Jornal Correio Braziliense

Trabalho e Formacao

Profissionais endividados têm menor atenção e desempenho no trabalho

Problema afeta 42% da população. Entre os servidores públicos, que têm maior facilidade para conseguir empréstimos, o índice de funcionários com débitos chega a 29%. Os números expressivos se devem à falta de educação financeira

Dívida afeta desempenho

A preocupação com os débitos prejudica a saúde, a atenção e a produtividade, o que gera resultados negativos no trabalho. Apesar de, em média, terem salários superiores ao do resto da população e ainda contarem com estabilidade, os servidores públicos apresentam alto índice de endividamento: eles têm mais facilidade de conseguir empréstimos. A falta de educação financeira, porém, é um problema comum também entre empregados da iniciativa privada
Bárbara Inácio, 42 anos, é professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) e engrossa os números de inadimplência de funcionários públicos no Brasil: 29% dos servidores estavam com o nome sujo no fim de 2017, segundo pesquisa da Serasa Experian, empresa de análises e informações de crédito.Moradora de Brazlândia, Bárbara acredita que a dívida total chega a R$ 250 mil. ;Entre 70% e 75% da minha renda está comprometida com pagamento de passivos. Tem conta que nem consegui negociar porque não daria para cumprir;, relata a graduada em matemática e em pedagogia. Compras de roupas e cosméticos foram as que mais comprometeram a renda. Atualmente, ela lida com financiamento de carro e empréstimos bancários. Para quitar os débitos, penhorou joias, chegou a perder uma casa que estava financiando e até a recorrer a agiotas. ;Se faltava dinheiro, eu fazia um empréstimo para continuar consumindo. Isso gerou uma bola de neve.;

A tensão com relação às finanças comprometeu até a saúde da servidora: Bárbara perdeu muitas noites de sono. ;Tenho pressão alta e quando me ligavam para cobrar, eu perdia a paciência, e o nível de estresse ficava bem alto;, lembra. Atualmente, ela tenta focar outras coisas. ;Antes eu me preocupava mais. Não posso mais ficar perdendo tempo com isso. Penso mais nos meus filhos;, conta a mãe de dois meninos, de 4 e de 10 anos. Ela também tem evitado fazer compras. ;Atualmente meu pai e meu marido me ajudam, porque são mais controlados. Tenho gastado bem menos;, afirma. A pós-graduada em ciências humanas diz que não teve boa educação financeira nem na família, nem na escola. ;O descontrole e a vontade de gastar vieram de casa. Minha mãe me criou, mas ela não é muito econômica. Acabo comprando muita besteira e coisas desnecessárias;, afirma.

Pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas do DF (CLDF) demonstrou que o número de inadimplentes na capital federal saltou 8,82% entre junho de 2017 e junho de 2018. No fim do ano passado, eram 906 mil negativos no DF, o que equivale a 39,53% da população entre 18 e 94 anos. O estudo mostra que os setores credores com maior crescimento de dívidas em atraso em Brasília foram água e luz. A faixa etária com o maior aumento na quantidade de negativados é de idosos, de 85 a 94 anos, que chegou a 33,52% em junho. Levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgado na segunda-feira (16), revelou que 63,6 milhões de consumidores (o que equivale a 42% das pessoas acima dos 18 anos) estão com o CPF restrito por causa de atraso no pagamento das contas. E os servidores públicos (são cerca de 635 mil na esfera federal e 129 mil no Governo de Brasília) são responsáveis por boa parte dessa fatia por terem mais facilidade de acesso a empréstimos, como explica Heber Filho, gerente de Estratégia e Gestão da Serasa.

O crédito consignado, principal linha de crédito buscada por esse tipo de trabalhador, acaba se tornando a grande explicação para o elevado endividamento. Isso porque, os servidores são atraídos pelos juros mais baixos (1,8% ao mês) se comparados aos empregados da iniciativa privada (2,8%). Os funcionários públicos devem R$ 180,2 bilhões em crédito consignado, segundo o Banco Central ; quase 10 vezes mais que empregados da iniciativa privada, que têm débito de R$ 19 bilhões nessa modalidade de empréstimo. Entre janeiro e maio, os servidores pegaram R$ 4 bilhões emprestados, contra R$ 602 milhões de quem trabalha em empresas particulares. Por dia, os funcionários de todas as esferas da administração pública contratam R$ 26,8 milhões em financiamentos com disconto em folha.
;O consignado é de fácil acesso e controlado, de certa forma, pois pode atingir até 35% da renda mensal. No entanto, após comprometer a margem disponível, o trabalhador acaba recorrendo a outras linhas, como o cartão de crédito, que tem juros muito mais altos;, explica. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o cartão de crédito é responsável por 77% do endividamento da família brasileira.

