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Quando se fala em beleza, o nome de Helio Nakanishi, 59 anos, é referência na capital federal. O salão do paranaense de Londrina leva o nome dele e se consolidou como um dos mais renomados de Brasília. A rede emprega mais de 300 pessoas (entre elas, membros da família) e conta com uma cartela leal de frequentadores: não é incomum encontrar nas cadeiras três gerações de clientes. ;A palavra é lealdade. Quem vem confia no serviço. Nosso público não é A, B ou C. É um público que sai daqui feliz;, diz. A empresa foi aberta em 1979 e o proprietário se orgulha do fato de o empreendimento ter uma história consolidada, mas sempre fazendo uma ponte com o presente e o futuro. ;Falamos em inovação 24 horas;, conta. Essa é uma das características que ele admira no país de origem de seus avós, o Japão: nação que tem um pé na tradição e outro na modernidade.
Entre as ocasiões marcantes da trajetória profissional de Helio estão a vez em que atendeu a Lady Di e o momento histórico do falecimento de Tancredo Neves. ;Muita gente viria se arrumar para a posse. Quando veio a notícia da morte dele, todo mundo desmarcou;, recorda. ;Estive nos bastidores de vários momentos, posses, casamentos. E o mais gostoso é ver o que foi feito depois, lá no palco;, admite o pai de três filhos. A satisfação com a atividade se reverte também em ações de responsabilidade social (como cortes solidários que visam arrecadar cabelo para fazer perucas e entregar a pacientes com câncer). ;Sou tão grato e feliz que essa é uma forma de retribuição;, diz.
Desde o início, a empresa do paranaense sobressai pelo investimento para formar mão de obra especializada ; um dos desafios do setor. ;Abri com um único propósito: educação, formação, capacitação e qualificação do ser. Não basta gerar empregos, é preciso gerar empregos, conhecimento e produtividade para a prosperidade;, afirma. O centro de treinamentos Instituto Helio, que formou mais de 2 mil profissionais ao longo dos anos, é fruto desse pensamento. ;É muito bonito o ser humano não saber manusear pente, tesoura e batom e se tornar um megaprofissional.; Não é à toa que diversos salões de beleza do DF foram abertos por ex-empregados ou alunos dele.
Crescimento
O Helio Instituto de Beleza tem mais de 37 anos, mas a história profissional entre tesouras e secadores começou ainda mais cedo. O fundador da rede entrou no ramo aos 18 anos e nunca trabalhou em outra área. O motivo? ;Paixão pela autoestima do ser humano.; Afinal, o significado da atividade vai além das técnicas cosméticas. ;Quando eu vi que ser cabeleireiro não é só cortar ou pintar e fazer maquiagem, é transformar as pessoas e deixá-las felizes, percebi que era essa a profissão que eu desejava;, recorda. A inspiração também surgiu da família. ;Minha mãe e minhas irmãs todas tinham habilidades com cabelos;, conta. O fato de ele ter optado por fazer carreira na área da beleza foi uma quebra de paradigmas numa família de médicos, engenheiros e advogados.
;E meu avô disse algo muito forte: ;Que bom, porque cabelo cresce! Seja o melhor e pense sempre nos outros para que você possa ter sucesso na vida!’ Isso abriu as portas para mim;, recorda. Hoje, a empresa dele tem cinco unidades (ou pontos estratégicos, como Helio prefere chamar), na QL 8 do Lago Sul, no Terraço Shopping, no Pier 21, no Liberty Mall e no Iguatemi Brasília. A rede conta ainda com outros braços. O Instituto Helio, escola de formação de profissionais de beleza, funciona desde 2000 no Setor Comercial Sul. O H.ex oferece serviços de alto padrão por preços mais democráticos no Sudoeste, no Pátio Brasil e no Vitrinni Shopping, em Águas Claras, desde 2015. Em 2016, foi aberto o H.Compre, atacarejo de produtos profissionais de beleza no Venâncio Shopping. Durante muito tempo, a marca foi Helio Diff, mas a segunda parte (abreviação para Diffusion des Coiffeurs) foi retirada do nome em 2014.
Vínculo regional
Helio chegou a morar em São Paulo, Rio de Janeiro e Nova York. A mudança para a capital federal parece ter sido traçada no nascimento. ;Helio, na mitologia grega, significa Sol. Em japonês, Naka quer dizer dentro ou centro; e Nishi é oeste. Ou seja, Sol no Centro-Oeste. E vim parar aqui;, brinca. A vinda para o DF também envolveu laços familiares. ;Meu avô por parte de mãe foi um dos convidados por Juscelino (Kubitschek) para formar um cinturão verde, com várias famílias japonesas em Brasília, em 1957. Ele se estabelece aqui até hoje, na chácara e na escola rural Kanegae, no Riacho Fundo;, conta.
No DF, Helio trabalhou nos salões de beleza Nippon, Fujimi e Tchan. ;Nessa época, eu não estava preocupado em ter clientes, mas, sim, em fazer um reconhecimento de área e entender a cultura de Brasília;, diz. ;O que mais me encantou foi a diversidade de sotaques que passam pela cadeira. De repente, tem uma pessoa do Rio Grande do Sul e, logo após, tem uma francesa, uma carioca;; Depois de entender o mercado local, abrir um negócio foi um caminho natural. ;Nasci dentro da cultura do empreendedorismo do meu avô, que era gestor de uma colônia japonesa com mais de 50 famílias trabalhando na plantação de café;, relata.
Fórmula
;Para ser empreendedor, é preciso ter foco, coragem e fé. Este é um país jovem, cheio de oportunidades. Não desista nunca;, ensina. ;Dificuldades sempre vão existir, em qualquer setor. A palavra ;empreendedor; tem dor no fim. É dolorido. Crescer dói, mas encolher dói mais ainda;, avisa. Questionado sobre as razões que fizeram o negócio dar certo até hoje, Helio menciona acolhimento, amor, dedicação, transparência e saber se colocar no lugar do cliente, tanto externo quanto interno. ;Para cortar seu cabelo, eu tenho que passar, no mínimo, 15 minutos conversando com você para entender o seu perfil. Cortar cabelo todo mundo corta. A gente faz muito mais.;
Preço justo, planejamento estratégico, saber orquestrar os diferentes tipos de funcionários e formar um time são outras ferramentas valiosas. Helio não tem rotina. ;Cada dia é diferente, tem uma surpresa agradável. Nunca a palavra trabalho. Trabalhar não é comigo, mas criar e produzir, sim.; Helio tem muitos admiradores, como a cliente Guida Cézar. ;Sou verdadeiramente apaixonada pelo trabalho de Helio. Além de ser um profissional espetacular, tem um coração muito humano. O sucesso dele vem de uma luz própria de querer ajudar as pessoas. E essa energia é transmitida para o salão. Não venho só para cortar cabelo ou fazer unha, venho por querer estar aqui;, conta a corretora de imóveis.