Trabalho e Formacao

Boleira faz sucesso com bolos artísticos, esculpidos em diferentes formatos

Em parceria com a mãe e a irmã, microempreendedora individual trabalha e atende clientes num ateliê na casa dela, em Taguatinga

Ana Paula Lisboa
postado em 20/08/2017 14:41

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Imagine que você vai a uma festa de aniversário e, em cima da mesa, encontra uma pilha de exemplares do Correio Braziliense. Ao chegar mais perto, porém, percebe que os jornais falam do aniversariante. Mesmo assim, tem uma sensação de estranhamento, até que alguém avisa que aquilo é o bolo. Esse tipo de reação é comum para quem se depara com alguns dos trabalhos mais exóticos da boleira e doceira Priscila Minari, 37 anos. Carteiras de motorista gigantes também estão entre os temas das tortas preparadas por ela. ;Faço do jeito que o cliente quiser, pode ser até erótico ou polêmico;, explica ela. Bolos em formato de bolsa, maleta, balde de gelo com bebidas, frango assado, campo de futebol, panela de feijoada, motocicleta, brasão de times, pokebola, mão do ex-presidente Lula e até emoji de cocô fazem parte do portfólio da brasiliense, que trabalha na área há nove anos.


;Gosto de mexer com doces e bolos desde pequena. Mas trabalhei em outras áreas até que passei a fazer disso uma profissão num momento em que eu estava desempregada. Fiz um curso básico de confeitaria e fui vender bolos e cupcakes caseiros na rua, de porta em porta;, lembra. O trabalho de Priscila começou a chamar a atenção pelo gosto (na época, a aparência ainda era simples e tradicional) e uma cliente incentivou que ela postasse o que fazia no Facebook. Desde que entrou na rede social, em 2012, a boleira passou a receber encomendas e, então, abandonou a rotina de vendas na rua. ;O que diferenciava meu trabalho na época era apenas o sabor, sempre priorizei ingredientes de qualidade e faço a receita do jeito que eu gostaria de comer: todos os meus bolos são molhadinhos;, comenta.

Alguns dos bolos diferentes produzidos por Priscila: em formato de pilha de jornal, frango assado e cobra

Com o tempo, entre erros e acertos, Priscila começou a fazer tortas com aparência diferenciada, que se tornaram carro-chefe. ;Hoje em dia, trabalho com bolos artísticos, esculpidos, aerografados, pintados à mão. A parte de decoração é o que eu amo, é uma terapia para mim.; A perfeição e o detalhismo com a aparência das sobremesas fazem sucesso nas redes sociais e atraem clientes. Mas o que garante que a freguesia volte a fazer encomenda é o fato de os bolos unirem estética e sabor. Uma inspiração para Priscila é o programa Cake Boss, apresentado por Buddy Valastro. ;Eu o conheci pessoalmente e tirei foto com ele em São Paulo;, comemora. Assim como o norte-americano, Priscila procura a melhor técnica para elaborar cada trabalho. ;Cada bolo é um estudo diferente. Quando fui executar o de jornal, por exemplo, fiquei olhando para ele durante 20 minutos, pensando em como executaria as camadas;, relata. Os maiores desafios são as tortas esculpidas.


Em parceria com a mãe e a irmã, microempreendedora individual trabalha e atende clientes num ateliê na casa dela, em Taguatinga

;O do emoji de cocô, o em formato de moto, e o outro de navio foram bem difíceis. Não tem lugar para pesquisar, fiz do jeito que achava que tinha que ser. Um desafio adicional de Priscila para esculpir é que ela faz a massa úmida. ;Via de regra, bolo esculpido tem que ser mais duro e seco, mas como sou atrevida, faço molhadinho;, brinca. ;Eu gosto muito de correr esse risco e de me aventurar. Muitas confeiteiras perguntam como eu consigo deixar a camada de recheio tão grossa. O retorno que tenho é muito positivo;, diz. Apesar disso, ela se arrisca calculadamente. ;Trabalho sempre com reserva: se algum bolo der errado, tenho outro pronto para não deixar o cliente na mão. É por isso também que sempre consigo atender pedidos mesmo de última hora;, percebe.

Em parceria com a mãe e a irmã, microempreendedora individual trabalha e atende clientes num ateliê na casa dela, em Taguatinga

Parceria familiar
Priscila fez do apartamento onde mora, em Taguatinga Norte, um ateliê residencial. ;A maior parte da minha casa é reservada para a confeitaria: são duas salas e a cozinha para isso. Comemos fora porque não temos condições de fazer comida dentro de casa;, observa. Ela vive com a irmã Stessani Fonseca, 27; a mãe Miris Márcia Fonseca, 62; e o filho Pedro Henrique Minari, 6. A filha mais velha, Jéssica Minari, 20, ajudou Priscila durante muito tempo, ficando responsável por fazer docinhos, mas há quatro meses foi fazer intercâmbio na Austrália. ;Ela está estudando confeitaria e inglês;, conta. A mãe e a irmã são parceiras de Priscila no negócio. Stessani fica responsável por fazer divulgação nas redes sociais e as compras enquanto Miris Márcia ajuda no cuidado da casa e nas preparações culinárias.

Em parceria com a mãe e a irmã, microempreendedora individual trabalha e atende clientes num ateliê na casa dela, em Taguatinga

O trio não tem empregados, mas contrata colaboradores eventuais quando recebe algum pedido maior. ;Temos encomenda todos os dias. Faço uma média de 10 bolos por dia no sábado e no domingo e, durante a semana, cinco por dia. É uma rotina apertada;, descreve Priscila. A maior parte das tortas é feita para festas infantis. Os clientes buscam tudo na casa dela, que não faz entregas. Ela aceita pagamento em dinheiro ou cartão. O faturamento mensal bruto varia entre R$ 10 mil e R$ 15 mil. ;Estou satisfeitíssima de poder viver desse trabalho. Não tenho nem palavras para explicar. Sou eternamente grata a meus clientes, a Deus e a minha família.; Priscila acredita que cobra um preço na média do mercado: cada quilo de bolo sai a partir de R$ 55. ;Não quero superfaturar;, garante. O sabor, a beleza e o bom atendimento são os segredos do sucesso do negócio, de acordo com a microempreendedora.

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