Quem visita o ateliê Maria de Fátima Cake Designer, espaço amplo e luxuoso na 716 Norte, não imagina, logo de cara, que a proprietária passou por muitos percalços para conquistar o sucesso. O local reúne um café, além de receber encomendas de doces e bolos para festas. Antes de trabalhar na área, Maria de Fátima Ferreira de Morais, 53 anos, foi vendedora numa barraca de feira, babá e empregada doméstica. Ela descobriu a vocação para a confeitaria há 30 anos. “Cheguei até aqui por causa do bolo de aniversário de um ano do meu filho, eu queria fazer algo bacana para a festinha dele”, diz. Na época, ela fez uma torta com um desenho de palhaço. “O bolo era chapado, daqueles que você tem que chegar perto para ver o desenho. Depois disso, fiquei com vontade de fazer algo diferente.” Sem internet, o acesso a informações era mais difícil, mas Maria de Fátima conseguiu inspiração numa revista de culinária que trazia a receita de uma torta em formato de castelo. “Só que a publicação não ensinava os segredos, eu fazia e não dava certo. Então, fui fazendo até acertar. Quando você é perseverante e gosta do que faz, vai atrás”, explica.
“Naquele tempo, eu quase não tinha acesso a cursos, pois eram muito caros. Então, eu fui me desenvolvendo entre tentativa e erro”, relata. Foi com esse senso de dedicação e de lutar pelo que quer que ela passou a receber encomendas de amigos. Em seguida, recorreu ao Correio Braziliense para atrair o público de fora. “Eu anunciava e as pessoas ligavam”, lembra. Com o tempo, a cozinha de casa passou a não ser suficiente para a demanda, até porque ela passou a fornecer tortas para bufês e casas de festas. Também começou a trabalhar não mais só com glacê, mas também com pasta americana e decoração artística. “Foi quando a coisa começou a andar mais rápido. Às vezes, eu trabalhava a semana inteira, parando para dormir só meia hora por noite. Quando vi, tinha várias pessoas trabalhando comigo”, afirma. Foi então que ela montou uma casa separada só para a produção e venda de bolos no Lago Norte.
“Abri essa sonhada maison de doces em 2003, com estrutura de cozinha e showroom. Era um espaço lindo, mas o lugar foi feito para ser uma casa e não um negócio.” Foi então que o ateliê passou a ter endereço na 716 Norte, com “estrutura de empresa”, como descreve Maria de Fátima. Atualmente, o estabelecimento fornece desde bolos simples, para um chá da tarde, até elaborados, para casamentos, festas infantis e aniversários. “Por semana, atendemos de 50 a 60 contratos de festas. Mas varia muito com o tamanho do evento. Dependendo do porte, dá para fazer até 100 por semana”, explica. Toda a produção é artesanal. “Não temos máquinas para glaçar bombons. Nossos doces são mexidos à mão.” Apesar de o negócio ter ultrapassado as fronteiras da cozinha de casa, o compromisso foi de manter a qualidade. “Essa sempre foi a maior preocupação, por isso que nossos clientes nos acompanham até hoje.”
Recompensas
O reconhecimento veio tanto por meio da fidelidade da freguesia quanto pelo Prêmio Sebrae Mulher de Negócios de 2013. “Ganhar esse prêmio foi uma felicidade que não cabe no peito. No entanto, o empreendedorismo não é feito só de flores, há muitos espinhos. As coisas não vêm facilmente”, diz. Para conseguir chegar lá, a empreendedora vê como fundamental, além de dedicação e força de vontade, amizades e parcerias. “Deus sempre colocou pessoas maravilhosas na minha vida. Nada cai do céu, mas Deus coloca anjos da guarda, em forma de pessoas, para me ajudarem.” Entre esses guardiões, estão o marido, Jeová Donizeti de Morais, 56, que cuida da parte financeira e do RH da empresa; o filho, o publicitário Bruno Ferreira de Morais, 31, responsável pela comunicação e pelo marketing do negócio; e os netos de 3 e de 10 anos. Entram no rol de pessoas especiais os 35 funcionários e ainda amigos. “Bete e Afonso são meus ex-patrões, fui empregada doméstica na casa deles. São pessoas que sempre me apoiaram e me ajudaram, como se fossem meus segundos pais”, diz. “Costumo dizer que a Maria de Fátima começou sozinha com um sonho que achava a coisa mais linda dessa vida e foi em busca disso. No meio da caminhada, fez outras pessoas caminharem com ela. Ninguém consegue fazer tudo sozinho”, pondera sobre a própria história.
“O principal, para mim, não é o dinheiro, mas o gostar de fazer, além de respeitar o cliente”, comenta Maria de Fátima. Apesar disso, os ganhos financeiros foram importantes para que ela conseguisse estudar e custear os estudos do filho. “Tenho orgulho de dizer que tudo isso foi pago com bolos e doces”, comemora. Durante a infância e a adolescência, estudar era um desafio para Maria de Fátima. Quando concluiu o nível médio, estava casada. Depois, fez curso técnico em administração e faculdade de gastronomia. “Eu sou uma eterna aprendiz”, afirma.
Saiba mais
Maria de Fátima Cake Designer, 716 Norte, Bloco C, Loja 30.
www.blogdamf.com / 3368-9321 / 99966-2846 (WhatsApp)