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Como alavancar os negócios no fim do ano

Apesar da previsão de menor volume de vendas perto dos períodos de Natal e ano-novo em 2016, é possível conseguir bons resultados: para conquistar o consumidor, o esforço dos empreendedores deve ser maior

postado em 04/12/2016 15:22

Proprietária de um salão, Delimar tem investido em ações promocionais

A expectativa com relação ao volume de compras no comércio no fim do ano é negativa: estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) projeta queda de 5% em comparação com o Natal de 2015. Entre as pessoas que responderam a pesquisa, 40% querem gastar menos no período neste ano. Apesar do cenário desanimador, esta é a hora de traçar estratégias para conquistar a clientela, afinal, é difícil ficar sem comprar ao menos uma lembrancinha, e há ainda pessoas dispostas a investir o 13; salário ou a remuneração conquistada em um trabalho temporário em sonhos, como reformar a casa e renovar o guarda-roupa.


;Estamos passando por um momento de recessão, em que há natural retração do consumo. No entanto, vemos empresários que se sobressaem mesmo com os consumidores dando um passo atrás;, diz Mário Rodrigues, diretor do Instituto Brasileiro de Vendas (IBVendas). O fato de as pessoas estarem mais inseguras e em busca de opções mais econômicas faz com que o público desça um degrau e procure opções mais baratas com fornecedores menores. ;Se a empresa aproveitar a oportunidade e estiver preparada para atender clientes mais exigentes, poderá se alavancar, pois a freguesia conquistada agora pode permanecer;, diz.

De acordo com o coordenador do Centro de Empreendedorismo da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Edson Barbero, o período de verão muda drasticamente a rotina do consumidor. ;Para nós do Hemisfério Sul, o Natal e o ano-novo ainda são melhores épocas porque as pessoas estão nas ruas. O momento é bom sobretudo para o comércio e serviços;. Bufês têm maiores oportunidades no período, uma vez que as pessoas estão mais propensas a confraternizar. Além disso, muita gente está mais preocupada com o visual e busca resultados em salões de beleza e centros de estética.


Quem está atenta a essa demanda é Delimar Sousa, 42 anos, proprietária do Salão Executivo, no Conjunto Nacional. Ela percebe que a busca por atendimento costuma crescer a partir de outubro. ;Mesmo com a crise, estou achando que este ano vai ser melhor;, avalia. Para dar conta do fluxo extra, revela que o estabelecimento funcionará das 7h às 22h nos dias que antecedem o Natal e o ano-novo.


Delimar teve de reforçar os estoque de produtos que utiliza para os tratamentos e notou que eles estão cerca de 30% mais caros. Para compensar esse custo e se destacar, a empresária promoverá um evento promocional. ;Estamos convidando para vir, fazer um serviço e ganhar outro. Servimos guloseimas e enfeitamos o ambiente. Vejo grande retorno nesse tipo de iniciativa.;


Vilmar Elesbão, 53, gerente de vendas da Passaredo, loja do segmento de calçados e acessórios, reforçou o estoque para atender a demanda de clientes, que pode aumentar cerca de 50% em dezembro. Em 2010, o crescimento foi de 70%. ;Acredito que essa retração tem a ver com a economia do país, que está em uma situação delicada. Por causa disso, as pessoas estão cautelosas e pesquisando mais. Para atender o fluxo que procura opções que combinem com as roupas para a véspera natalina e passagem do ano, a intenção é abrir das 9h às 23h nos dias que antecedem essas ocasiões, em vez do horário normal (das 10h às 22h).; O gerente explica que, diferentemente de anos anteriores, não contratará colaboradores temporários. ;Mantivemos o mesmo quadro. Para dar conta do serviço, fizemos um remanejamento de pessoal e escala de revezamento;, diz.

Tereza e Marcelo aumentaram o estoque de acabamentos de construção

Ajuda para os negócios

O Sebrae-DF oferece uma série de atividades pagas e gratuitas no Circuito Empreendedor para capacitar empresários. De amanhã a sexta-feira (9), a unidade do SIA recebe os cursos Técnicas de vendas para o Natal (R$ 150) e Plano de negócios (investimento: R$ 150, cada). De amanhã a sábado (10), a mesma unidade recebe o Seminário Empretec (R$ 1.000). Amanhã e terça-feira (6), das 14h às 18h, a unidade da 515 Norte recebe a oficina Plano de negócios para começar bem (R$ 50). Na terça (6), das 14h às 18h, a mesma unidade recebe a oficina gratuita Sei Empreender. Informações: www.df.sebrae.com.br.

Gerente de uma loja de calçados, Vilmar vai aumentar o horário de atendimento

Época de oportunidades
De acordo com o diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Distrito Federal (Sebrae-DF), Valdir Oliveira, o Natal é importante para o consumo por causa do hábito de presentear; no réveillon, ganha-se bastante com entretenimento e gastronomia. Já o consumo para o verão é reflexo das férias, que propiciam contratação de pacote de viagens e compra de roupas de banho. Segundo o diretor, o empreendedor fica imobilizado quando as mercadorias demoram a sair. ;O empresário deve se adaptar. É necessário conhecer o negócio para fazer um estoque correto e alocar os funcionários conforme a demanda;, orienta.


Oliveira lembra que quem pega o 13; salário quer colocar em prática algum sonho de consumo. Setores de mercado que aparentemente não têm nada a ver com o período de festas podem obter bons rendimentos. É o caso de oficina mecânica (porque as pessoas querem fazer revisão de carro antes de viajar) e lojas de material de construção (por causa dos clientes que desejam renovar a casa para o ano-novo). A JotaFrança, empresa de acabamentos de materiais de construção no Lago Sul, tem estocado produtos desde julho, prevendo aumento de consumo nos últimos meses de 2016. Segundo a arquiteta Tereza Dechichi, 50, sócia da firma, consumidores do período estão envolvidos pelo desejo de renovação. ;Com o dinheiro a mais, as pessoas podem realizar um sonho com um bem durável;, diz.


Mesmo assim, é preciso ter estratégias diferentes. ;O consumidor está mais consciente e responsável. É um momento propício para investir em peças que consomem menos água e energia, por exemplo.; O administrador Marcelo Dechichi, 52, sócio da empresa com 50 anos de mercado, acredita que a melhora no quadro econômico depende mais do proprietário do que do mercado em si. ;Quem faz a diferença somos nós, atraindo o cliente com bom atendimento e produto. O cliente está mais técnico e exigente;, pondera ele, que tem ainda, como sócio, o filho João Dechichi, 20, arquiteto.

* Estagiário sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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