A Marinha do Brasil está com concurso público aberto para o cargo de docente de nível superior. As 21 vagas são para atuação no Rio de Janeiro e em Belém. Os salários variam de R$ 4.864,98 a R$ 9.585,67, dependendo do tipo de titulação do profissional. As oportunidades são para doutores das seguintes áreas de conhecimento: defesa / direito internacional, defesa / economia de defesa e indústria de defesa, defesa / política internacional, ciências naturais, física, letras, engenharia cartográfica, engenharia elétrica, engenharia de controle, administração, controle e automação, eletrônica, eletricidade, história, matemática, relações internacionais e telecomunicações. Os docentes aprovados devem ministrar aulas nos centros de Instrução Almirante Graça Aranha, de Instrução Almirante Wandenkolk, de Instrução Almirante Braz de Aguiar, Diretoria de Hidrografia e Navegação, Escola de Guerra Naval e Escola Naval.
A avaliação é composta de três etapas. A prova escrita de conhecimentos específicos, com duração de quatro horas, composta de, no máximo, duas questões formuladas sobre cada um dos dois assuntos sorteados. Antes de iniciar a prova, o candidato terá uma hora para consultas a obras, trabalhos publicados e anotações pessoais. Em seguida, será aplicada a avaliação didática. Nessa etapa, só participam candidatos que não foram eliminados na prova escrita. O exame prevê uma aula ministrada pelo candidato e avaliada pela banca examinadora, com duração de 50 minutos. A última etapa será a análise de títulos, em que são verificados os seguintes itens: documentos entregues, pesquisas de extensão, experiência profissional, entre outros.
Por dentro das dicas
Para se preparar, é sempre bom se ligar nas dicas de quem tem experiência com o tipo de prova dos certames da Marinha. Diego Nolasco, professor de física da Universidade Católica de Brasília (UCB) há nove anos e pós-doutor pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, dá palpites para o certame. ;O edital prevê o conteúdo de física básica: mecânica, termodinâmica, eletromagnetismo e tópicos de física moderna. Acredito que o grande diferencial não será apontado pela prova escrita, mas, sim, pela parte didática e de títulos;, aponta. ;Para a segunda etapa, os candidatos devem aprimorar as técnicas de didática, criar metodologias de ensino inovadoras e encarar os examinadores da banca como alunos sedentos por aprender;, acrescenta. Tiago Aguiar, professor de letras da UCB e doutor em linguística pela Universidade de Brasília (UnB), dá a receita do sucesso para quem quer dar aula sobre a matéria na Marinha. ;Foque na morfossintaxe, pois esse conteúdo apareceu em um bom número de questões da prova do último concurso;, alerta.
;As funções do pronome ;que; e da partícula ;se;, orações de subordinações, processo de formação de palavras são bastante cobrados pela bancada examinadora;, comenta. Em direito internacional e relações internacionais, o professor Bruno Viana, do Complexo de Ensino Renato Saraiva (Cers) e doutor pela Universidade de Valência (Espanha), chama a atenção para ;direito do mar (Convenção de Montego Bay, de 1982), do trabalho, dos tratados, da proteção internacional dos direitos humanos e, por último, legislação internacional dos refugiados, temas bem aquecidos entre o rol previsto no edital;. Para se preparar, o conselho do docente é pegar papel e caneta e colocar a mão na massa. ;Os candidatos devem escrever redação sobre cada um dos 12 temas previstos no edital. É trabalhoso, mas, assim, a pessoa terá uma preparação mais ampla se conseguir interligar os conteúdos ao tema das redações. Isso demonstra que o candidato detém conhecimentos mais abrangentes;, reforça.
Passe bem/Direito
A prova escrita para o concurso constará de, no máximo, duas questões formuladas sobre cada um dos dois assuntos sorteados da lista constante dos respectivos conteúdos programáticos. Portanto, qualquer um dos 12 temas pode cair. Como por exemplo: disserte sobre o direito do mar ou qual a hierarquia dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro?
Nesse tipo de questão, uma dica que considero importante: fazer sempre que possível uma ligação do tema com outros assuntos do conteúdo programático. Dessa forma, o candidato demonstrará um domínio geral e específico sobre a disciplina. Chamo atenção para alguns pontos que, se forem sorteados, os candidatos deveriam abordar:
1. Direito do mar: é importante falar da Convenção de Montego Bay de 1982 e a legislação interna nacional, como a Lei n; 8.617/1993 e seus decretos de atualização, como o de n; 8.400/2015.
2. Direito dos tratados: é um tema clássico do direito internacional. O candidato deve abordar a Convenção de Viena sobre direito dos tratados de 1969; o processo de incorporação dos tratados internacionais no ordenamento jurídico brasileiro, e a hierarquia normativa dos tratados internacionais. No último ponto, lembre-se sempre da posição de destaque dos tratados internacionais de direitos humanos.
3. Direito internacional dos refugiados: tema bastante contemporâneo. O candidato deve permanecer atento à onda de refugiados na Síria, provocada pelos conflitos armados naquela região e os reflexos no Brasil, como por exemplo, a Síria foi o país para o qual o Brasil deferiu o maior número de solicitação de refúgio em 2016, 326 deferimentos. Ainda sobre o refúgio, segundos dados do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), 33% dos pedidos de refúgio de 2016 foram de venezuelanos, consequência da grave crise que passa o nosso vizinho.
Comentário do professor de direito Bruno Viana
O que diz o edital
Concurso para professor do magistério superior da Marinha
Inscrições: até 22 de agosto pelos sites www.ensino.mar.mil.br ou www.ingressonamarinha.mar.mil.br
Taxa: R$110
Vagas: 21
Salário: de R$ 4.864,98 a
R$ 9.585,67
Provas: a partir de 3 de outubro, o candidato poderá verificar a data da prova escrita; as provas didáticas ocorrerão entre 16 e 17 de novembro (para a Escola de Guerra Naval) ou entre 29 de novembro e 12 de dezembro (para os demais centros de instrução)
Locais de prova:
Rio de janeiro (RJ)
*Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa