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Crise? Aqui não!

Os modelos de negócios das startups podem driblar a recessão com soluções inovadoras. A maior dificuldade é captar recursos neste período, mas quem entrar no mercado agora pode crescer bastante quando o país voltar a se desenvolver

postado em 03/04/2016 13:47

Em meio á recessão,Renato ganhou verba de R$ 15 mil ao vencer uma maratona de startups.Com o dinheiro,abrirá uma empresa de venda de camisetas para ajudar causas sociais

O momento econômico não é visto como um dos mais propícios para investir e abrir novas empresas, e muita gente se desanima com o cenário. Contudo, especialistas analisam que donos e investidores podem encarar o período como uma boa oportunidade para lançar startups ; afinal, quem começar a crescer agora tende a ser alavancado em uma trajetória de êxito quando o país se recuperar e voltar a crescer. O termo se refere a organizações inovadoras em período inicial, com custos de manutenção baixos e grande potencial de crescimento. Conseguir verba para se lançar no mercado e desenvolver a ideia estão entre as maiores dificuldades de qualquer startup e, agora, esse desafio se torna ainda maior. A característica mais importante dessas entidades é o objetivo de solucionar necessidades da sociedade. E o que não falta durante a recessão são problemas.


;Estamos no meio de um furacão. As startups precisam aproveitar seus pontos positivos ; como flexibilidade, facilidade de adaptação e modelos versáteis ; para investir no mercado, pois, com essas capacidades, é mais provável que sejam bem-sucedidas;, opina Danilo Roselli, co-fundador da Ideation, aceleradora brasileira de startups. Para Fernando Santiago, administrador de empresas e sócio-fundador da Acelere.me, aceleradora de startups, as startups têm maiores chances de sucesso em relação a negócios tradicionais. ;O custo é mais baixo, assim como as perdas;, opina. Segundo o fundador da aceleradora Startup Farm, Felipe Matos, o diferencial dessas iniciativas é oferecer para o consumidor opções mais inteligentes e econômicas de serviços e produtos, exatamente o que as pessoas procuram durante a crise. ;Setores que oferecem comodidade à clientela e têm custos menores, como a área de tecnologia, são os preferidos para o cenário atual;, aposta.

E o dinheiro?
Uma boa notícia é que existem alternativas para superar o principal desafio das startups no período: conseguir recursos para sustentar a empresa. ;A crise ainda não está afetando os investimentos nas startups;, opina Andre Ghignatti, diretor executivo da aceleradora Wow. Ele acredita que, no momento, há uma tendência de investir valores maiores em menos empresas entre as aceleradoras e os investidores-anjos (saiba mais sobre as formas de angariar fundos em Como conseguir investimento). Andre também aponta que o governo federal faz investimentos no ramo. Daniel Arcoverde e Rafael Belmonte, ambos de 26 anos, sócios da Netshow.me, plataforma de transmissões de vídeo ao vivo, receberam uma mãozinha generosa para colocar a proposta em pé. ;Batemos mais de 3 mil transmissões. No começo, a iniciativa recebeu um capital de aproximadamente R$ 1 milhão de investidores-anjo, por meio de programas de aceleração e investidores diretos;, conta Daniel. Os investidores passam a fazer parte do conselho da empresa, participam de reuniões periódicas sobre os rumos do negócio e se tornam sócios minoritários.


Caso não seja possível contar com aceleradoras, investidores-anjo ou incubadoras, é possível arranjar verbas em outras fontes. ;A solução é procurar plataformas de crowdfunding, organizações que queiram otimizar seus serviços, por meio de troca de comodidades e atividades, ou que estejam interessadas em fundir empresas para expandir o ramo de atuação;, indica Fernando Santiago. A ajuda não precisa vir, necessariamente, na forma de dinheiro. ;O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Emprasas) tem programas de capacitação interessantes. Maratonas de empreendedorismo também são ótimas oportunidades para criar networking;, adiciona Andre Ghignatti.

Crescendo entre espinhos

Em dezembro do ano passado, seis brasilienses fundaram a startup Be.cause, que vende camisetas para ajudar causas sociais. Cerca de 20% do preço de uma peça, que está com previsão de custo de R$ 85, será destinado a organizações sem fins lucrativos. ;Existe uma demanda por serviços que auxiliem entidades sem a necessidade de o público ter que dar dinheiro diretamente para elas;, percebe um dos idealizadores da empresa e publicitário Renato Amaral, 26 anos. A iniciativa conseguiu um investimento de R$ 15 mil com a aceleradora brasilense Acelere.me, ao vencer a Maratona Ignition, que arrecadou a verba por meio da plataforma de financiamento coletivo Kikante.


