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Chances cobiçadas em tribunais fora do DF

A iminência de certames em instituições municipais e estaduais desperta atenção de brasilienses. Mas será que vale a pena deixar a capital dos concursos por isso? Confira dicas de especialistas para se decidir

Felipe de Oliveira Moura*
postado em 24/12/2017 15:20

Vitor Amaral mudou de SP para o DF quando passou num concurso e, agora, depois de passar em outra seleção, voltou ao estado de origem

Em época de seca de concursos federais e do Governo de Brasília, certames de tribunais estaduais e municipais atraem brasilienses que sonham em se tornar servidores públicos. Salários atrativos que podem chegar a quase R$ 30 mil, a busca por menor concorrência e o desejo de acelerar a conquista da vaga no serviço público fazem das cortes de Justiça, eleitoral ou de contas instituições almejadas, ainda que isso signifique deixar para trás a capital federal. A independência financeira e a estabilidade, no entanto, se tornam mais importantes que a localização, já que a pessoa ficará, em muitos casos, longe de amigos e familiares e precisará se aventurar num espaço desconhecido. A escolha pode gerar incertezas ; há inclusive quem tenha passado numa boa seleção, mas não soube lidar com a distância e acabou desistindo da vaga. A decisão precisa ser bem pensada para não gerar arrependimentos. Antes de fazer a escolha pelo serviço público em outro estado, o planejamento é fundamental.

Engana-se, porém, quem acha que isso se resume ao aspecto financeiro. A mudança de cidade envolve uma análise mais ampla, conforme explica a coach e especialista em transição de carreira Ana Slaviero. ;É preciso perguntar a si mesmo: ;Esse concurso tem a ver com a área da expertise que tenho?;. Às vezes, aquilo está muito distante do que você gosta ou sabe fazer;, comenta. ;Se o candidato tem um perfil que gosta de estar em movimento, é dinâmico e a função que você escolheu não te permite isso, lá pela frente, sentirá frustração, vazio existencial, desânimo, cansaço;, complementa. Seguir com a própria escolha sem depender de outros é mais fácil para solteiros. Os casados e com filhos, contudo, passam por apertos quando não encontram apoio dos parceiros.

;Se isso vai te trazer muitas situações de conflitos, você tem de repensar. Se puder aliar a estrutura profissional com a relacional, será ótimo.; Ela mesma passou por mudança drástica na vida: foi freira por 20 anos. Para se adaptar a contexto diferente, Ana Slaviero ensina que o segredo é mergulhar na nova realidade. ;Busque conhecer aquela cultura e conversar com pessoas que vivenciaram essa experiência. Quando estiver na nova cidade, é preciso estabelecer novos contatos para não se sentir sozinho.;

Bancas são desafio
Aos ouvidos de Carlos André Pereira, professor de língua portuguesa e redação jurídica no Cers Cursos On-line (Centro de Ensino Renato Saraiva), soa estranho trocar o DF por um estado da Federação. ;Seria uma decisão inesperada, pois Brasília é, além da capital federal, a capital dos concursos;, justifica. Carlos André afirma que optar por uma mudança de cidade a fim de buscar uma concorrência menor não é tão simples. ;Dizem ;ah, vou fazer em outro local porque é mais fácil de passar;, mas todo o processo pode trazer mais complicações, como lidar com banca com a qual não está acostumado, o que traz enorme insegurança;, diz. ;Afinal, só passa em concurso público quem conhece a examinadora. Não é nem quem sabe da matéria;, justifica.

;O candidato que presta concurso em Brasília, geralmente, faz prova do Cespe/Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos) ou do Serpro. Isso dá a ele uma segurança maior. Em outros tribunais, as bancas, geralmente, são estaduais, diferente dos tribunais federais, os TJs de outros estados costumam ter instituições organizadoras regionais;, acrescenta. De acordo com o professor, a preparação dos estudantes que prestam concurso para tribunais de diversos estados deve ser mais ampla, com direcionamento dos estudos apenas na reta final. ;Procure seguir esses passos: fazer um estudo mais generalista inicialmente e, nos últimos meses, um específico de resolução de provas da banca.;

Caminho inverso
A história de Vitor Amaral, 31 anos, é cheia de reviravoltas. Natural de Novo Horizontino (SP), o paulista viveu por sete anos na capital federal após ser aprovado para a Força Aérea Brasileira (FAB). Graduado em jornalismo e relações-públicas, deixou a família para trabalhar aqui. Voltar para perto dos pais e do irmão e o fim do contrato com a FAB o impulsionaram a retomar os estudos. ;Comecei a fazer uma varredura nos concursos e vi que tinha uma perspectiva de tribunais, até que abriu o regional eleitoral de São Paulo. Foram cinco meses de foco total, estudava à noite e, aos fins de semana, completava os estudos. Fiz meio que o caminho inverso;, relata.

Com uma foto ao lado dos pais e do irmão sobre a mesa de estudos, o plano foi traçado. Aprovado na única vaga para a área de relações públicas do órgão, Vitor está mais próximo da casa dos pais, mas deixou gente querida em Brasília. ;Tinha muitos amigos lá, acaba que se perde muita coisa;, lamenta. Adaptado ao novo endereço e experiente quando a questão é mudança de estado, o agora analista judiciário deixa um conselho àqueles que desejam se adequar mais rapidamente a um novo ambiente. ;Para onde você for, tem que considerar lá a sua casa porque quanto mais você mencionar o lugar onde vivia, mais dificuldade terá para se adaptar. É preciso se desvincular;, conclui.

*Estagiário sob supervisão de Ana Paula Lisboa




Direito administrativo / Dicas para passar
Professor de direito administrativo no Estratégia Concursos, área recorrente nos concursos para tribunais, Erick Alves dá orientações aos candidatos. ;Não pode ser muito generalista, tem que focar em uma área: tribunal judiciário, fiscal ou de controle. Uma vez que escolhe um foco, os conteúdos dos concursos não variam tanto, mesmo em locais diferentes.; Segundo ele, a resolução de provas é fundamental para se conhecer a banca organizadora do certame. O professor elenca, a seguir, os conteúdos mais exigidos de maneira geral para os tribunais de justiça: improbidade administrativa; licitações; regime jurídico dos servidores, sobretudo a Lei de n; 822; atos administrativos.




Tribunais estaduais

CONCURSOS ABERTOS

Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL)

Inscrições pelo site www.fgv.br/fgvprojetos/concursos/tjal de 8 de janeiro a 15 de fevereiro de 2018, com 100 vagas para técnico judiciário (ensino médio), 15 para analista judiciário - área oficial de justiça, 15 para analista judiciário - área judiciária e uma para analista judiciário - área de estatística (ensino superior). Salário: entre R$ 2.550,95 e R$ 5.101,92. Edital: não disponível.

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) I - Santa Vitória do Palmar
Inscrições presenciais abertas entre 8 e 15 de janeiro de 2018 na sede do Fórum de Santa Vitória do Palmar, localizado na Rua Dom Diogo de Souza, n; 1255, 3; andar o Juizado Especial Cível. Há duas vagas para o cargo de conciliador cível e duas vagas para o cargo de juiz leigo. Salário: não informado. Edital: goo.gl/v2ogyV.

Tribunal de Justiça do Rio Grande do ul (TJ/RS) II - Erechim
Inscrições presenciais abertas entre 10 e 19 de janeiro de 2018 na sede do Fórum da Comarca de Erechim, situado na Rua Clementina Rossi, n; 129, bairro Bela Vista, no Juizado Especial Criminal, com duas vagas para o cargo de conciliador criminal. Salário: não informado.
Edital: goo.gl/zjk1DC.

Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT)
I - Comarca de Colíder
Inscrições presenciais abertas entre 8 e 22 de janeiro de 2018 no Fórum da Comarca de Colíder - Diretoria do Foro. Há uma vaga para juiz leigo.
Salário:
R$ 4.871,67.
Edital: goo.gl/pEF7mP (página 723).

Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ/MT)
II - Comarca de Campo Novo do Parecis
Inscrições presenciais abertas entre 10 e 30 de janeiro de 2018 no Edifício do Fórum que fica localizado na Avenida Rio Grande do Sul, 731-NE no Centro. Uma vaga para a área de psicologia. Salário: não divulgado. Edital: goo.gl/idzPnF (página 277).

Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC)
Inscrições abertas até 25 de janeiro de 2018 pelo site www.vunesp.com.br. Há 60 vagas para juiz leigo indenizado.
Salário: R$ 3.984. Edital: goo.gl/Tz8Rg4.

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ/SP)
Inscrições abertas entre 9 de janeiro e 14 de fevereiro de 2018 pelo site www.vunesp.com.br, com 235 vagas para escrevente técnico judiciário. Salário: R$ 4.706,53.
Edital: goo.gl/FzV9Br.

Tribunal de Justiça do Estado Amazonas (TJ/AM)
Inscrições pelos sites www.tjam.jus.br ou www.cartorio.tjam2017.ieses.org de 15 de janeiro até 2 de março de 2018. Há 51 vagas para serviços notariais e de registros.
Salário: não informado. Edital: goo.gl/rR5Erf.


CONCURSOS PREVISTOS

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJ/CE)

A banca organizadora está definida. É o Instituto de Estudos Superiores do Extremo Sul de Santa Catarina (Ieses). A previsão é de o edital seja aberto com 271 vagas para serviços notariais e de registros.

Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC)
Segundo documento de licitação da banca contratada, a Fundação Getulio Vargas (FGV), serão abertas 26 vagas para as áreas de técnico judiciário auxiliar, analista administrativo, analista jurídico, oficial de justiça e avaliador, oficial da infância e juventude, arquiteto, engenheiro eletricista, engenheiro civil e enfermeiro, além de formação de cadastro de reserva. A posição de técnico exige ensino médio; as demais são para ensino superior. Salários: entre R$ 3.317,51 e R$ 5.710,74. Informações: portal.fgv.br e www.tjsc.jus.br.

* Estagiário sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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