Saborear sobremesas, tortas e bolos pode parecer um prazer corriqueiro, mas, para pessoas com algum tipo de intolerância alimentar, não é algo tão simples. Foi pensando nesse grupo de consumidores que Inaiá Sant;Ana, 36 anos, abriu a Quitutices, confeitaria na 216 Sul apenas com produtos sem glúten e sem leite. A procura foi tanta que, no primeiro mês, os rendimentos foram suficientes para pagar todos os custos do negócio. De lá para cá, o faturamento dobrou. A cada mês, Inaiá retira um pró-labore, e o restante dos lucros é reinvestido na loja. ;É um mercado carente de bons produtos e com grande demanda;, explica a proprietária. Tortas e bolos de diversos sabores, biscoitos e pavês são alguns dos itens do cardápio. Os queridinhos são o brigadeiro, o brownie de chocolate e o cookie de chocolate com quinoa. Por fim de semana, o negócio recebe cerca de 15 encomendas de bolos. A loja atende de 50 a 80 pessoas por dia.
;Não são produtos light, diet ou low carb, mas não levam açúcar refinado nem farinha branca. Uso quinoa e linhaça em várias das preparações;, observa. Além de atenderem pessoas com restrições alimentares, os quitutes são feitos da maneira mais artesanal possível. ;Faço meu próprio chantili, uso chocolate belga e açúcar demerara. A maioria dos produtos leva ovo, e usamos apenas leites de origem vegetal;, diz. Inaiá conta com uma equipe de seis empregados, uma nutricionista e uma consultoria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Entre os desafios do empreendimento está o fato de a empresa estar se consolidando, pois ainda não completou um ano. Outra dificuldade é lidar com a gestão financeira. ;Quem faz essa parte é meu marido. Eu fico a cargo da criação e da execução das receitas, além da supervisão dos funcionários;, revela a chef.
;Três coisas fizeram minha proposta dar certo: persistência para conseguir chegar às melhores receitas e sabores, responsabilidade ao atender um público com restrições graves e paixão. Trabalhei na iniciativa privada e em órgão público e posso dizer que ter um negócio é bem diferente;, afirma. ;Sempre me esforcei muito, mas, na minha empresa, não me dedico só por obrigação: é mais prazeroso. Além disso, não tenho que dar satisfação para chefe e conto com certa flexibilidade;, comemora. ;A loja abre às 10h, mas, às 8h estou lá e saio por volta das 20h. Só deixo o local para levar minha filha à natação;, diz. - ;Três coisas fizeram minha proposta dar certo: persistência para conseguir chegar às melhores receitas e sabores, responsabilidade ao atender um público com restrições graves e paixão. Trabalhei na iniciativa privada e em órgão público e posso dizer que ter um negócio é bem diferente;, afirma. ;Sempre me esforcei muito, mas, na minha empresa, não me dedico só por obrigação: é mais prazeroso. Além disso, não tenho que dar satisfação para chefe e conto com certa flexibilidade;, comemora. ;A loja abre às 10h, mas, às 8h estou lá e saio por volta das 20h. Só deixo o local para levar minha filha à natação;, diz.
Reestruturação
;No início, tive que mudar rapidamente de rumo porque a loja não era para ser o que é hoje. O objetivo era atender pedidos de encomenda, ter alguns produtos para pronta entrega e oferecer cursos (algo que ainda faço). Tanto que, no começo, eu nem oferecia café. Só que, na primeira semana, as pessoas vinham, sentavam, queriam ficar, conversar. Inclusive, conheço a história e fiquei amiga de várias clientes;, conta. Assim, Inaiá passou a oferecer fatias de torta, salgados, bolo do dia e opções de bebidas, como cappuccino à base de leite de castanha de caju.
Experimentações
Graduada em relações públicas, publicitária e pós-graduada em marketing, Inaiá trabalhou por 15 anos numa rede de usinas de cana-de-açúcar em Ribeirão Preto. Nessa época, conheceu o marido, um engenheiro de alimentos brasiliense. Paulista de Santa Fé do Sul, ela veio morar em Brasília em 2009, depois do casamento. Até 2014, trabalhou na Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) num cargo comissionado. ;Eu sempre tive uma alimentação saudável e, quando minha filha nasceu, em 2011, quis oferecer isso a ela. Quando ela era menor, não tomava leite porque passava mal, então comecei a procurar maneiras de oferecer comidas gostosas sem esse ingrediente;, conta. ;Depois que saí do trabalho na Previc, passei a ter mais tempo para testar receitas. Meu marido foi a maior cobaia, provando tudo;, brinca.
;Não sou daquelas que sabe cozinhar desde pequena, aprendi quando precisei morar sozinha para fazer faculdade. Fui descobrindo essa paixão aos poucos;, revela ela, que fez cursos livres de culinária e é aluna de gastronomia no Centro Universitário Iesb, mas trancou o curso, por enquanto, para ter mais tempo para a confeitaria. ;A faculdade é muito focada em cozinha tradicional, então descobria como fazer doces sem glúten e sem lactose sozinha, testando, jogando muita coisa fora até chegar à textura e ao sabor perfeitos.;
O que era para ser só para a família começou a ser procurado por amigos e conhecidos em forma de encomendas, que chegavam por meio de indicação e de contatos no Facebook (www.facebook.com/quitutices.bsb) e no Instagram (@quitutices). ;Fiquei dois anos produzindo em casa, mas a demanda cresceu muito, passei a recusar pedidos e vi que era a hora de abrir um espaço;, recorda. ;Existiam outras casas que ofereciam produtos sem glúten e sem leite no DF, mas nenhuma com a proposta que eu trouxe: um espaço exclusivo para isso, seguro, limpo, sem risco de contaminação. Assim, não tem como chegar traço de leite ou de qualquer coisa indevida ao cliente;, garante.