Trabalho e Formacao

Empreendedores geeks

Eles se conheceram como vendedor e cliente, se tornaram amigos e, há cinco meses, sócios. Numa loja de videogame e cultura nerd, recebem cerca de 1.000 clientes por mês em Águas Claras

Ana Paula Lisboa
postado em 17/12/2017 14:49

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Eduardo Assis, 33 anos, e Marcos Rodrigues Dias, 22, tinham uma relação de cliente e vendedor que acabou se tornando sociedade. Eduardo era cliente fiel da MRD Games, loja de videogames aberta por Marcos na Feira dos Importados há cinco anos. A partir do contato, os dois se tornaram amigos e resolveram abrir um negócio juntos. Nascia, assim, a MRD Nerdstore, localizada no Vitrinni Shopping, em Águas Claras. Ali, são vendidos consoles de videogame, jogos, chaveiros e action figures. Apesar de ter começado a funcionar há pouco tempo, a microempresa tem dado bons resultados: por mês, recebe 1 mil clientes e tem faturamento mensal bruto de R$ 80 mil. ;A aceitação tão boa foi uma surpresa;, comenta Eduardo. Os ganhos também surpreenderam diante dos preços cobrados no local, que são populares, de acordo com os proprietários.


;Como a gente cobra bem abaixo, nossa porcentagem de ganho é pequena, então tentamos ganhar mais no giro;, conta Eduardo. ;A gente queria acabar com essa história de que tudo em Águas Claras tem que ser caro;, observa Marcos. A escolha da localidade também tem a ver com o fato de os dois morarem na cidade. O investimento inicial para colocar o negócio em funcionamento foi alto: cerca de R$ 130 mil. Entre os gastos, está o projeto arquitetônico da loja, de 67m;, inspirado no jogo Mario Bros. ;Ainda não conseguimos recuperar tudo, mas não tivemos prejuízo: a empresa se mantém sozinha e, em longo prazo, daqui a um ano, acredito que renderá bastante;, observa Marcos. Atualmente, cada sócio retira um pró-labore da empreitada.

Eles se conheceram como vendedor e cliente, se tornaram amigos e, há cinco meses, sócios. Numa loja de videogame e cultura nerd, recebem cerca de 1.000 clientes por mês em Águas Claras


Os microempresários mantém uma relação próxima com a clientela, que tem até grupo no hatsAppp com 245 contatos. ;O pessoal usa o canal para perguntar se a loja tem determinado jogo, mas virou também uma comunidade de amigos;, explica Eduardo. É bastante apreciada entre o público a flexibilidade da loja, que aceita comprar ou abater no valor da compra jogos e consoles usados trazidos por clientes. Por isso, o espaço tem uma área ;vintage;, dedicada a aparatos e jogos retrô. ;Tem pai que vem para mostrar ao filho como era o videogame da época dele;, relata. Também fazem sucesso as cabines para jogar PlayStation 4 com realidade virtual instaladas no local: é possível locar cada uma a
R$ 10 por hora. ;Teve cliente que locou as duas para comemorar aniversário com amigos;, conta.
Entre os games vendidos no local, estão títulos recentes e tradicionais, como Minecraft, Fifa 18, Pro Evotion Soccer, Tekken, Street Fighter e Mario Bros. ;Nosso forte é ter um pouco de tudo da cultura nerd. Você encontra desde a última geração de um jogo até um boneco do Freddie Mercury, da banda Queen;, comenta Eduardo. ;A loja em si já chama atenção, pois não tem em Brasília outra dessa maneira;, completa Marcos. Eduardo credita ainda ao bom controle de estoque e a confiança mútua entre os sócios o sucesso da empreitada. Marcos cita a honestidade na gestão, a determinação e a humildade como fatores importantes. ;Somos nós que abrimos e fechamos a loja, fazemos de tudo: é a gente que limpa e lava;, afirma.

Nova fase
Para os dois sócios, abrir a MRD Nerdstore significou se reinventar. Ambos começaram a trabalhar bastante cedo. Eduardo é bacharel em direito, mas trabalha com informática desde os 16 anos ; ele chegou a estudar engenharia da computação, mas não concluiu o curso. ;Entrei nessa faculdade porque sempre gostei de jogos de computador e, durante as aulas, descobri que gostava mesmo só de jogar, não de trabalhar com isso;, lembra. No entanto, para pagar as contas, continuou atuando no ramo. Depois disso, fez cursinho para concurso e se interessou por direito, entrando na nova faculdade. ;A informática pagou meus estudos;, conta. Ele continuou na área até o meio deste ano, quando perdeu o emprego. ;Eu era desenvolvedor e, graças a Deus, fui demitido. Digo isso porque foi com o dinheiro da rescisão e o FGTS que pude investir nesse negócio com o Marcos;, relata ele, que é empreendedor de primeira viagem. ;É uma experiência nova e me descobri como vendedor.;


Para Marcos, que começou a trabalhar numa lan house aos 11 anos e abriu a banca na Feira dos Importados aos 16, a proposta de Eduardo de abrir algo em conjunto apareceu em boa hora. Ele, que é graduado em administração, teve outra loja de videogames em Águas Claras, da franquia Kid Games, que acabou fechando porque o shopping onde o negócio ficava passou a não ter mais estacionamento. ;Com isso, o movimento diminuiu bastante e vi que, se continuasse com aquilo, quebraria. Então vendi;, recorda. Os dois se conheciam há três anos porque Eduardo frequentava a banca de Marcos na Feira dos Importados e se tornaram amigos. ;Sei que sociedade é algo sério, mais sério que casamento. Mas vi um potencial no Eduardo e resolvi acreditar. As ideias dele eram bacanas e ele tem experiência de vida. Além disso, é bom ter um sócio para dividir a responsabilidade. Quando é só você no comando, a carga é muito grande;, diz. Apesar de ter de se dividir entre as duas MRDs, Marcos tem a vantagem de poder trabalhar perto de casa, assim como Eduardo.

Saiba mais

www.facebook.com/mrdgames

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