Trabalho e Formacao

Autora de livros sobre empresários mostra o que há por trás do sucesso

Com 550 mil exemplares vendidos, jornalista escreveu três obras detalhando trajetórias de grandes homens de negócio do país

Gabriela Andrade*
postado em 17/06/2018 16:24

Com 550 mil exemplares vendidos, jornalista escreveu três obras detalhando trajetórias de grandes homens de negócio do país

Todo empreendedor muito bem-sucedido traz consigo uma cota de sacrifícios e desafios. É preciso lidar com uma série de coisas dando errado antes de conseguir fazer dar certo. É isso que Cristiane Correa mostra nos livros que escreve sobre empresários. Investigando as trajetórias de homens de negócios do país, ela deixa claro que nem tudo são flores quando se fala de empreendedorismo. A jornalista de 47 anos trabalhou na revista de negócios Exame por 12 e estreou no mercado editorial há quatro. Até agora, escreveu três livros best-sellers, atingindo mais de 550 mil cópias vendidas, e tem conquistado leitores no Brasil e no exterior ao escancarar o que está por trás de grandes fortunas.


Na obra de estreia, Sonho grande, publicada no Brasil e também em Estados Unidos, Portugal, Coreia do Sul, China, Taiwan e Vietnã, detalhou as trajetórias dos empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, sócios há mais de 40 anos, que detêm grandes companhias como Burger King, Ambev, Lojas Americanas e Kraft Heinz. O segundo livro, de 2015, foi sobre Abilio Diniz, que foi presidente do Pão de Açúcar por muitos anos. O mais recente, de outubro do ano passado, aborda lições de Vicente Falconi, consultor de gestão e escritor brasileiro. Com especialização em publicações pela Universidade Yale, Cristiane dá palestras sobre gestão e empreendedorismo e foi eleita uma das personalidades mais influentes do Brasil pela revista Época. A jornalista pretende contar histórias de mulheres de sucesso no futuro.

Quais as grandes lições que suas obras transmitem aos leitores?
Uma que merece destaque é: pessoas bem-sucedidas não são imediatistas, pensam em longo prazo. Tem gente que está começando a carreira e espera que tudo seja fácil e rápido, mas isso está errado. Outro ensinamento é: não há nada de errado em ter ambição, desde que você jogue limpo. É legal pensar grande, não precisa ter vergonha disso, acreditando na força do desempenho e da meritocracia. Um terceiro aprendizado: organize suas finanças. As pessoas, em geral, só olham no que entra de receita e acham esse negócio de controlar custo meio chato ; e é mesmo. Mas tão importante quanto o dinheiro que entra é o que sai. Então, é preciso olhar os custos com lupa.

Conhecendo a fundo histórias de empresários, qual a sua conclusão sobre empreender?
As pessoas têm uma ideia meio romântica do empreendedorismo. Tem gente achando que é moleza, que quem partir para isso ficará rico. E não é assim. Muito provavelmente, o empreendedor trabalhará mais e por muito tempo até os projetos finalmente darem certo. Para abrir um negócio, você realmente tem de ter o sonho de ter aquela empresa. Eu não acredito em empreendedor cujo objetivo é enriquecer. Ganhar dinheiro, claro, é consequência, mas não pode ser a única motivação.

Descrever os percalços e aprendizados de grandes empresários impactou seu trabalho como autora de
alguma forma?

Aprendi, por exemplo, a ter metas para tudo na minha vida. Sem elas, é muito fácil se perder. Então, quando começo um projeto, tenho em mente quanto tempo demorarei para executar aquilo; determino até mesmo quantos caracteres tenho de escrever por dia. Aprendi a cuidar melhor do meu dinheiro também. Hoje em dia, na hora de fazer uma compra, sou menos impulsiva e analiso se realmente preciso daquilo. Também desenvolvi um pensamento de longo prazo: cada projeto meu dura cerca de dois anos, mas, enquanto estou conduzindo algo, penso no próximo passo. É diferente da minha vida como jornalista antes, quando eu tinha um pensamento quinzenal.

Como começou o projeto de escrever livros sobre empreendedores?
Eu trabalhava em uma revista de negócios, então conhecia as pessoas que retrato nas obras. Foi um caminho natural continuar contando histórias de empreendedores, só que em formato de livro. Nem sempre é fácil: já me foram negadas muitas entrevistas. Até porque existe uma preocupação com o resultado final: os empresários não sabem se será positivo ou negativo para eles, pois não leem meu manuscrito antes de os exemplares chegarem às livrarias. Minhas publicações são independentes, do jeito que eu fazia quando escrevia matérias. Minha grande preocupação é garantir que o material seja idôneo, que as informações colocadas ali sejam verdadeiras. O livro tem de ser verdadeiro e contar o que aconteceu. Para isso, faço centenas de entrevistas e busco falar com todos.

Os bons resultados de vendas dos seus livros se devem ao interesse dos brasileiros por histórias de sucesso?
Acredito que boa parte dessa procura vêm de leitores que sonham com o empreendedorismo. Há 15 anos, ninguém falava nessa palavra. As pessoas querem conhecer quem conseguiu fazer um projeto dar certo antes de colocar a mão na massa. Mas nos livros que escrevo, não mostro só que deu certo: é possível aprender com o que deu errado, pois revelo as dificuldades envolvidas na missão de empreender, não é um mundo cor-de-rosa. Acho que eu conto o enredo dessas pessoas que empreenderam e tiveram bons resultados de um jeito pelo qual o leitor se sente atraído.

Conquistar espaço no mercado editorial internacionalmente demonstra que trajetórias de empresários brasileiros têm ganhado projeção mundial?

Sim. Um exemplo disso é o meu primeiro livro Sonho Grande, traduzido em seis idiomas, em que conto a história do trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Então, são empresários que sempre foram muito discretos e que, até pouco tempo, não eram conhecidos nem no Brasil, imagine fora. E, aí, de repente, eles começam a fazer várias aquisições fora, por isso, acabam despertando o interesse do público do exterior.

Leia!

Confira os três livros que Cristiane Correa lançou, todos pela editora Primeira Pessoa

Com 550 mil exemplares vendidos, jornalista escreveu três obras detalhando trajetórias de grandes homens de negócio do país

Sonho grande ; Como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo
264 páginas
R$ 49,90
Ano de publicação: 2013
O livro relata a história de três grandes empresários de sucesso ; Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, donos de empresas como Burger King, Lojas Americanas, Ambev, entre outras. A obra traz um relato completo dos bastidores da trajetória desses três homens de negócios.

Com 550 mil exemplares vendidos, jornalista escreveu três obras detalhando trajetórias de grandes homens de negócio do país

Abilio ; Determinado, ambicioso, polêmico. A trajetória de Abilio Diniz, o empresário brasileiro mais importante do varejo global
272 páginas
R$ 29,90
Ano de publicação: 2015
O livro mostra como a ambição de Abilio Diniz transformou a doceria da família em uma potência: o grupo Pão de Açúcar. O negócio foi inaugurado, em 1948, pelo pai dele, o português Valentim dos Santos Diniz. Com o tino para os negócios do primogênito, a família abriu um supermercado, primeiro passo para a construção da maior varejista do Brasil.

Com 550 mil exemplares vendidos, jornalista escreveu três obras detalhando trajetórias de grandes homens de negócio do país


Vicente Falconi ; O que importa é resultado. O professor de engenharia que revolucionou o modelo de gestão no Brasil
200 páginas

R$ 39,90
Ano de publicação: 2017
Este livro conta em detalhes a trajetória de Vicente Falconi, consultor em gestão, escritor e professor de engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é sócio-fundador e presidente do Conselho de Administração da Falconi Consultores de Resultado, reconhecida pela capacidade de ajudar instituições (grandes ou pequenas, públicas ou privadas) a aperfeiçoarem sistemas de gestão.



*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação