Trabalho e Formacao

Experts em sungas

Dois amigos criaram marca de roupas de banho masculinas on-line e, em pouco mais de um ano, venderam mais de 1,2 mil unidades. Os modelos são mais cavados, porém discretos

Ana Paula Lisboa
postado em 04/12/2017 18:30

[VIDEO1]

Amigos de longa data, Rogério Franco, 32 anos, e Eduardo Goulart, 25, criaram o e-commerce de moda praia masculina Marino, a partir do interesse por esse tipo de peça. ;Eu gosto de sungas e, sempre que viajava, acabava trazendo algum modelo diferente. Muita gente perguntava onde eu tinha comprado;, lembra Rogério, cientista político e servidor público. A partir de uma conversa, ele e o sócio chegaram à conclusão de que ali havia uma oportunidade de negócio. Eles começaram a pensar na marca em outubro de 2015. ;Em shoppings do Brasil, dá para encontrar opções de boa qualidade, mas são muito caras e sem variação de modelagem. Para encomendar de outros países, o frete é pesado e a mercadoria demora a ser entregue;, afirma Eduardo, designer que trabalha num escritório de branding. As peças da loja on-line são disponibilizadas nas opções slim (lateral de 6cm) ou tradicional (lateral de 10cm).


;O tamanho que se encontra em lojas brasileiras é de 12cm, chamado de sungão, padrão usado aqui. Nós queríamos algo mais europeu e com a cara dos anos 1980;, explica Eduardo. ;A maior parte das pessoas compra com lateral de 6cm porque ela é difícil de achar;, conta. ;Existe um movimento de pessoas dispostas a voltar ao que era antigamente (ou seja, modelos menores, mais cavados), perdendo o preconceito com isso;, percebe Rogério. Segundo ele, o público-alvo da marca são jovens descolados. ;Eles buscam algo fora do padrão da moda, mas sem ser escandaloso ou cafona;, ressalta. ;Nossa sunga é básica, sem detalhe nenhum;, esclarece Eduardo. ;Funcionamos como e-commerce e, se a pessoa não se adaptar com o tamanho ou tiver algum problema, tem sete dias para trocar ou pedir o dinheiro de volta;, diz.

Aprendizado

Dois amigos criaram marca de roupas de banho masculinas on-line e, em pouco mais de um ano, venderam mais de 1,2 mil unidades. Os modelos são mais cavados, porém discretos

A Marino é a primeira experiência tanto de Rogério quanto de Eduardo com o empreendedorismo. Para eles, o trabalho com a marca é uma atividade de meio período. As decisões importantes e o design das peças são pensados em conjunto. Apesar de o negócio ter pouco tempo, os dois estão satisfeitos com os resultados até aqui, já que avançam constantemente. ;Começamos de modo pequeno e simples e fomos melhorando. Antes nem dava para pagar com cartão de crédito: era preciso combinar transferência ou depósito;, relata Eduardo. Houve mudanças também em rotinas produtivas. ;Não havia regularidade na entrega e eu acabava tendo que ir aos Correios deixar mercadorias a semana toda. De uns tempos para cá, usamos terça e quinta para isso;, lembra Rogério. As melhorias também foram estimuladas pelos clientes, com quem o contato é intenso, principalmente no Instagram.


;A maior parte dos compradores tira foto usando e marca a gente nessa rede social ; e nós replicamos esses posts porque são um feedback;, conta Eduardo. ;Nas conversas com o público, recebemos muitos elogios com relação a formato, corte, acabamento e custo-benefício;, completa Rogério. O crescimento da iniciativa se deve ao cuidado e ao profissionalismo dedicado ao trabalho. ;Tudo é muito bem pensado: o funcionamento do site, a apresentação do produto, a embalagem, o contato com as pessoas; A gente não quer que nada pareça feito em casa;, ressalta Eduardo. Os dois sócios são exigentes, algo também importante. ;A gente só faz coisas que a gente usaria;, observa Rogério. Não é à toa que clientes como o advogado Fabrício Xavier Lacerda, 27, são só elogios para a loja on-line. ;Já comprei seis sungas, todas com lateral de 10cm. Gostei demais, elas vestem muito bem, são bonitas e diferentes, mas discretas, o material é de qualidade. Minha vontade é de jogar todas as que eu tinha de outras lojas fora;, conta ele, que frequenta um clube e gosta de tomar sol.

Passos iniciais
Após definir protótipos e tamanhos das sungas, o grande desafio foi encontrar, em Brasília, onde o polo de produção de moda ainda é tímido, logística para fazer a ideia funcionar. ;Passamos três meses indo de confecção em confecção, visitando costureiras até achar quem pudesse fazer o serviço com qualidade e do jeito que a gente queria;, relata Eduardo. ;Nós contratamos pela unidade entregue;, conta Rogério. No site da Marino, há modelos à venda a partir de R$ 70,20. Até tirar o projeto do papel, foram meses e meses de reuniões e pesquisas. A ideia virou inclusive tema do trabalho de conclusão de curso de Eduardo, que, à época, cursava desenho industrial na Universidade de Brasília (UnB). A dupla criou páginas nas redes sociais em setembro de 2016 e lançou a primeira coleção em novembro daquele ano.


Desde então, foram colocadas à venda outras duas (em março e em novembro de 2017) e a quarta deve ser lançada em janeiro de 2018. Para colocar o plano em prática, os amigos investiram, bem no início, R$ 10 mil, valor que se pagou em pouco tempo. Desde então, nunca mais colocaram um centavo no caixa da empreitada. O faturamento bruto da Marino varia entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês. ;Quase tudo que ganhamos é reinvestido no negócio porque nós dois não dependemos disso: temos trabalho fora daqui e queremos ver a marca crescer;, explica Rogério. Desde o início da empreitada, que é totalmente on-line, eles venderam mais de 1,2 mil sungas.

Saiba mais

www.usemarino.com

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação