Trabalho e Formacao

De auxiliar de cozinha a empresário

Ele trabalhou numa rede de restaurantes onde foi promovido até se tornar gerente. Por fim, largou tudo para abrir o próprio negócio: uma hamburgueria com duas unidades em Águas Claras

Ana Paula Lisboa
postado em 04/06/2017 13:46

Ele trabalhou numa rede de restaurantes onde foi promovido até se tornar gerente. Por fim, largou tudo para abrir o próprio negócio: uma hamburgueria com duas unidades em Águas Claras

José Antonio Moreira, 41 anos, vive em Brasília há 18. Ele passou metade desse tempo trabalhando nas redes de restaurantes Marietta e Marvin e o restante gerindo o próprio negócio. ;Comecei como auxiliar de cozinha, depois fui promovido para atendente, caixa, subgerente e, por fim, gerente;, lembra. O que faltou em estudos (ele estudou até o segundo ano do ensino médio) sobrou em aprendizado por meio da prática e de treinamentos de que participou ao longo da carreira. ;Acho que progredi e fui promovido muitas vezes porque meu objetivo era o crescimento profissional. Sempre trabalhei com o critério de que vale mais a pena manter a porta aberta onde estou do que esperar o emprego dos sonhos, então sempre fiz meu melhor;, conta. A migração para o empreendedorismo veio por querer outra via de continuar crescendo.

;A função de gerente envolvia muita responsabilidade: eu estava estressado, tinha pouco tempo para a família e minha então esposa recomendou que eu fizesse terapia;, relata ele, hoje divorciado e pai de dois filhos, de 19 e 13 anos. Na recepção, ao aguardar o atendimento para a terceira sessão num consultório de psicologia, José Antonio folheou uma revista e viu uma reportagem sobre a pimenta-cumarim. ;Foi o ;clique; que faltava para me desligar da empresa e montar o meu negócio;, revela. A partir daí, nasceu a ideia para abrir a Cumarim Burger Grill. Poucos meses depois, ele pediu demissão e usou a experiência no ramo gastronômico para botar o projeto em prática. ;Minha ideia era oferecer um produto intermediário, com alta qualidade, mas preço acessível, para poder puxar clientes de classes diferentes;, revela.

A ideia era abrir um espaço no Plano Piloto, mas, sem avalista, José Antonio só conseguiu alugar uma loja de 25m; em Águas Claras, onde tudo começou. Hoje, a rede é composta por duas unidades de 250m; cada uma na cidade: na Rua Manacá e na Rua 33/34 Norte. A primeira atende 9 mil clientes por mês e a segunda, 7,5 mil. O próximo passo é abrir uma loja no Plano Piloto, na 204 Sul, ainda este ano. ;Será um espaço de mais de 400m;, mas ainda não temos data de inauguração;, explica. A expansão é demandada pela própria freguesia. ;Existe uma cobrança boa;, comemora. O negócio tem 55 funcionários e é classificado como empresa de pequeno porte (categoria com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões. ;Pode ser que a gente se desenquadre este ano;, prevê.
Especialidade da casa

As lanchonetes servem sanduíches (com preços que variam de R$ 19,10 a R$ 43,70) e grelhados. Da primeira categoria, o campeão de vendas é o X Brasil, que leva ovo, bacon, hambúrguer da casa, maionese, molho barbecue, muçarela e vem acompanhado de batata frita e molho cumarim (levemente apimentado). Na segunda, um prato que se destaca é o Franguinho Grill. Para garantir a qualidade e a suculência dos hambúrgueres, José Antonio montou um açougue próprio.

Sacrifícios
Goiano de Carmo do Rio Verde, José Antonio veio para Brasília tentar a sorte. ;Na época, eu tinha tomado prejuízo grande com plantação de tomate, fiquei cheio de dívidas, meu pai vendeu um terreno para me ajudar;, lembra. Ele ficou hospedado na casa de um amigo com o seguinte propósito: se conseguisse emprego em uma semana ficaria na capital federal, caso contrário, voltaria para Goiás. ;Vim na segunda e, no sábado, me chamaram para uma vaga numa padaria. Meu primeiro contracheque foi de R$ 194;, lembra. Pouco tempo depois, foi selecionado para trabalhar na rede Marietta. Para dar conta de pagar o aluguel de um quartinho e se manter, precisou fazer sacrifícios.

;Houve um tempo em que meu almoço era só leite com café e pão. Foi o jeito que achei para gastar menos;, lembra. Outro momento difícil foi a perda dos pais. ;Eles não me viram abrir meu negócio. Tudo o que faço é dedicado a eles e a Deus, pois foram os primeiros a acreditar em mim.; A conclusão é que todo o esforço valeu a pena. ;Estou muito satisfeito. Sou muito grato, inclusive, pela minha equipe. Tenho pessoas muito boas ao meu lado, que estão dispostas a viver esse sonho comigo. Meu gerente, por exemplo, está aqui desde o primeiro dia;, elogia.

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