Trabalho e Formacao

Desenvolvedores de apps

Eles largaram bons empregos pelo sonho de ter um negócio próprio. Conheça a história de dois engenheiros da computação que abriram uma empresa de soluções digitais

Ana Paula Lisboa
postado em 16/04/2017 14:12

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Os engenheiros da computação Thamer Hatem, 27 anos, e Luigi Pedroni, 27, trilhavam carreiras promissoras em suas áreas de formação quando decidiram enfrentar juntos o desafio de abrir um negócio. Nascia assim a Happe Soluções em Tecnologia (saiba mais em happe.mobi). Thamer pediu demissão do emprego como consultor na Módulo Security logo de cara. Já Luigi conciliou as atividades de gerente de Tecnologia da Informação no Grupo Afinidade, de seguros e planos de saúde, por um tempo. ;Eu sempre soube que queria ter uma empresa, mas meu salário era bem alto e não era fácil largar;, comenta Luigi. ;A nossa área, de tecnologia, paga muito bem. Então, no início de um negócio, é difícil ganhar mais ou o mesmo que como empregado. É preciso controlar bem as contas até o negócio alavancar;, pondera Thamer. Com sede na QI 9 do Lago Sul, a empresa desenvolve soluções, plataformas e aplicativos para computadores, internet e dispositivos móveis, além de prestar consultorias e executar integração entre sistemas de informação. A firma não tem funcionários fixos, mas conta com um quadro de seis colabores freelancers que são chamados para executar projetos de tempos em tempos.


Os microempresários começaram a se dedicar ao projeto em novembro de 2014 e, em março de 2015, a empreitada foi formalizada juridicamente. ;Estamos bem satisfeitos com os avanços até aqui. Há cerca de um ano e meio, os rendimentos cobrem todos os custos;, comemora Thamer. ;Não temos do que reclamar. O que ganhamos hoje é reinvestido na empresa para poder crescer mais;, completa Luigi. Entre os fatores que contribuem para o sucesso, os sócios citam o fato de ambos terem uma boa reputação. ;O bom desempenho nas empresas pelas quais passamos foi muito importante. O resultado disso é que nunca fomos atrás de clientes: todos chegaram por indicação. Além disso, nunca faltou trabalho;, revela o curitibano. A qualidade é outro ingrediente essencial. ;Nosso nome está em jogo. Não deixamos nada malfeito;, completa Thamer. O fato de a sociedade ser embasada numa relação de amizade e respeito também ajuda o negócio a dar certo. ;Numa hora eu cedo, em outra, ele. Como não somos muito cabeça-dura, funciona;, diz o roraimense. Além disso, os amigos têm perfis que consideram complementares: Thamer é mais estudioso e Luigi, mais prático.

Eles largaram bons empregos pelo sonho de ter um negócio próprio. Conheça a história de dois engenheiros da computação que abriram uma empresa de soluções digitais

Semente empreendedora
Os sócios estudaram no Centro Universitário Iesb, onde se conheceram ao participar de um projeto da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para fomentar a curiosidade por engenharias no ensino médio e, desde aquela época, falavam sobre abrir uma empresa. Os planos ganharam força quando os dois começaram a trabalhar em empresas com sede no Brasília Shopping. ;A gente almoçava junto e conversava sobre isso todo os dias;, conta Luigi. As diferenças percebidas entre a rotina de empregado e a de empreendedor são muitas. ;Quando você é o dono, tem muito mais responsabilidades. Não tem sábado, não tem domingo, não tem feriado: todo dia é dia de trabalho. Nossa jornada é de cerca de 10 horas diárias;, observa Thamer. ;Aqui a gente faz de tudo: RH, marketing, administração financeira;, compara Luigi. No entanto, os pontos positivos compensam. ;É satisfatório saber que tudo que fizermos além será nosso;, comenta Thamer. ;Todo o esforço e todo erro voltam para nós, então cada dia é um aprendizado. Além disso, é muito bom ter liberdade para aplicar nossas ideias;, completa Luigi.


Mudança de rota
Quando começaram a trabalhar na Happe, os colegas apostaram, primeiramente, em idealizar e desenvolver produtos digitais. ;Saímos fazendo vários para ver se um deles dava certo. No primeiro mês, bolamos o Happe Timer (aplicativo para controlar horas de trabalho) e o colocamos no mercado. Mas percebemos que chegar ao público não é tão simples assim;, lembra Thamer. ;Saiu daí nossa primeira lição: a gente sabe desenvolver, mas não vender;, diz Luigi. A partir daí, eles se deram conta da importância de investir em design, marketing, marca e logo. Depois disso, Thamer e Luigi passaram a desenvolver soluções a partir de demandas de clientes e as experiências também serviram para ensinar. ;Uma pessoa nos fez a proposta de criarmos a parte tecnológica de um sistema de compensação previdenciária. Achamos que ficaríamos milionários com aquilo. Fizemos apenas um acordo verbal e não deu certo;, conta Luigi. ;Aprendemos que precisamos sempre fazer um contrato e prever a divisão dos custos. Outra conclusão é a de que não faz sentido entrarmos com nosso trabalho em algo sem uma contrapartida;, alerta Thamer. ;É preciso ter respeito e valorizar o próprio trabalho.;


Hoje, o portfólio deles é composto por serviços prestados a clientes ; como o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), para o qual desenvolveram um aplicativo que mapeou as feiras orgânicas no país ; e por aplicativos próprios ou em parcerias ainda em desenvolvimento. Entre as ideias estão Yo (que facilitará o gerenciamento do trabalho de personal trainers), Meio de Campo (que permitirá reservar quadras de futebol em clubes da capital federal) e Menu.Go (que insere gamificação na experiência de clientes de restaurantes). O braço social da Happe, da qual os sócios falam com brilho nos olhos, é o projeto Escola Digital, que consiste em uma ferramenta de educação a distância para alunos de escolas públicas. Por enquanto é apenas uma ideia, mas pretende ajudar a sanar lacunas do ensino e servir de apoio aos estudantes, por exemplo, em períodos de greve. Um dos indícios da consistência da proposta é o fato de ela ter sido escolhida por meio de um edital da Fundação de Apoio a Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) para ganhar R$ 150 mil de investimento. ;É isso que garantirá o pontapé para aplicar a proposta, mas é um projeto caro: precisaríamos de mais de R$ 1 milhão para viabilizar o aplicativo. Então, ainda vamos correr atrás disso;, conta Thamer.

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