Graduado em administração de empresas e pós-graduado em marketing e propaganda pela FAE Business School, além de mestre em gestão e estratégia empresarial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sady Bordin, 54 anos, tem se destacado ao escrever livros voltados ao desenvolvimento profissional e ao mundo dos negócios. Entre as obras do gaúcho de Porto Alegre que mora em Curitiba desde os 11 anos, estão Marketing empresarial ; 100 dicas para valorizar a imagem da sua empresa (2004) e Marketing pessoal ; Dez etapas para o sucesso (2013). O lançamento mais recente do autor que, desde 2012, é piloto na Azul, é Vencendo a crise ; 100 dicas para conseguir, manter ou trocar de emprego.
Como você passou de professor de marketing na Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) a piloto de avião na Azul?
Eu trabalhei em uma agência de propaganda, depois fui para as salas de aula e estava muito feliz. Mas resolvi seguir à risca um conselho do mestre Confúcio: faça do teu hobby um trabalho e jamais terá de trabalhar! Em 1997, larguei tudo pelo cockpit (cabine de pilotagem) de um avião (risos). Eu tinha a licença de piloto privado e, volta e meia, alugava um avião no Aeroclube de Curitiba. Em janeiro de 1998, embarquei para Fort Lauderdale, na Flórida (EUA), para tirar as licenças que faltavam para trabalhar como condutor de linha aérea. No fim daquele ano, consegui meu primeiro emprego na área, na InterBrasil Star, regional da Transbrasil.
Por que você decidiu escrever o seu mais recente livro?
No começo de abril de 2016, logo na minha primeira semana de licença não remunerada da Azul, caminhando no Parque Barigui, em Curitiba, surgiu a ideia de escrever sobre como vencer a crise econômica (note a importância do ócio criativo...). Descobri que não havia nenhuma obra assim no mercado. Falei com a minha editora, que topou na hora, e, em três meses, o material estava na caixa de mensagem da Record, responsável pela publicação.
A partir de quais experiências você elaborou as dicas?
Eu fiz muita busca pela internet, jornais e livros. Além disso, minha capacitação foi fundamentada na minha formação acadêmica, na minha trajetória como empregado e como empregador e, finalmente, com base nas pesquisas e entrevistas com pessoal de recursos humanos. Eu tive a oportunidade de estar dos dois lados da mesa: o do contratante e o do candidato. Vivenciei, na pele, esses dois mundos. O de quem é obrigado a escolher um, entre vários pretendentes ao cargo, com currículos muito parecidos, e o de disputar com várias pessoas uma vaga. Observei atentamente o motivo pelo qual alguns candidatos morriam na praia, mesmo com boa capacitação.
O livro tem alguma orientação que você considera difícil de seguir? Por quê?
Sim. Foco, dedicação e determinação são ingredientes fundamentais para qualquer empreitada na vida. Vince Lombardi (1913-1970), o maior técnico norte-americano de beisebol de todos os tempos, dizia o seguinte: todos querem vencer, mas poucos se preparam para vencer. Conseguir um emprego não é tão difícil, mas fazer a lição de casa para conquistá-lo requer muita força de vontade, o que nem todo mundo tem.
Qual das 100 dicas você considera a mais relevante?
Não posso apontar uma só. Mas basta seguir a receita do bolo, que, muito resumidamente, é: um bom currículo, um bom visual e um bom astral. Ninguém suporta uma pessoa chata, mesmo que ela tenha um Prêmio Nobel.
Que dica pode ser colocada em prática por todos os profissionais?
Autenticidade: você pode enganar os outros a sua volta, mas nunca a si mesmo. Não trabalhe apenas por dinheiro; busque satisfação. Faça o que lhe dá prazer, mesmo se for para ganhar menos. Não procure um emprego, mas uma carreira.
Como um profissional imerso uma das piores crises financeiras do país pode se manter motivado a buscar
uma oportunidade?
