Trabalho e Formacao

102 vagas na saúde

O ministério da área abriu vagas para administradores, contadores e analistas técnicos de políticas sociais para atuação em distritos indígenas distribuídos em 17 estados

Talita de Souza *
postado em 25/12/2016 15:43

Sílio se animou a fazer o concurso pelo grande número de vagas

O Ministério da Saúde busca candidatos com nível superior para atuar nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) da Secretaria Especial de Saúde Indígena. O concurso oferece 102 vagas para os cargos de administrador (34), analista técnico de políticas sociais (34) e contador (34). Entre as oportunidades, 20% são reservadas a candidatos negros e 5% para pessoas com deficiência. O posto de analista técnico de políticas sociais pode ser ocupado por pessoas com diploma de qualquer curso de nível superior. Os demais exigem certificados específicos. A remuneração inicial é de R$ 4.787,27 para administrador e contador, e de R$ 5.744,88 para analista técnico de políticas sociais.

No ato da inscrição, os interessados devem informar o cargo pretendido e o Distrito Sanitário Especial Indígena em que deseja atuar: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.

O certame avaliará os concurseiros por meio de provas objetiva e discursiva. Haverá uma segunda fase, de caráter classificatório, para os aprovados no cargo de analista técnico de políticas sociais, em que serão avaliados títulos; nessa etapa, é possível obter até 10 pontos a mais no concurso.

A prova discursiva pedirá que o candidato escreva um texto de 20 a 30 linhas, em que serão avaliados aspectos textuais (bom uso da língua portuguesa) e aspectos técnicos ; pertinência em relação ao tema. A avaliação objetiva é constituída de 50 questões de múltipla escolha com cinco opções cada, de língua portuguesa (5), raciocínio lógico (5), conhecimentos gerais (15) e conhecimentos específicos (25). Para o contador Sílio Jackson, o concurso é uma boa oportunidade. ;Eu me interessei por prestá-lo, pois tem a ver com a minha formação específica e oferece vagas significativas neste tempo de crise, em que há menos concursos;, afirma. Sílio estuda para essa seleção desde que se formou, em 2015.

Para conseguir uma vaga, separa de cinco a 10 horas por dia para a preparação, que envolve assistir a videoaulas, estudar pelo material do curso preparatório em que é aluno e resumir o que aprendeu. ;Preciso colocar no papel o que acabei de ler ou assistir, para fixar o conteúdo. Por isso, faço mapas mentais. Também respeito meu ritmo, pois a rotina fadiga. Tem dias em que só leio resumos, em outros só assisto videoaulas, mas tão empolgado quanto se estivesse assistindo a uma série;, conta. O morador de Fortaleza considera a matéria de legislação específica de saúde pública como um desafio pelo fato de nunca ter estudado nada da área. Sílio quer atuar no distrito indígena da própria cidade.

Entre os conhecimentos cobrados para quem, assim como Sílio, deseja uma vaga em contabilidade, chamam a atenção os relacionados a contabilidade geral e pública. ;A contabilidade geral traz a visão patrimonial , ou seja, controla os itens do patrimônio ativo, passivo e líquido. A contabilidade pública tem foco na visão orçamentária, com destaque para o controle de despesas e receitas com ênfase no resultado, que pode ser superavit ou deficit;, analisa o professor Claúdio Zorzo, do Gran Cursos Online. Devido a mudanças nas normas de contabilidade, o professor aconselha que o candidato estude a partir de provas atuais, as que ocorreram em 2016, de quantas bancas conseguir, assim conhecerá o contexto do assunto e como é abordado.

Apesar de os conteúdos específicos cobrados para o cargo de administrador serem comuns em seleções da área, alguns deles são novidade. É no que acredita Carlos Xavier, professor de administração e gestão do Estratégia Concursos. ;A parte de administração financeira listada no edital é, sobretudo, matemática financeira, não administração propriamente dita. Não é algo que costuma ser cobrado em provas de administrador. Pelo fato de ser algo inusitado, acredito que a banca explorará isso;, afirma. ;Outro ponto que merece atenção é o de noções de contabilidade, que também não é comum. São essas disciplinas que farão diferença, pois é provável que o número de acertos seja maior nos outros conteúdos.; Em relação a parte de saúde pública direcionada a todos os cargos, a professora Andréa Paula Severiano, do EnfConcursos, aconselha que o aluno foque nos conteúdos que mais caem nas provas da banca, o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan).

;Estude partes direcionadas, como o decreto n; 7.508/2011, que define como deve ser regido o Sistema Único de Saúde (SUS); reveja, na Lei n; 8.080/1990 ; que regula as ações e serviços de saúde em território nacional ;, as comissões intergestores de negociações e alguns artigos mais cobrados, como o 3;, o 7; e 10; que fala de consórcios e distritos; revise a Lei n; 8.142/1990 ; sobre a participação da comunidade na gestão do SUS ;, afirma. Ela orienta que candidatos ao cargo de analista se atentem à evolução do sistema de saúde do Brasil. ;Não basta conhecer os fatos históricos, é preciso saber o ano em que cada um ocorreu. É comum que o Idecan tente confundir os candidatos, por exemplo, dizendo que algo de 1900 acontece em 1800;, pontua. É preciso ainda estudar o arcabouço legal, que são as Normas Operacionais Básicas (NBA) n; 991, n; 93, n; 96, a Norma Operacional de Assistência à Saúde (Noas) de 2011. Não pode ficar de fora do estudo ainda o decreto n; 7.508/2011, a resolução n; 453/2012, o Sistema de Informações em Saúde e determinantes sociais (estabelecidos pelo Ministério da Saúde).

O que diz o edital

Concurso público do Ministério da Saúde para lotação nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas

  • Inscrições: até 5 de janeiro de 2017 pelo site www.idecan.org.br
  • Taxa: R$ 67
  • Vagas: 102 vagas
  • Salário: R$ 4,7 mil (administrador e contador) e R$ 5,7 mil (analista técnico de políticas sociais)
  • Provas: 19 de fevereiro nos turnos matutino (administrador e contador) e vespertino (analista técnico de políticas sociais)
  • Locais de prova: 27 capitais do Brasil

Passe bem / Administração

No setor público, a gestão da mudança pelas reformas administrativas deriva de agendas explícitas de reorientação política e (re)estruturação institucional em governos e organizações públicas. Uma modernização do setor público baseado no paradigma da burocracia inclui, entre outros aspectos:

a) uma gestão pública empreendedora, orientada por instrumentos de contratualização de resultados.

b) um gerenciamento público de tipo ideal weberiano, marcado pela formalidade e pelo corporativismo.

c) uma administração pública racional-legal, guiada pela impessoalidade e pela meritocracia.

d) uma administração pública anti-patrimonialista, pautada pelo sistema de patronagem.

e) uma gestão pública eficiente e tecnopolítica, organizada em aneis burocráticos e com foco relacional.


Comentário:

Uma visão burocrática é baseada em racionalidade de objetivos e meios definidos de maneira estável, em profissionalismo e rigor técnico, com meritocracia, como definido na alternativa C. Vejamos as demais:

a) Se relaciona com o modelo gerencial e não com o burocrático.

b) A burocracia não considera o corporativismo.

d) A burocracia busca superar o patrimonialismo, mas não há relação de patronagem (patrocínio).

e) A gestão pública na burocracia é técnica, e não ;tecnopolítica;.


Questão retirada da prova da Escola de Administração Fazendária (Esaf) para a Fundação Nacional do Índio (Funai) destinada ao cargo de indigenista realizada em 2016, comentada pelo professor Carlos Xavier

Gabarito: letra C

* Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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