Mobiliar, iluminar e decorar um ambiente ; seja residencial seja comercial ; envolve mão de obra capacitada. Como não há regulamentação na área, vários profissionais se ocupam dessa missão. É possível encontar designers de interiores, técnicos em móveis, arquitetos, decoradores e ainda pessoas sem capacitação atuando no ramo. Divergências sobre o fato de uma categoria invadir ou não o mercado da outra à parte, o fato é que o DF tem uma boa clientela para a atividade. O arquiteto Eduardo Frederico Nogueira está à frente da supervisão de cursos técnicos em produção cultural e design no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-DF) e acredita no potencial de Brasília.
;A capital federal tem um mercado bom: são muitos apartamentos em locais como Águas Claras, temos shoppings especializados em móveis. Por isso, acredito que tem espaço para todos os profissionais;, observa. Larissa Cayres, coordenadora do curso de design de interiores do Centro Universitário Iesb, iniciado há nove anos, concorda. ;Há um público grande para espaços residenciais e comerciais por aqui;, analisa. ;Por um lado, ter pessoas com várias formações atuando num só nicho dificulta, por outro lado, cada capacitação tem seu diferencial;, destaca Ricardo Teles, professor de produção moveleira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB). Segundo ele, esse mercado se aquece de acordo com a construção civil. ;Quando esse setor, está em alta; o de ambientes também fica.;
João Arthur Nogueira de Rezende, professor substituto no curso de desenho industrial na Universidade de Brasília (UnB) e instrutor do curso de qualificação em design de móveis que será lançado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF) em breve, aposta que a área se expandirá ainda mais. ;O ramo está em franca acensão. Brasília não tem muito espaço para indústria pesada. Na contramão desse cenário, a indústria moveleira é muito presente;, diz.
O diretor da Terra Ambientes no DF, Murillo Claret Pedros, 28 anos, colhe os bons ventos do mercado local, mas avalia que a concorrência é muito grande. ;Há um canibalismo. Tem loja abrindo e fechando o tempo todo. Mas o que nos favorece é um trabalho benfeito e garantido há muito tempo, tanto que 80% dos clientes chegam por indicação;, diz. A empresa foi fundada pela família dele em Goiânia há três décadas e chegou a Brasília nos anos 1990. Os 18 funcionários da filial da 212 Norte ou são formados em design de interiores ou cursam formação na área. ;A diferença entre quem fez o curso ou não está na preocupação com a ergonomia;, garante. Eliane Reis, 33, é designer de interiores na empresa e vê, no briefing, uma parte importante da atividade. ;Eu procuro saber do que a pessoa gosta, se tem filho, com o que trabalha; Isso é fundamental para elaborar um projeto de acordo com as necessidades do cliente, que alie funcionalidade e beleza, otimizando espaços.; No caso projetos comerciais, a pesquisa é ainda maior pois há normas técnicas a seguir.
Estudar para atuar
O Senac-DF iniciou, em 2009, a primeira turma do curso técnico em design de interiores, com 1.120 horas de aulas. Para Eduardo Frederico Nogueira, a existência do curso técnico em design de interiores não se choca com a da graduação na área. ;Nossa formação é bastante prática. No caso de tecnólogo (nível superior), há conteúdos mais analíticos e gerenciais;, compara. Ele admite, porém, que pode existir competição. ;A concorrência aparece de forma natural, porque o técnico pode ir se capacitando. No entanto, são perfis que se complementam. Como não há um conselho que determina o que cada um pode fazer, há confusão. Quando houver regras específicas, será como o caso do enfermeiro e do técnico em enfermagem ; as duas funções coexistirão sem problemas.; Quando se trata de pessoas sem qualquer tipo de estudo atuando na área, Eduardo se posiciona de forma contrária.
No Centro Universitário Iesb, o curso de tecnólogo em design de interiores tem duração de dois anos e, segundo a coordenadora da formação, Larissa Cayres, tem abordagem teórica e prática. ;Procuramos algo muito completo: não é só um decorador ou um desenhista;, explica. ;Criar e projetar móveis é apenas um dos nichos em que esse profissional pode atuar: projetos de iluminação e vitrines de lojas também estão entre as atribuições;, revela.
Formada em direito Kenia Barros, 30 anos, se descobriu na segunda graduação: a de design de interiores. ;Minha mãe é designer e meu padrasto é engenheiro. Seria interessante abrir uma empresa e contar com a ajuda deles;, planeja. Fábio Rosemberg, 36, graduado em letras-inglês; a economista Thalita Gonçalves, 36; a bacharel em direito Mônica Luna, 26, que pensa em trabalhar com mobiliário; e a funcionária pública Walmeria Rodrigues, 52, também vislumbraram na área a chance de se realizar numa segunda carreira. Thalita acha ;interessante criar espaços bonitos e funcionais, especialmente num contexto em que as pessoas moram em lugares cada vez menores e é preciso planejar;.
Capacitação inovadora
No câmpus Samambaia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB), os alunos têm acesso a duas formações bastante diferenciados no ramo: o curso técnico subsequente em móveis, oferecido desde 2011, com dois anos de duração; e o técnico integrado em móveis, em que os participantes estudam os três anos do ensino médio concomitantemente. A primeira turma da última modalidade teve início este ano. Na primeira opção, os participantes aprendem sobre todas as etapas da produção de um móvel, envolvendo planejamento e produção, em que eles colocam a mão na massa como marceneiros. Já nas aulas integradas com o ensino médio, a turma recebe conteúdos apenas sobre a parte de criação. ;Eles conhecem o maquinário, mas não se envolvem com os cortes;, diz Fernanda Torres, coordenadora da área de produção moveleira.
De acordo com ela, um grande diferencial do IFB está nos laboratórios de qualidade, além do fato de o ensino ser gratuito. Segundo Ricardo Teles, professor no IFB, o salário de um técnico em móveis fica em torno de R$ 2,5 mil, sem contar as comissões. ;Apesar de ser uma formação prática, é bastante completa. Não é um marceneiro. Eles entram no mercado para auxiliar designers de interiores, arquitetos e outros profissionais;, informa. ;A maioria dos egressos se torna empreendedor. Existem também opções de concursos para técnico em móveis. Os que vão para iniciativa privada se inserem em empresas pequenas;, complementa Fernanda.
Abrir uma empresa foi o caminho escolhido por André de Morais, 32, que terminou o curso técnico em móveis em 2015 e, hoje, é dono do Estúdio Cedros, que por enquanto funciona em home office, mas ele planeja levar a ao Casa Park. ;Eu não era bom em desenho, mas o curso me ajudou a desenvolver essa habilidade e dominar modelagem em softwares;, comenta ele que cursa logística na Universidade Católica de Brasília (UCB).
Guilherme Alves Moreira, 16, Susanne Raphaela Guimarães e João Pedro Alves, 15, estão no primeiro ano do ensino médio no curso técnico integrado de móveis e são só elogios para a formação. ;Eu soube da formação por causa de um panfleto e estou aproveitando muito. Águas Claras, onde moro, tem muito mercado para isso, então vejo um futuro promissor;, diz João Pedro.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF) lançará em breve as primeiras turmas do curso de auxiliar em design de móveis. Graziela Cristiane de Almeida, professora dos cursos técnicos de design gráfico e multimídia na instituição, explica que a nova capacitação a ser aberta pelo Senai ;visa uma junção da marcenaria tradicional com o design de produtos, com abordagem criativa; e oferece a possibilidade de ;botar a mão na massa; em laboratórios muito completos.
Por enquanto, a instituição conta com opções na área de marcenaria. José Araújo, professor do ramo, acredita que o salário médio de um aluno formado na área é de R$ 1 mil. ;Os estudantes recebem habilidades técnicas para leitura de projetos e então elaboram processos de execução das peças de madeira;, explica. Odilio Pedroso Soares, 49 anos, terminou o curso de qualificação em marcenaria em julho de 2015 e conta que foi fácil arrumar emprego. ;Tem muita vaga. Gosto de pegar a madeira do zero e criar em cima disso minha arte;, completa ele que abriu agora uma empresa própria.
Regulamentação
Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei da Câmara 97/2015, que regulamenta o ofício de designer de interiores e assegura o exercício da função a portadores de diploma de nível superior na área. Em 15 de junho, a proposta foi encaminhada à Assessoria Técnica da Secretaria-Geral da Mesa.
Estude
Senac-DF / www.senacdf.com.br
Oferece curso técnico em design de interiores, além de formações livres. Está com matrículas abertas para Sketchup ; desenho de ambientes e objetos em 3D, introdução ao paisagismo e desenho arquitetônico.
Senai-DF
/ www.portaldaindustria.com.br Oferece cursos diversos em marcenaria. Lançará duas turmas do curso de auxiliar em design de mobiliário. A primeira começa em 29 de agosto.
IFB / www.ifb.edu.br
Oferece curso técnico subsequente em móveis e curso técnico em móveis integrado com ensino médio de graça.
Curso superior em design de interiores
Centro Universitário Iesb / www.iesb.br
Centro Universitário de Brasília (UniCeub) / www.uniceub.br
Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) / www.udf.edu.br
Centro Universitário Unieuro / www.unieuro.edu.br
Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan) / www.uniplandf.edu.br
Faculdade Anhanguera / anhanguera.com.
Universidade Paulista (Unip) / www.unip.br
Faculdade Estácio / portal.estacio.br