Trabalho e Formacao

Com os dois pés na inovação

Brasiliense produz 500 pares de calçados coloridos e estilizados por mês, abusando da criatividade. Ela comanda ainda um coletivo de economia colaborativa

Ana Paula Lisboa
postado em 24/07/2016 16:33

Brasiliense produz 500 pares de calçados coloridos e estilizados por mês, abusando da criatividade. Ela comanda ainda um coletivo de economia colaborativa

O que era um hobby se transformou em negócio e principal fonte de renda para Eunice Pinheiro, 52 anos. A jornalista, especializada em marketing político, enfrentava um momento de depressão quando se interessou por design. ;Eu fui fazer terapia, e me disseram para procurar outra coisa e ocupar meu tempo, assim o trabalho não seria a parte principal da minha vida. Então, comecei a estudar design de joias;, lembra. Ela fez algumas peças e percebeu que poderia produzir outro acessório muito querido no guarda-roupa feminino: o sapato. ;Apesar de não ser daquelas mulheres que têm vários pares, sempre gostei de moda.;


O primeiro curso na área foi feito em São Paulo durante as férias. Na época Eunice, trabalhava no Senado Federal, assessorando a liderança de um partido político. ;Desenhei sete modelos e encomendei com um sapateiro em Goiânia. Minhas amigas gostaram muito e compraram. Na segunda leva, foram 14 pares.; Tinha início, assim, em 2012, a marca Fulanitas de Tal, atividade que a comunicadora conciliava com o trabalho. Desde o início, cores fortes e o estilo retrô caraterizam o estilo dos adereços para os pés. Hoje, a produção da brasiliense se divide entre quatro fábricas: três no Rio Grande do Sul e uma em São Paulo.


;Goiás tem produtores capazes de fazer, mas eles não costumam ser tão profissionalizados;, percebe. Apesar de contar com unidades fabris, Eunice acompanha de perto a produção. ;Compro curtume do Nordeste e o tecido para a parte de dentro; Escolho tudo e mando para as fábricas. Eu desenho os modelos em casa, até numa fila de banco, e conto com o feedback do pessoal das indústrias;, revela a empresária, que também fica atenta a palpites de clientes. As vendas da Fulanitas de tal eram distribuídas em feiras e eventos no DF.


Ela também comercializava as peças em casa, até que, em 2014, lançou uma loja na 405 Norte, onde ficou até abril deste ano, período em que mudou para um espaço no Liberty Mall. ;O primeiro era um local pequeno. As pessoas faziam fila para entrar. Além disso, a crise penaliza mais o comércio de rua, então o convite do shopping foi muito positivo.; Eunice não revela valores, mas diz que, desde a mudança, o faturamento triplicou. Além da nova localidade, em que trabalham duas funcionárias, uma novidade é o fato de Eunice ter passado a confeccionar sapatos masculinos.


A próxima novidade à vista será um comércio on-line. ;Pessoas de fora do DF pedem pelas redes sociais (acesse em www.fulanitasdetal.com.br), aí passei a enviar. Ainda este ano, quero abrir um portal de vendas;, planeja Eunice, que deve lançar a primeira coleção de roupas da loja em setembro.

Estilo
A Fulanitas de Tal produz 500 pares de sapatos por mês. Cada modelo costuma contar com 40 unidades. ;Não costumo repetir, a não ser no caso de peças que se tornaram clássicos da casa, como o sapato Nanda ; eu sempre batizo em homenagem a alguma amiga ;, que é o nosso carro-chefe;, explica. A empreendedora conta com duas linhas principais: de couro e de veganos, feitos a partir de lona, tecido, fibras e outros materiais.


A maior parte deles é fechado, e fazem muito sucesso os sapatos estilo boneca. ;Tudo o que já tinha para ser inventado no ramo de calçados foi feito. Mesmo assim, estou sempre tentando inovar nos detalhes, com desenhos e cores diferentes. Gosto muito de fazer peça bicolor. O sapato retrô se torna contemporâneo dependendo do jeito que você compõe;, observa a criativa empresária.


;Nas lojas do ramo, é possível encontrar muita coisa parecida. É tudo muito padronizado. Isso não é receita para crescer, especialmente na crise;, garante. A vontade de inovar é um dos elementos aos quais Eunice atribui o sucesso da empreitada. ;Aqui, os clientes se surpreendem com uma produção diferenciada e que ainda é de Brasília. O público está mais consciente e valoriza o que é feito aqui, pois têm noção de que é um trabalho certinho, que não usou mão de obra infantil na China ou na Índia, como fazem algumas marcas;, afirma. A jornalista esclarece que a margem de lucro dela não é tão alta, pois o grande prazer de Eunice é ;ver os sapatos dela nos pés de pessoas nas ruas;.

Esforço
Hoje, Eunice trabalha 14 horas por dia, mas se sente muito realizada. ;Sou muito mais feliz;, conta. Tanto que não parou na marca de sapatos e lançou, no fim do ano passado, o Cria Brasília Coletivo de criadores, cuja sede é uma loja de economia colaborativa também localizada no Pier 21, em que a filha dela, de 18 anos, trabalha. Eunice gerencia o espaço, que expõe produtos de 20 produtores brasilienses joias, roupas, artes plásticas e cerâmicas. ;Os custos são rateados entre nós igualmente. Hoje, nosso faturamento bruto é de R$ 65 mil por mês, e estamos lutando para aumentar isso.; Saiba mais sobre o coletivo pelo telefone 3327-0141.

Na estante

Brasiliense produz 500 pares de calçados coloridos e estilizados por mês, abusando da criatividade. Ela comanda ainda um coletivo de economia colaborativaPequenos passos para mudar sua vida
Autor: Robeert Maurer
Editora: Sextante
160 páginas
R$ 24,90
O livro apresenta ao público o método japonês Kaizen e ensina, a partir de conselhos práticos, como usá-lo para efetuar grandes mudanças de forma suave e eficaz. A filosofia pode ser usada para alcançar diversos objetivos seja mudar de emprego, ser promovido, seja conquistar metas em outras áreas da vida ; e se baseia em dar pequenos passos no lugar de medidas raciais. A metodologia ajuda a eliminar a resistência a mudanças e permitir progressos graduais.

Brasiliense produz 500 pares de calçados coloridos e estilizados por mês, abusando da criatividade. Ela comanda ainda um coletivo de economia colaborativaCrimes contra a humanidade: do Holocausto à Primavera Árabe
Autor: Wellington Pereira Carneiro
Editora: Prismas
557 páginas
R$ 82
Indicada para advogados, bacharéis em direito, estudantes da área e outros interessados, a obra do mestre em direitos humanos internacionais pela Universidade de Oxford, aborda a evolução do conceito de crimes contra a humanidade. Discorre sobre o Tribunal Penal Internacional e não deixa de fora temas, como guerra ao terror e conflitos.

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