A falta de controle e de planejamento financeiros, tanto entre funcionários da esfera pública quanto entre empregados de empresas particulares, são as grandes causas por trás dos números de inadimplência no país. ;Nos surpreendemos com o resultado do estudo, esperávamos que houvesse menos servidores endividados por causa da estabilidade e dos salários melhores do funcionalismo público se comparados a cargos semelhantes no setor privado;, comenta. ;A crise financeira nos estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais, em que os pagamentos chegaram a ser parcelados e até mesmo suspensos por um período também contribuiu para agravar a situação dos funcionários públicos endividados;, analisa Heber.

Retenção na conta

De acordo com o artigo 145 da Lei Orgânica do DF, os servidores do Governo de Brasília só podem receber salários pelo Banco de Brasília (BRB). Dessa forma, uma parte dos vencimentos dos funcionários endividados com o crédito consignado fica retida no banco. No entanto, segundo a Caixa Assistencial de Benefícios dos Servidores do GDF (Cabs), instituição criada visando forçar negociações das dívidas entre governo, servidores e bancos, o BRB tem ;tratado os servidores públicos de forma perversa, pois retém mais de 30% do salário dos trabalhadores, descumprindo decisão judicial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que proíbe a prática;. Bárbara faz parte da Cabs e reclama da forma como o banco renegociou a dívida. ;Eles refinanciaram tudo outra vez em 96 prestações. Eu não tinha outra opção. Somos reféns dessa situação. Eles sempre dão um jeito de fazer novos empréstimos;, lamenta

Causa comum

Segundo especialistas, o endividamento de servidores e trabalhadores da iniciativa privada coincide em um ponto: a falta de educação financeira. O fato de a maior parte das pessoas não planejarem o orçamento é fruto da ausência de ensino sobre o uso do dinheiro ao longo da vida. Essa é a análise de Rafael Rico, educador financeiro do programa Superendividados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). ;O brasileiro, em geral, não teve a cultura de educação financeira. Pode até ter sido ensinado pelo pai ou pelo avô a poupar, mas sem a metodologia correta. O comum é o trabalhador querer consumir de forma imediata e não fazer diagnóstico das receitas e dos gastos;, observa.
Para Marcelo Fiche, professor e coordenador do curso de economia da Universidade Católica de Brasília (UCB), o maior mal é o consumo desenfreado. ;O grande erro é que na hora de comprar, o consumidor só olha se o valor cabe no bolso. Ele não observa que, às vezes, está pagando taxas altíssimas de juros por mês para ter aquele produto ou serviço;, aponta. ;Falta gestão das próprias finanças e saber utilizar corretamente o dinheiro;, concorda Heber Filho, engenheiro civil pela Universidade de São Paulo (USP), com MBA em gestão empresarial, empreendedorismo e inovação pela Fundação Instituto de Administração (FIA).

Saúde em risco

As dívidas difíceis de pagar e a preocupação com a inadimplência afetaram a saúde da personal trainer Amanda Henrique, 32. Após se divorciar do ex-marido, a queda na renda não foi acompanhada de uma redução no consumo, e isso gerou um quadro de ansiedade. ;Afetou a minha saúde, tive até pneumonia porque não conseguia me recuperar de uma gripe simples. Foi, então, que decidi procurar ajuda de uma psicóloga e passei a fazer terapia;, conta. Para a empresária, que é dona de uma loja de ração para cachorros, as dívidas começaram ainda antes do término do casamento e ela continuou consumindo além do que ganhava quando passou a contar apenas com a receita própria. Amanda chegou a ficar com nome sujo. Depois, limpou, mas continua tendo de quitar dívidas.

Embora se considere satisfeita com a renda que tem, os boletos que chegam todos os meses comprometem a recuperação financeira. ;As minhas dívidas são pagáveis, não estou desesperada com o nome sujo, mas está sendo um pouco difícil me adaptar a um novo padrão de gastos que se encaixe na minha realidade;, assume. Mãe de uma menina de 14 anos, Amanda não foi educada financeiramente quando criança e agora corre atrás para aprender por conta própria. ;Tive de aprender sozinha e contratar consultoria para começar a compreender a minha realidade econômica de despesas e receitas;, afirma. Agora, ela participa de eventos sobre finanças para continuar melhorando. O último foi o Encontro Nacional sobre Educação Financeira, que ocorreu na quinta-feira (19) no Hotel San Marco, em Brasília.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA ;

Responsabilidade partilhada

As noites mal dormidas pensando nas dívidas acabam, na maioria das vezes, afetando a produtividade do trabalhador. ;A organização e a execução das tarefas são comprometidas, porque a pessoa perde a concentração. O funcionário passa a se comparar com outros colegas e, por achar que eles sabem de alguma coisa, fica envergonhado;, aponta Meg Gomes, psicóloga e terapeuta financeira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos acredita que os empregadores têm obrigação de investir em educação financeira, a fim de capacitar os funcionários que estão endividados a pagarem os atrasos, visando também prevenir que outros cheguem ao mesmo estado. ;A empresa precisa investir em um programa de educação financeira;, defende.

;As dívidas têm reflexos diretos na saúde física e mental dos funcionários, gerando problemas de relacionamento familiar, além de causar queda na produtividade;, argumenta Reinaldo. Marcelo Fiche, especialista em finanças pela UCB, concorda que as instituições devem prestar mais atenção à vida financeira dos empregados. ;Seria positivo se as empresas trabalhassem nesse sentido de explicar o valor do dinheiro. Uma pessoa inadimplente que não consegue pagar contas, como aluguel, vai ter o nome na Serasa. Isso gera crise na família e atrapalha o rendimento no trabalho;, analisa. Embora critique a falta de políticas públicas sobre educação financeira, a psicóloga Meg tem observado empresas de médio e grande porte promovendo e estimulando os trabalhadores a fazerem cursos na área. Segundo ela, ambos só têm a ganhar. ;É uma mão de via dupla: as empresas se preocupam com o trabalhador e ganham funcionários motivados, produtivos e com o bem-estar lá em cima;, afirma.

Passos para se estruturar financeiramente

1. Anote todas as despesas no papel durante 30 dias. Do cafezinho na padaria à prestação do carro. Nada pode ficar de fora.

2. Organize os resultados em uma planilha. Veja qual o percentual dos gastos em relação à receita. Se nada estiver sobrando ou faltando, é hora de cortar gastos.

3. Envolva a família. De acordo com Reinaldo Domingos, cerca de 80% das despesas do lar provém de todos os membros e não de apenas um indivíduo. A transparência é fundamental para que todos se envolvam e os resultados sejam mais eficazes.

4. Renegocie as dívidas. Tente trocar todas as dívidas por uma única apenas.

5. Se é servidor público, encerre a linha de crédito que mais deteriora a capacidade de pagamento, como o cartão de crédito ou o empréstimo pessoal. Troque pelo consignado. Se a margem desse foi comprometida, tente uma renegociação com os credores para ganhar mais prazo.

6. Pode parecer simples, mas nunca gaste mais do que ganha.

7. Aumente as receitas. Busque outras fontes de renda. O microempreendedorismo pode ser uma boa opção.

8. Não compre por impulso. Avalie se realmente precisa daquele produto ou serviço. Alguns especialistas recomendam não comprar de primeira. Se aquilo não for essencial, alguns dias serão suficientes para fazer você desistir.

9. Procure a ajuda de um profissional. Às vezes, trata-se de um problema que afetou a capacidade pessoal de solucioná-lo por conta própria.

Fontes: Meg Gomes, Marcelo Fiche, Reinaldo Domingos e Heber Filho

Raio-X da inadimplência do servidor público
Confira números com comentários de Heber Filho, gerente de estratégia e gestão da Serasa Experian

29% dos servidores em geral são inadimplentes

31,7% dos servidores do sexo masculino são inadimplentes

25,7% das servidoras do sexo feminino são inadimplentes

Por região
Norte 44,7%
Nordeste 34,3%
Centro-Oeste 32,1%
Sudeste 26%
Sul 24,8%

* A região Norte apresenta o maior número de servidores endividados, porque segue a distribuição de renda e inadimplência no país. Lá e no Nordeste, se praticam os menores salários.

Por faixa etária
De 18 a 30 anos - 37,3%
De 31 a 35 anos - 28,1%
De 36 a 40 anos - 29,8%
De 41 a 50 anos - 30,9%
De 51 a 60 anos - 28,3%
61 anos ou mais - 21,1%

Por renda
Até um salário mínimo 46,6%
Entre um e dois salários mínimos 32,9%
Entre dois e cinco salários mínimos 29,9%
Entre cinco e 10 semestres 325,9%
Acima de 10 salários mínimos 15,6%

* Os jovens entram no mercado em cargos que pagam menos, com faixas de salário que, normalmente, são menores tanto no setor público quanto no privado. Eles acabam se comprometendo com dívidas que superam seus ganhos mensais e se endividam por isso.

Aulas de educação financeira no TJDFT

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) tem um Centro Judiciário de Solução de Conflitos e de Cidadania (Cejusc), criado com a finalidade de promover a prevenção, o tratamento e a resolução de conflitos envolvendo consumidores em situação de alto endividamento. O Cejusc Superendividados surgiu em 2014, vinculado à segunda vice-presidência do órgão e, em 4 de fevereiro de 2016, a Portaria Conjunta n;4 transformou o programa em unidade judiciária com autonomia e estruturas próprias. O Superendividados é gratuito e voltado exclusivamente para os moradores do DF que estejam inadimplentes e queiram se reeducar financeiramente para sair do vermelho. Apesar do pouco tempo de existência, o programa tem média de 49% de acordos entre credores e endividados e um índice de 95% de satisfação.

As primeiras conciliações se iniciam cerca de 45 a 60 dias depois que o cidadão manifesta interesse em participar do programa. O processo é longo, e o objetivo é mudar a mentalidade econômica das pessoas. ;O nosso objetivo é fazer os efeitos da educação financeira perdurarem. O endividamento pode ser uma situação momentânea;, afirma Rafael Rico, educador financeiro do programa. A equipe do Superendividados conta com quatro funcionários: duas psicólogas, um educador financeiro e uma estudante de direito. A iniciativa também tem 20 voluntários, entre psicólogos, advogados, assistentes sociais e educadores financeiros. ;Esses números se referem apenas à frente de tratamento. Na prevenção ao endividamento, fazemos palestras em órgãos públicos e em empresas privadas que solicitam;, diz Rafael, bacharel em direito pela Faculdade Anhanguera.

Embora atue como conciliador, o programa Superendividados é imparcial, isso é, não diz ao participante se ele deve ou não fazer acordos com os credores e em que condições isso deve ocorrer. A ideia é educar para que a pessoa possa tomar a melhor decisão. A resposta negativa a uma proposta de acordo das empresas também é considerada positiva, se tomada com consciência financeira. ;Nós temos parcerias com universidades, como o Centro Universitário de Brasília (UniCeub) para dar um suporte psicológico ainda maior às pessoas.;

Como participar

; Inscrições: super@tjdft.jus.br
; Documentação necessária: nome completo, CPF, endereço e telefones para contato
; Etapas: entrevista e apresentação de documentação necessária em um dos cinco fóruns do TJDFT (Fórum Desembargador José Júlio Leal Fagundes, próximo ao ParkShopping; Fórum de Brasília, do Paranoá, de Taguatinga e de Sobradinho). Endereços completos no link: bit.ly/2LbHF3q.
; O programa em oficina sobre educação financeira, orientação financeira individual, orientação psicossocial individual, constelação familiar, grupo temático de enfrentamento, além de sessões de conciliação para renegociação das dívidas.

Cobrança abusiva

Está endividado? Entenda o que a empresa pode ou não fazer na hora de requerer o pagamento:

; A instituição pode enviar o nome do cliente para negativação a partir do primeiro dia de atraso sem avisar sobre o procedimento.

; A instituição credora não pode ligar depois das 20h ou nos fins de semana. Somente em horário comercial.

; A cobrança não pode ser vexatória, ou seja, a empresa não pode ligar para o trabalho do endividado e informar a um colega sobre a dívida, por exemplo.

; Nada de ameaças na cobrança. Isso é considerado abuso.

; Não existe um limite máximo de ligações que a empresa pode fazer, mas, se o funcionário se sentir incomodado, pode pedir para não receber mais contatos, pois está ciente da situação.

; Caso o constrangimento persista, o cliente pode acionar os órgãos de defesa do consumidor (ligando no 151) e, em último caso, até a Justiça.

Palavra de especialista

Poupar para a aposentadoria

;Nossos pais e avós contribuíram com a previdência por anos e tiveram aposentadorias muito abaixo do que aquilo que pouparam ao longo do tempo. Os valores de recolhimento no futuro serão bem inferiores ao que contribuímos. A questão é que não dá para ter uma vida de qualidade se depender apenas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Até mesmo as aposentadorias do serviço público estão ameaçadas de uma nova correção nos valores, o que impacta na perda de poder aquisitivo. As pessoas devem ter uma previdência complementar. Isso passa por uma análise de qual valor elas precisam para compensar a ausência de sustentabilidade com a previdência tradicional. Portanto, não dá para ficar dentro dessa redoma esperando melhorias do sistema. Essa reforma vem para complicar ainda mais, pois ela vai alongar o tempo necessário para se aposentar.;

Reinaldo Domingos, presidente da Abefin e da DSOP Educação Financeira; doutor em educação financeira pela Florida Christian University, apresentador do canal Dinheiro à vista no YouTube

*Estagiário sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa