Nesta época de frio, nada como um caldo para aquecer o estômago e a alma. Nesse período, o restaurante de Juraci Ferreira da Silva, 50 anos, fica ainda mais popular. O Morggana’s, localizado na QI 27 do Guará 2, no entanto, faz sucesso em qualquer época do ano. “O meu público é muito formado por servidores públicos que, à noite, voltam para casa e não querem ter trabalho preparando janta. Então, as preparações que servimos são ideais”, explica a proprietária. Apesar de o foco do estabelecimento ser noturno, a clientela é familiar. “Nosso foco não está no pessoal de balada”, acrescenta. Há seis meses, para ajudar a atravessar o período de crise, a empresária também passou a servir almoços de terça a domingo. “É uma comida bem caseira, saborosa, e tem agradado.”
A maranhense, que mora em Brasília desde os 13 anos, teve que fazer sacrifícios para abrir e manter o negócio. “Nada na minha vida foi fácil, mas o momento mais difícil foi em 2010, quando eu estava no auge, inventando várias coisas, e perdi meu marido, uma pessoa que me dava muito apoio. Foi um baque grande, mas meus funcionários e minhas filhas me ajudaram a superar, e eu não desisti”, conta. O restaurante foi aberto há 17 anos, quando Juraci largou o emprego que tinha numa concessionária para realizar um sonho: fazer de suas habilidades culinárias um negócio.
A maranhense aprendeu a cozinhar aos 5 anos, com a mãe, e sempre foi elogiada pelas preparações que fazia em casa. “Comecei vendendo refeições com meu irmão e minha cunhada. Já naquela época, passei a preparar alguns caldos para servir à noite, e isso fez muito sucesso. Depois de dois anos, fechamos. Aí eu tive a oportunidade de pegar o ponto, que fica numa esquina, e comecei a inventar uma nova forma de fazer alimentos”, lembra. A cozinheira de mão cheia resolveu apostar então num restaurante especializado em caldos, sopas e cremes. Nascia assim o Morggana’s.
Mãe de Bárbara, 25 anos, estudante de veterinária, e de Lorena Morgana, 20, Juraci aproveitou a chance para homenagear a filha mais nova ao batizar a empresa. Ambas a ajudam na empreitada. “Nos fins de semana, a mais velha vai lá me dar uma força. Já a Lorena, de um ano para cá, tem trabalhado na parte financeira e administrativa”, revela. Além do reforço familiar, Juraci conta com 16 bons funcionários que a ajudam na tarefa de receber, nos fins de semana, de 150 a 200 pessoas e, nos outros dias, de 100 a 120 clientes. Para acomodar o público, que só cresce, Juraci passou a preparar os caldos numa cozinha industrial na QI 40 do Guará 2. “Assim, pude ampliar e colocar mais mesas. Agora mesmo, também estou fazendo uma reforma para poder ter mais espaço”, observa.
Atrás do balcão
Apesar de estar na mesma função há, pelo menos, 15 anos, Juraci não tem tanto contato com o público, já que ela gosta mesmo é de cozinhar. “Os que frequentam muito me conhecem e, aliás, só me chamam de Morggana, mas o público em geral não sabe quem sou. Fico atrás do balcão, supervisionando, pondo a mão na massa mesmo. Eu não gosto muito de aparecer, fico mais no anonimato”, conta. Para ela, essa característica é um dos ingredientes para o sucesso. “Muitos empresários quebram porque não têm envolvimento com o negócio. Tem gente que monta uma pastelaria e não sabe o que é pastel, ou abre um restaurante e não faz bem nem arroz e feijão. Então, como vai comandar os outros? Acredito que o dono tem que entender da área, tem que saber fazer”, diz.
Outro diferencial das preparações de Juraci está na busca por inovação e qualidade. “Eu sempre quis fazer alimentos com arte, preparar as refeições de uma maneira diferente, e é o meu método. Eu cozinho com arte. São comidas saudáveis, caseiras. Não uso condimentos, são temperos naturais, como sal marinho. Tenho um respeito muito grande pelo cliente e pela comida”, explica. O sabor é maranhense. “Boa parte dos caldos faço como minha mãe fazia para nós. Outros, inventei. No total, tenho uma variedade de 150 tipos.”
Entre os mais populares, estão vaca atolada, canjinha com arroz integral, cremes de milho verde, de camarão, sopa de legumes, e caldo de feijão. Outros, mais exóticos, também agradam a clientela, como caldo de carneiro com leite de coco e mandioca, mocotó, e creme de abóbora com carne de sol. Além do carro-chefe do local, Juraci também oferece cuscuz marroquino, macarrões diversos, canjica, arroz doce e risotos, como o de salmão com arroz preto e o de bacalhau com arroz vermelho.