Eduarda Esposito*
postado em 22/07/2018 15:57
O agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira. Somente no ano passado, o ramo representou 44% das exportações do país. Além dessa força internacional, o campo continuou firme e forte durante a crise econômica, sendo responsável por 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e por um terço de toda a mão de obra nacional. Ou seja, é uma área forte economicamente e muito produtiva. Engana-se quem pensa que não é preciso estudar para trabalhar no ramo. Há cada vez mais avanços nessa seara, que busca profissionais qualificados. Para suprir essa demanda, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Instituto CNA (ICNA), criou uma unidade de ensino, a Faculdade CNA, que oferece graduações a fim de preparar tecnólogos, pós-graduações e cursos livres.
;Nós começamos a detectar que havia uma lacuna muito grande em gestão do negócio. Os produtores ainda não têm aquela visão empresarial, e as universidades formam em produção e não em empreendedorismo;, diz o diretor-geral da CNA, André Sanches. ;Por isso demos um passo na nossa linha educacional e resolvemos investir na faculdade para criar um curso de gestão do agronegócio, nas modalidades presencial e a distância em 2013, em atividade em Brasília desde 2014;, explica. Atualmente, a instituição oferece ainda outros cursos superiores, em gestão ambiental, gestão de recursos humanos, e processos gerenciais e logística. Como o campo do agronegócio é enorme no Brasil, André observa que pessoas que trabalhavam em outras áreas passaram a procurar as formações. ;De 2014 a 2017, a agropecuária foi o único setor que teve balanço positivo, com garantia de trabalho e de emprego. As pessoas que não vieram do agronegócio percebem isso;, diz.
Carina Padilha, 31 anos, é exemplo disso. Graduada em relações internacionais desde 2011, ela cursa gestão do agronegócio a distância na instituição. ;O curso de relações internacionais nos prepara para trabalhar em ONGs ou no governo, mas eu sempre tive muito interesse pela agricultura e pelo ambiente;, diz ela que, atualmente, não está trabalhando. Carina esclarece também que as duas graduações não são tão distantes quanto se imagina. ;Esse setor tem tudo a ver com relações internacionais na parte econômica, tendo em vista que o agronegócio tem sustentado nosso país. Queria entrar em um setor em que eu pudesse agregar valor ao Brasil e desenvolver projetos para torná-lo referência nesse assunto;, declara.
Editor de imagens da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) há seis anos, Cleiton Chaves Fernandes de Brasília, 42, estuda gestão do agronegócio na modalidade presencial. ;Fiz o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com minhas filhas e consegui nota pra fazer esse curso na Universidade de Brasília (UnB). Só que seria muito contramão porque eu trabalho no Plano Piloto durante o dia, e o curso era em Planaltina, à noite. Por isso, procurei a CNA;, relata. ;Meu pai tem uma chácara e todo o cenário que o Brasil vive com o agronegócio me ajudou a fazer o curso;, diz. ;Estou bebendo da fonte, tendo contato com profissionais da academia e com a prática;, afirma.
Josué Bento Camargo, 42, trabalha na Gerência de Apoio à Área Rural (Gear) da Administração Regional do Gama, terminou o curso de gestão do agronegócio presencial no fim do ano passado e elogia a formação. ;A CNA basicamente banca esse curso para a gente, ela arca com a maior parte dos custos. Tiveram a ideia brilhante de formar os gestores, com um corpo discente fantástico;, diz. O problema, segundo ele, é que não há encaminhamento para o mercado de trabalho. ;Muitas vezes, o aluno se forma e fica parado;, comenta ele, que, antes de trabalhar no Governo de Brasília, era produtor rural, cultivando flores e hortaliças.
Estrutura presencial
;Nós temos uma base muito grande de apoio aos produtores rurais com 2 mil sindicatos em todas as regiões. Esses sindicatos têm polos de educação e treinamento, ou seja, nosso ensino a distância tem potencial para se expandir por todo o país;, afirma André Sanches. As formações oferecidas pela CNA on-line contam com amparo físico nesses sindicatos, que se tornam polos de educação a distância (EAD), como esclarece Dyovanna Depolo, coordenadora de EAD do CNA. ;O aluno precisa ir ao polo realizar as provas presenciais, duas vezes por semestre. As sedes contam com bibliotecas, salas de informática, secretarias;, destaca. Esses espaços também são importantes para outra finalidade. ;Caso os alunos não tenham ou fiquem sem computador ou acesso à internet, poderão usufruir da estrutura dos núcleos;, informa. Já as formações presenciais em Brasília ocorrem na sede da CNA, no Setor Bancário Norte.
Formações necessárias
A professora de agroindústria do Instituto Federal de Brasília (IFB), Heloisa Alves Sousa Falcão, ressalta a importância do tipo de curso para os pequenos produtores. ;Agregação de valor pode gerar renda, ainda mais com mercados internacionais atualmente precisando desses produtos. A formação faz com que o produtor consiga obter lucro de forma eficaz e planejada. A demanda de mercado é grande, e isso faz os pequenos produtores procurarem esses cursos;, explica. A professora Michelle Souza Vilela, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Brasília (FAV/UnB), destaca ainda que existe carência de profissionais formados nas áreas gerenciais. ;Precisamos estimular nossos alunos rumo ao empreendedorismo e, infelizmente, não temos cursos voltados para isso e existe pouco contato. Os estudantes procuram e não conseguem, alguns acabam vindo até mim para buscar informações sobre isso, mas temos essa dificuldade;, diz.
Conectados
Economia rural é um dos assuntos tratados nas graduações da Faculdade CNA. Paulo André Camuri, professor da disciplina, explica que ela é central para os negócios do campo. ;Hoje, a agropecuária depende de insumos que variam com o preço do câmbio e isso afeta o planejamento financeiro que se faz para a propriedade. O produtor precisa entender o contexto em que o agronegócio está inserido, além do terreno;, diz. ;É possível vender uma parcela da sua produção no mercado futuramente, e ele, como gestor, não precisa esperar a produção ser colhida: pode, antecipadamente, fazer fluxo de caixa com essa safra, mas, para isso, é necessário entender as ferramentas e como o mercado funciona;, explica. Sobre o valor da moeda estrangeira, Paulo relata que é possível prever situações inesperadas, sabendo analisar as variações dos valores. ;Observando o câmbio, o produtor pode antecipar a compra de fertilizantes e insumos e fazer mais cedo a venda de parte da produção que colherá daqui a alguns meses para garantir um preço melhor;, informa.
Estude!
As inscrições para graduações a distância da Faculdade CNA estão abertas até quarta-feira (25) no site faculdadecna.com.br. Conheça os cursos ofertados agora:
Gestão do agronegócio
Carga horária: 2.400 horas
Mensalidade: R$ 179
Modalidades: presencial e a distância
Gestão ambiental
Carga horária: 1.600 horas
Mensalidade: R$ 179
Modalidade: a distância
Gestão de recursos humanos
Carga horária: 1.600 horas
Mensalidade: R$ 179
Modalidade: a distância
Processos gerenciais e logística
Carga horária: 1.600 horas
Mensalidade: R$ 179
Modalidade: a distância
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa