatro franquias no Distrito Federal, uma em Goiânia e uma em Belo Horizonte. Mas ainda vamos abrir mais uma este ano.;
Novos caminhos
Depois de visitar uma academia esportiva com a intenção de se inscrever, o músico teve uma ideia brilhante e saiu empolgado para empreender. ;Nem fiz a matrícula, fui embora correndo para desenvolver aquilo ; por isso continuo com essa barriga aqui;, brinca. ;Pensei em aplicar o formato de uma academia a uma escola de música: com uma mensalidade acessível, o aluno tem direito a vários equipamentos e aulas, a qualquer hora.; A nova empreitada nasceu imitando o formato: inclusive, com catraca na entrada e fichas de treinos musicais. Depois de pesquisas, Flavio descobriu que não existe nenhuma iniciativa do tipo no mundo. ;Acompanho de longe. Foi mais uma das ideias geniais dele;, define Dodora.
;Instrumentos musicais são caríssimos, e essa foi uma forma de baratear o acesso.; Já no começo, o empresário conseguiu cinco pessoas interessadas em franquear o projeto. No entanto, decidiu se planejar melhor antes de expandir. ;Abri em julho passado e temos 370 alunos. Não fizemos nedivulgação, as pessoas vêm, se encantam e chamam outras;, conta. ;Tem gente que aproveita períodos de férias para passar o dia inteiro aqui.;