Primeiro, sugiro que assista ao filme À procura da felicidade (2006), com Will Smith no papel principal. É uma aula de motivação. Depois, faça a lição de casa, ou seja, seguir as dicas do livro. Em terceiro lugar, não dê bola para estatísticas de desemprego, pois um candidato precisa apenas vencer os demais numa seleção. Uma história pode ilustrar isso: dois executivos participam de um safari na África quando se deparam com um leão. Um deles começa, imediatamente, a tirar os sapatos. O outro, sem entender nada, pergunta o porquê. O primeiro responde que é para correr mais rápido. O segundo questiona se ele acha que correrá mais rápido que o leão. Ao que o executivo descalço responde: ;eu não tenho que correr mais rápido que o leão; tenho apenas que correr mais rápido do que você!”
Procurar emprego é o melhor a se fazer na crise?
Se a pessoa tem condições financeiras e está desempregada, recomendo que pare de procurar emprego e busque uma especialização no exterior, para valorizar o currículo. Se tem que trabalhar para pagar as contas, deve fazer a lição de casa corretamente, pois só precisa ser um pouco melhor do que os demais candidatos para conseguir.
Numa seleção, o que pode ser considerado como diferencial?
A paixão, o brilho nos olhos, o interesse pela vaga. Além disso, a demonstração de conhecimento sobre a empresa e a história dela. É aquele sujeito que não toca no assunto do salário, mas que quer saber da função, do cargo, dos desafios, do plano de carreira.
Em tempos de crise, muita gente fica com medo de perder o emprego. O que fazer para
se tornar fundamental na mpresa e se manter trabalhando?
É imprescindível andar na linha (evitar faltar, se atrasar, não cumprir prazos) e se oferecer para executar outras tarefas além das previstas. Apresente ideias para aumentar o faturamento e reduzir as despesas.
Considerando a atual situação econômica do país, é muito arriscado tentar trocar de posto?
Não vejo a crise como impedimento para isso. A única ponderação é que, provavelmente, o salário no novo trabalho será menor do que no atual.
Por que a insatisfação com o trabalho é tão comum?
Aí temos um problema de origem: o jovem, na ânsia de arrumar um trabalho ou por influência da família, acaba não entrando numa área pela qual seja apaixonado. Isso é um grande erro! Mas acontece na maioria dos casos e compromete a realização das pessoas.
Leia
Vencendo a crise ; 100 dicas para conseguir, manter ou trocar de emprego
Autor: Sady Bordin; Editora: Record; 220 páginas; R$ 27,90
BOX
10 armas para vencer a crise
Sady Bordin elaborou dicas exclusivas aos leitores do Correio Braziliense nesta época de incertezas
1) Mantenha a autoestima em alta
Walt Disney foi demitido do primeiro emprego porque o chefe achou que ele não tinha nenhuma criatividade. Ainda bem que o produtor cinematográfico não deu bola para aquela opinião.
2) Faça um inventário da sua situação
Idade, grau de escolaridade, habilidades, competências, experiência etc. Antes de definir onde se quer chegar, descubra onde você está no momento.
3) Cuide da aparência
Vista-se bem e cuide da sua imagem, mesmo quando você não estiver trabalhando, pois quem você menos espera pode lhe fazer uma proposta de trabalho.
4) Mova-se
Não fique sem fazer nada nenhum dia sequer. Inscreva-se em cursos de idiomas, informática, especialização etc.
5) Procure informação
Leia muito para descobrir os setores e as cidades que estão contratando mais no momento, pois o emprego dos sonhos pode estar a milhares de quilômetros de distância.
6) Seja cuidadoso
Capriche na elaboração do currículo. Não mande para nenhum empregador antes de pedir a opinião de outra pessoa.
7) Seja seletivo
Não envie solicitações de emprego para todo mundo, mas apenas paras as vagas que são compatíveis com o seu perfil.
8) Mantenha bons contatos
Invista em sua rede de relacionamentos, mas sem pedir trabalho. Isso é constrangedor. Peça apenas dicas de quem poderia, eventualmente, se interessar pelas suas habilidades profissionais.
9) Cuide-se
Trate com carinho e responsabilidade sua saúde, pois o que você menos precisa é ficar doente na véspera de uma importante entrevista de emprego. Coma corretamente, pratique atividade física regularmente e procure dormir o necessário para manter o sistema imunológico fortalecido.
10) Prepare-se com antecedência
Não vá a uma entrevista sem antes fazer uma simulação com algum parente ou amigo. Vá preparado para não colocar tudo a perder por causa de uma resposta inapropriada. Diz um ditado indígena que palavra dita é como flecha disparada: não volta nunca mais.
* Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa