Trabalho e Formacao

Incentivo ao serviço público

Programa espanhol capacita universitários para trabalharem com desenvolvimento social na administração federal. São oito semanas de programação com aulas nos Estados Unidos, na Espanha e no Brasil

postado em 01/05/2016 19:16

Gabriel Carvalho (à direita) com alunos de outros países na última edição do curso

Apesar do grande interesse pela administração federal por meio de concursos, por conta da estabilidade e de bons salários, são poucos os cursos que ensinam sobre as atividades em uma instituição governamental. Mais difícil ainda é capacitar pessoas para que se engajem em servir à pátria dessa maneira e, ao mesmo tempo, foquem em buscar o desenvolvimento social do país.


Pensando nisso, a Fundação Botín, criada na Espanha para promover o desenvolvimento social, elaborou, há seis anos, um programa de fortalecimento da função pública na América Latina. Ao longo de seis edições, recebeu mais de 5 mil inscrições de 500 universidades latino-americanas e capacitou 192 pessoas. Para Íñigo Sáenz de Miera, diretor-geral da Fundação Botín, a instituição acredita que a primeira condição para o desenvolvimento de uma sociedade é o bom funcionamento das organizações, especialmente as públicas.


;O objetivo do programa é responder à seguinte pergunta: o que aconteceria se mais dos melhores estudantes universitários da América Latina desenvolvessem suas profissões no serviço público? Então, ajudamos esses jovens a reforçarem suas vocações como servidores públicos;, conta Íñigo. O diretor afirma que muitos capacitados pelo projeto estão desenvolvendo iniciativas que tenham impacto nas políticas públicas e em programas sociais hoje em dia.

Entenda o programa

O curso é focado em quatro áreas principais ; conhecimento para o serviço público: quadro jurídico internacional, economia, filosofia e história; desenvolvimento das aptidões do servidor público: oratória, liderança, inteligência emocional pública e criatividade; atividades que trabalham a vocação de serviço público; e conhecimento de experiência de serviço público. Para participar, é desejável ter vontade de ingressar no funcionalismo, mas o grande diferencial é querer contribuir com projetos sociais que tenham um impacto positivo na sociedade. São oito semanas de aulas na Universidade de Brown (EUA), na Fundação Botín, nas cidades espanholas de Santander e Madri; e na Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, no Brasil. Todas as edições passam pelos três países.


Os inscritos passam por conferências, debates, fazem trabalhos em grupo, além de conferirem atividades culturais e visitarem instituições públicas para reforçarem o interesse na carreira. Eles também precisam produzir um plano de trabalho que envolva desenvolvimento social. Ao concluir o curso, os participantes se tornam parte da rede de bolsistas servidores públicos, que incluem todos que participaram da iniciativa, independente da carreira escolhida, da Fundação Botín, na qual compartilham informações, oportunidades e projetos entre si.


O programa cobre despesas de viagem, refeições, transporte dentro das atividades, alojamento, seguro de saúde e educação. Não está incluso o custo de vistos ou o deslocamento entre a casa do aluno e o aeroporto. A última edição do curso foi promovida entre outubro e novembro do ano passado, e contou com seis universitários brasileiros.

Palavra de quem foi
A estudante de administração pública da Fundação João Pinheiro Rhayssa Avila, 23 anos, afirma que participar do programa foi um divisor de águas. ;Tive que perder um semestre da faculdade, mas valeu a pena. Foi a melhor decisão da minha vida, voltei outra pessoa, bem mais dedicada. Eles dão uma motivação fora de série, sem contar os ganhos na aprendizagem de inglês e espanhol e a valorização do currículo.; Quem pensa que a programação é composta só por aulas está enganado. ;A carga horária é puxada, com pouco tempo livre, mas oferecem passeios pelas cidades e atividades físicas;, conta. ;O curso nos incentivam a devolver o que aprendemos à sociedade, e, assim que você entra no programa, tem que assinar um termo de compromisso dizendo que vai trabalhar 200 horas em algum projeto social de livre escolha.;


Estudante do quarto ano de administração pública da Fundação João Pinheiro, Arthur Cheib, 23, descreve a experiência como incrível. ;As interações foram muito proveitosas, a qualidade das aulas é impressionante, e os professores são muito bons. Eles têm um cuidado enorme com os alunos e, com certeza, essa vivência vai contribuir para minha carreira;, diz. ;Eles ensinam como a gente pode trilhar nosso caminho profissional, de acordo com os nossos gostos e ainda sim afetar a sociedade brasileira de forma positiva;, complementa.


Gabriel Carvalho, 21, sempre quis fazer um intercâmbio acadêmico e viu uma oportunidade de realizar seu desejo. ;Onde estudo, há várias opções, mas eu precisava de uma bolsa. Quando me informei mais sobre o curso, vi que me encaixava no perfil e que a proposta era interessante;, relata o estudante de direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). ;O contato com os palestrantes foi muito rico, o conteúdo e a metodologia são muito bons, além dos projetos que foram enriquecedores. Cada dia é um novo desafio;, lembra o jovem, que deseja trabalhar com mediação de conflitos. O sonho é ajudar a reformar o sistema judiciário e dar uma resposta mais eficaz aos processos judiciais à população.

Na estante

Como se inscrever

Para a 7; edição, serão selecionados 32 participantes, com vagas divididas igualmente entre homens e mulheres. As inscrições devem ser feitas pelo site www.fundacionbotin.org até 16 de junho. Para participar, é preciso ser universitário da América Latina, ter de 19 a 23 anos, contar com bom histórico acadêmico e fluência em inglês. Contam pontos experiências em associações que tenham como objetivo o desenvolvimento social. O candidato não pode se formar até a data de início do programa, em outubro. O reitor da universidade do candidato deverá endossar a candidatura.

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