Os métodos mais comuns ; como aceleradoras ; não são as únicas formas de ganhar investimento. Pedro Kauffman, 32, CEO da startup Fit Anywhere, aplicativo que faz treinos físicos personalizados, evitou as aceleradoras e investidores-anjos e buscou pessoas que queriam investir. ;Entrei em contatos com amigos que eu sabia que estavam procurando um negócio para colocar capital e agregariam conhecimentos a empresa. Achei que isso seria mais fácil, e foi um tiro certeiro;, conta. Ele apresentou o projeto para colegas e, com a entrada deles, a empresa começou a crescer. ;Meus novos sócios têm uma empresa de tecnologia, então acabei ganhando também o suporte da equipe do outro negócio.;


Luiza,Fernanda e Daniela preferem crescer por conta própria e usam o lucro da startup de design de interiores para sustentar  eampliar a empresa

As designers de interiores Luiza Amaral, 33 anos, Fernanda Nasser, 46, e Daniela Cavalcante, 43, trilharam um caminho independente ao lançarem a Concretize, design de interiores. Aberta em julho do ano passado, a startup produz projetos enxutos e reaproveita o material dos clientes. ;Vi que a proposta de fazer reformas com orçamentos reduzidos e reutilizando o que o proprietário tem tinha potencial: é uma forma de atuar de forma diferente de outras empresas no mercado;, relembra Luiza. Elas não contam com investidores externos e não querem patrocinadores no momento, por causa do momento econômico delicado e das contas que teriam de ser prestadas.

Oportunidades

Confira chances para potencializar seu negócio

Aprender e crescer
O Centro Europeu lançou a Universidade das Startups (UniStart). A iniciativa é gratuita e inclui incubação e aceleração. Para participar, os interessados, de todo o Brasil, devem escrever sobre o nível de interesse na UniStart e o grau de compromisso com o programa. As inscrições começam em 9 de abril. Informações: (41) 3222-6669 ou www.centroeuropeu.com.br.


Startup Weekend Brasília

A quinta edição do Startup Weekend chega a Brasília em 29 de abril e vai até 1; de maio. Além de assistir a palestras, a proposta é que os presentes participem de uma competição de modelos de negócio, abordando o passo a passo da operação. As inscrições podem ser feitas pelo site www.sympla.com.br/startup-weekend-brasilia---abril-2016__56458, e a inscrição custa R$ 175.

Aprimoramento

Em 16 de abril, Brasília recebe o Exobase, um workshop sobre empreendedorismo e autoaprimoramento criado por uma startup americana. O evento oferece aos participantes a oportunidade de entrarem em contato com temas como tecnologias emergentes, psicologia empreendedora, filosofia, antifragilidade, lean startup, autoconfiança, perfis de personalidade e disciplina. As atividades serão realizadas no Campo Escola dos Escoteiros do Distrito Federal, localizado no SCES, Trecho 3, Lote 3 (em frente à AABB), a partir das 9h. O ingresso custa R$ 150. Informações: 3039-3419.

Como conseguir investimento

Confira as diferenças entre os métodos de apoio

Aceleradoras
Buscam ajudar empresas com potencial de crescimento a avançarem de maneira mais rápida, para que elas consigam pagar as próprias contas no menor tempo possível. A contrapartida é a participação nos lucros. Brasília ganhou sua primeira aceleradora no ano passado, a Acelere.me.

Investidores-anjo
Aplicam recursos financeiros em negócios com alto potencial de retorno, que consequentemente terão um grande impacto positivo para a sociedade. Normalmente, os investidores têm participação nos lucros ou viram sócios da empresa. Exemplos: Anjos do Brasil, Angels Club, TI Angels e C2i Anjos.

Incubadoras
Não oferecem aporte financeiro. É indicado para quem busca ajuda ao conseguir planejamento, infraestrutura e preparação. Em Brasília, há incubadoras na Universidade de Brasília (UnB), no Centro Universitário de Brasília (UniCeub), na Universidade Católica de Brasília (UCB).

Aplicações do governo e entidades
Por meio da Startup Brasil (startupbrasil.org.br), o governo federal oferece fundos para seis startups por ano. O Governo do Distrito Federal também lança editais de apoio a iniciativas inovadoras por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP/DF); informações: www.fap.df.gov.br. Outras organizações como Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVcap), Associação Brasileira de Startups, Endeavor e Finep oferecem programas similares.

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