Trabalho e Formacao

Donos da Kingdom Comics conquistam público com variedade e qualidade de HQs

Sócios em loja aberta no Conic em 1996, maranhenses atendem cerca de 2 mil clientes por mês. No acervo, têm mais de 5 mil itens, entre gibis e jogos. Ambos são apaixonados pela área o que, segundo os proprietários, é um dos segredos da gestão

Ana Paula Lisboa
postado em 15/10/2017 13:58

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Para os fãs de gibis da capital federal, a Kingdom Comics é parada obrigatória. Especializada ainda em camisetas, jogos de carta e tabuleiros, RPG e acessórios geek, a loja, localizada no Conic e em funcionamento desde 1996, recebe 2 mil clientes por mês. Atrás do balcão e na administração do negócio, ficam os sócios Raimundo Lima Neto, 40 anos, e Gabriel Gonçalves de Sousa, 37. Ambos começaram a trajetória no empreendimento como vendedores e compraram a parte de Marcos Maciel, fundador que deixou a empresa em 2008. ;Na época, fizemos um empréstimo;, conta Lima. Outro sócio-fundador, Nonato Natinho saiu da empresa este ano. Hoje, permanecem na gestão apenas os dois que iniciaram a história na Kingdom como empregados. Característica intrínseca à atuação da dupla é a paixão por HQs.

;Conheci a loja porque eu era cliente. Cresci nos anos 1980, quando as histórias em quadrinho eram muito mais presentes. Essa influência criou em mim um fascínio pelos personagens que, depois, passou para autores e escritores;, afirma Lima. Maranhense que vive no DF desde pequeno, ele começou a trabalhar no local em 1998. ;Entrei enquanto estudava artes plásticas e nunca mais saí. Fui o terceiro funcionário. Muita gente achava que a loja era minha, já que eu sempre estava lá e sabia responder tudo, tanto que era chamado de Enciclopédia dos Quadrinhos;, brinca. Ao longo do tempo, ele consolidou esse conhecimento no mestrado (concluído) e no doutorado (que cursa atualmente) na Universidade de Brasília (UnB), ambos estudando e analisando gibis.

Lima é colunista do site de críticas de quadrinhos Raio Laser (www.raiolaser.net) e editor da revista de HQ brasiliense Brazilla. Gabriel entrou na Kingdom Comics como funcionário, agregando expertise em RPG à atuação. Também maranhense, ele nutre amor antigo pelas narrativas gráficas. ;Foi o primeiro contato que tive com o texto escrito;, conta. Ele usava o dinheiro que ganhava para o lanche para comprar revistinhas. ;Já adolescente, economizava a passagem de ônibus com essa finalidade, indo de skate para o colégio.; Quando se mudou para o DF, aos 15 anos, não demorou a conhecer a Kingdom Comics. ;Procurei a loja para comprar o card game Magic ; que de tanto jogar me tornei profissional e juiz, um dos principais do Centro-Oeste;, diz. Gabriel idealizou campeonatos do jogo na loja e acabou sendo contratado. Segundo os sócios, o fato de serem aficionados por quadrinhos garante bom desempenho.

Lima, mestre e doutorando em HQs, e Gabriel, juiz de campeonatos de Magic

;Para que a loja se mantenha, foi e é preciso pioneirismo e conhecimento de mercado, além da paixão pelo universo geek. Gostar do trabalho é o que nos faz estudar sempre mais. É isso o que faz com que as pessoas visitem a loja não somente para comprar, mas para trocar informações;, comenta Gabriel, administrador e publicitário. Dar espaço para a produção regional é outro diferencial. ;Enfrentamos concorrência com grandes marcas do mercado de livros. Nosso trunfo é o fato de o mercado brasiliense valorizar nosso trabalho, por ser local e abrir espaço para quem faz quadrinhos em Brasília;, explica Lima. ;Além disso, ficamos no Conic, o pedaço que mais representa o DF todo no Plano Piloto. A loja vai além dos quadrinhos, é um pedaço da história da cidade;, diz.

Missão compartilhada
Enquanto Gabriel fica responsável pela administração e pela compra de produtos, Lima cria estampas para camisetas e faz curadoria dos itens que entrarão no acervo da loja ; que atualmente é composto por 5.156 produtos, entre HQs, RPG, livros etc. Os sócios contam com apenas um empregado no momento. ;O que eu mais gosto de fazer é atender os clientes ; dizem que não consigo vender quadrinho ruim, pois deixo transparecer o que penso ; e avaliar o material, ficando por dentro do que está sendo lançado;, diz Lima. Um projeto mantido por Gabriel é o Kingdom Cast, em que ele comenta elementos da cultura pop nerd no site www.kingdomcomics.com.br. O público frequentador é bastante eclético. ;Vai dos 8 aos 80. Tem diplomata, padeiro, gente de todos os estratos sociais.;

O momento é delicado, mas os sócios pensam em crescimento. ;Apesar de o mercado geek estar em expansão no mundo; no Brasil, ele ficou estagnado por causa da crise. Tivemos que cortar funcionários e diminuir os patrocínios para eventos. Espero que a empresa volte a crescer com a abertura de novas unidades;, revela Gabriel. Já Lima aposta numa evolução por meio de ferramentas virtuais. ;A meta é tornar o negócio nacional, desenvolvendo o potencial on-line;, ambiciona.

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