Thays Martins
postado em 26/08/2018 16:06
O empreendedorismo está em alta. Basta olhar os números para entender isso. O Brasil é um dos países que mais empreendem no mundo de acordo com o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Em 2017, a cada 100 brasileiros adultos, 36 estavam conduzindo algum negócio. O que não quer dizer, necessariamente, que tenhamos sucesso no ramo. Muitas das empresas abertas por aqui fecham menos de três anos depois ; reflexo da falta de educação empreendedora. Em geral, os brasileiros não têm aulas sobre como abrir ou gerenciar um empreendimento nem durante a escola nem durante a faculdade. É para levar ao público jovem capacitação nessa área que existe a Junior Achievement. A instituição norte-americana foi criada há quase 100 anos e está em atividade no Brasil desde 1983, onde capacitou mais de 4 milhões de jovens.
A ONG completa 15 anos de atuação no DF em 2019 e, por aqui, treinou mais de 133.500 estudantes de 350 escolas. Na capital federal, o projeto contou com 3.840 voluntários, que desenvolveram 53.085 horas de trabalho. Internacionalmente, a entidade está presente em mais de 120 países, propagando conhecimento para mais de 10 milhões de alunos por ano. A organização oferece cursos e oficinas gratuitos de temas como educação financeira, preparação para o trabalho e empreendedorismo em escolas de ensinos fundamental e médio. Amanhã (27), ocorre a formatura de mais sete turmas do Miniempresa, principal capacitação ofertada pela ONG. São 110 alunos dos colégios Ciman, La Salle, Sigma (Asa Sul), Instituto Federal de Brasília (câmpus São Sebastião) e Serviço Social da Indústria (Sesi, de Taguatinga, Sobradinho e Gama).
A celebração será no Auditório do Edifício CNC, no Setor Bancário Norte, a partir das 19h. Todos os participantes receberão certificado de conclusão de curso de 60 horas. Uma das formandas, a estudante do 2; ano do ensino médio integrado ao curso técnico de secretariado do IFB Isabella Ferreira, 16 anos, acredita que o aprendizado mediado pela Junior Achievement a acompanhará por toda a vida. ;Aprendemos muito sobre como gerir uma empresa, vimos de perto como funciona, como se paga salário, por exemplo. Acho que todas as escolas deveriam ensinar isso;, diz. Para ela, que pretende cursar graduação na área de saúde e abrir um empreendimento, os conhecimentos são mais que bem-vindos. ;Eu acho que vou levar muitas coisas para a minha vida. Esse foi o primeiro contato que tive com gestão de negócio, então aprendi muito;, afirma, satisfeita.
Proposta elogiada
No terceiro ano de aplicação do projeto, a professora de segurança do trabalho do IFB Vera Bueno destaca que a parceria não poderia ser mais oportuna. ;No nosso caso, esse ensino é ainda mais importante pelo fato de o ensino médio ser integrado aos cursos de secretariado e administração. Para os alunos, é muito gratificante ter essa prática. E nós temos aprendido bastante com a metodologia da ONG;, destaca. De acordo com a diretora executiva da Junior Achievement no DF, Olívia V;lker Rauter, a importância do programa está em suprir uma carência das escolas, já que o empreendedorismo não está entre as preocupações principais delas. ;Algumas têm a mente aberta e estão preparando alunos para empreender, outras não. Escolas muito conteudistas só estão preocupadas com o vestibular;, critica.
Só que isso até limita as opções de empregabilidade. ;A ideia é abrir a cabeça dos estudantes a fim de que eles tenham visão empreendedora. Assim, o jovem terá opção. Ele poderá até atuar como empregado, mas vai saber como é a empresa como um todo;, destaca. Olívia explica que a organização representada por ela teve início nos Estados Unidos, depois da Primeira Guerra Mundial. A motivação? O grande desemprego.
Matéria obrigatória
Advogado e sócio em um escritório de advocacia, Ricardo Sakamoto, 27 anos, participou de um dos projetos da Junior Achievement em 2005, quando cursava o 2; ano do ensino médio no Centro Educacional 3 do Guará. A partir da experiência, passou a ter certeza de que o empreendedorismo é algo que, definitivamente, precisa ser ensinado nas escolas. ;Deveria estar inserido como matéria obrigatória, pois é o que prepara para o mercado de trabalho.;
Ele acredita que o programa foi fundamental para que ele pudesse ter um escritório próprio. ;As aulas me ajudaram a ter visão de mercado e mudaram totalmente como eu via os empresários;, lembra.
Para o economista Fábio Constantino, 37, voluntário da ONG desde o ano passado, a iniciativa é de extrema importância. ;Particularmente, acredito que, para melhorar o futuro do país, é fundamental investir na educação e na capacitação de jovens. O programa incentiva o surgimento do espírito empreendedor, com uma metodologia simples e de fácil aplicação;, elogia.
Nas escolas
Um dos colégios que recebe atividades da ONG é o La Salle de Águas Claras. ;Os próprios alunos tomaram a iniciativa de procurar a Junior Achievement, e deu muito certo;, conta Tânia Payne, supervisora educativa. O projeto começou no ensino médio e, este semestre, foi expandido para o ensino fundamental. Para o estudante do 6; ano do ensino fundamental Arthur Livramento, 11 anos, esta é a oportunidade de começar a pensar no futuro, já que ele pretende ser empresário. ;Estou aprendendo a investir e a economizar;, diz. Outro aluno da escola, Henrique Proiss, 16 anos, do 9; ano, também tem como foco fundar um negócio. ;Essas oficinas me dão conhecimento para abrir minha confeitaria;, destaca.
No Centro de Ensino Médio Integrado (Cemi) do Cruzeiro, a parceria tem três anos. A orientadora educacional Andréa Matos conheceu a iniciativa em 2009, quando trabalhava em outro colégio, e resolveu levar o programa para lá. ;As atividades favorecem o pensar sobre o futuro, o desenvolvimento de competências e o interesse em continuar os estudos;, diz. Para o aluno do 2; ano Bruno Lopes da Silva, 16 anos, essa foi a oportunidade de aprender mais sobre algo que ele tem noção na prática, já que o pai dele é dono de um comércio. ;Consegui pensar sobre moral, comportamento e honestidade;, diz ele, que pretende ser veterinário e montar uma clínica. A colega Anisadday Marcelino da Silva, 16, também aprova o programa. ;Abriu nossos olhos para o que podemos fazer com a nossa carreira;, destaca ela que pretende cursar arquitetura ou engenharia da computação.
Funcionamento
A Junior Achievement conta uma grande rede de voluntários para viabilizar os cursos. Ao longo dos 14 anos de atividade no DF, 4 mil pessoas se dispuseram a ajudar a iniciativa. Os interessados em se voluntariar podem se candidatar a qualquer momento pelo site da instituição: www.jabrasil.org.br/jadf. A captação de colaboradores não remunerados também ocorre por meio do Portal do Voluntário do Programa Brasília Cidadã, do Governo de Brasília, no site: portaldovoluntariado.df.gov.br. Em junho, o governador Rodrigo Rollemberg concedeu à instituição certificado de ;Voluntário destaque;, pela atuação no programa Brasília Cidadã.
Os programas
Ao todo, a Junior Achievement oferece 21 diferentes programas no Brasil. Conheça os que são mais aplicados em Brasília:
Miniempresa
; Aplicado para estudantes de ensino médio durante 15 semanas, totaliza 52 horas de curso. Os estudantes aprendem conceitos de livre iniciativa, comercialização e produção ao fazerem todo o planejamento de um empreendimento. Nesta ação, os alunos participam de uma feira no shopping Conjunto Nacional (foto) para apresentar os produtos criados para a população.
Conectado com o Amanhã
; Curso aplicado em um único dia para o ensino médio. Tem como objetivo possibilitar aos alunos um momento de reflexão sobre o futuro e o mercado de trabalho.
Economia Pessoal
; Para alunos do ensino fundamental e com duração de 10 horas/aula, a capacitação estimula os jovens a descobrirem o potencial deles e a explorarem opções de carreira.
Vamos falar de ética
; Os alunos de ensino médio podem refletir sobre os benefícios de uma cultura ética.
Empresário sombra por um dia
; Voltado para o ensino médio, proporciona aos jovens a oportunidade de conhecer a rotina de um profissional ou empreendedor.
No mundo
Confira os países onde a Junior Achievement está em atividade
África do Sul
Albânia
Alemanha
Angola
Antilhas Holandesas
Antígua e Barbuda
Arábia Saudita
Argentina
Armênia
Austrália
Áustria
Azerbaijão
Bahamas
Barém
Belize
Bélgica
Bolívia
Botsuana
Brasil
Bulgária
Burkina Faso
Canadá
Casaquistão
Catar
Chile
China
Cingapura
Colômbia
Coreia
Costa Rica
Dinamarca
El Salvador
Egito
Emirados Árabes Unidos
Equador
Eslováquia
Espanha
Estados Unidos
Estônia
Filipinas
Finlândia
França
Gâmbia
Gana
Geórgia
Granada
Grécia
Guam
Guatemala
Holanda
Honduras
Hong Kong
Hungria
Ilhas Caymans
Ilha de Man
Ilhas Virgens Americanas
Ilhas Virgens Britânicas
Índia
Indonésia
Irlanda
Islândia
Israel
Itália
Jamaica
Japão
Jordânia
Kuwait
Letônia
Líbano
Lituânia
Luxemburgo
Macedônia
Marrocos
Malásia
Mali
Malta
México
Moldova
Namíbia
Nepal
Nicarágua
Nigéria
Noruega
Nova Zelândia
Omã
Palestina
Panamá
Paraguai
Peru
Polônia
Porto Rico
Portugal
Quênia
Quirguistão
Reino Unido
República Dem. Congo
República Dominicana
República Tcheca
Rússia
Romênia
Santa Lúcia
São Vicente e Granadinas
Senegal
Sérvia
Sri Lanka
Suazilândia
Suécia
Suíça
Tadjiquistão
Tailândia
Tanzânia
Timor-Leste
Togo
Trinidad e Tobago
Tunísia
Turcomenistão
Turquia
Uganda
Uruguai
Usbequistão
Venezuela
Vietnã
Zâmbia
*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa