A piauiense Cristina Maria Rodrigues Oliveira, 65 anos, se mudou com o marido, Osmir Barros de Oliveira, 69, do Maranhão para o Distrito Federal na década de 1970, buscando melhores condições vida. Mãe de seis filhos, no início, ela não trabalhava fora para cuidar das crianças. ;Fui costureira. Depois, passei a vender roupas na Feira do Paranoá;, recorda. O negócio ganhou um endereço fixo na Quadra 9 da Avenida Paranoá em fevereiro de 1990. ;No começo, a loja era especializada em enxoval e peças infantis. Já vendi de tudo um pouco por aqui. Há 10 anos, oferecemos material para costura e artesanato. Vim para este ramo porque percebi que havia uma carência dessa área por aqui;, revela a proprietária. Foi assim que nasceu o Armarinho Filadélfia. ;A cidade mudou muito desde que abri: não tinha nem asfalto. Até hoje, somos o único especializado em material de costura no Paranoá: há outros com o nome de armarinho, mas vendem outras coisas.;
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Entre as prateleiras, é possível achar os mais variados tipos de agulhas ; de crochê, tricô e até adaptada para cegos ;, enfeites, linhas, barbantes, rendas, tecidos para patchwork e muito mais. A loja é famosa pelo preço ; mais em conta que o de muitos concorrentes no Paranoá e nas demais cidades do DF ; e pela variedade. Cristina não sabe dizer quantos itens comercializa, mas revela que o segredo para ter tanta opção é sempre procurar novidades. ;Viajo para São Paulo uma ou duas vezes por ano para caçar novos produtos. Em contato com fornecedores consigo oferecer o que o público quer.; Um caderninho de sugestões fica sempre presente na loja para que os funcionários anotem produtos que o armarinho ainda não vende e que foram procurados pela freguesia. ;Assim, vamos atrás;, conta Cristina.
Freguesia satisfeita
Clientes como Adelia Silva, 56, só têm elogios para o armarinho. ;Sempre gostei daqui porque encontro de tudo ; não preciso ficar indo em outros lugares. Além disso, o atendimento é sempre bom;, conta a dona de casa, que procura o estabelecimento quando precisa reparar peças de roupa. Cuidam do atendimento três empregados: Dannyllo Pontes, 18, um dos 12 netos de Cristina; a nora Francineide Oliveira, 28; e Wilmara de Souza, 43, que frequenta a mesma Igreja Assembleia de Deus que Cristina. Osmir, o marido dela, também ajuda fazendo entregas em residências próximas e atendendo outras necessidades da empresa. ;Eu entendo de costura, crochê, tricô; Então, sei como ajudar os clientes, dar dicas;, conta a simpática Wilmara, que trabalha na empresa há nove anos.
Dannyllo não sabe muito sobre trabalhos manuais, mas, desde criança, frequenta o armarinho. ;Sou funcionário mesmo há três meses, mas sempre fiquei por aqui. Trabalhar com parente é complicado, mas com minha avó é muito bom. Quando precisa, ela chama a minha atenção;, revela. Para cuidar da administração financeira do Armarinho Filadélfia, a piauiense conta com um contador, mas todo o controle é feito por ela mesma, que sempre trabalha no caixa da loja. ;Nunca tivemos capital de giro, mas fiz cursos do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para melhorar. O começo é mais difícil, mas, passando dos quatro anos de empresa sem quebrar, fica mais fácil continuar;, afirma a empresária. Apesar de não ter noção da quantidade de pessoas que passam pela loja diariamente, ela informa que há clientes do Paranoá, do Lago Norte, do Plano Piloto e de várias outras regiões.
O faturamento bruto mensal é da ordem de R$ 23 mil. A margem de lucro sobre cada produto varia entre 30% e 40%. ;A clientela ainda pechincha, e a gente negocia, mas tem mercadoria que não dá para negociar.; Cristina nunca investiu em propaganda e nem precisa: ;Nossa propaganda é o freguês. Quem vem aqui volta.; A fama do armarinho do Paranoá corre longe e, recentemente, o proprietário de uma tradicional rede de lojas de aviamento em Brasília fez uma proposta para comprar o Filadélfia. ;Não aceitei. Não me vejo sem trabalhar;, observa. A dica que ela deixa para quem pensa em empreender é persistir. ;Trabalho muito, mas não desisto;, afirma.