Trabalho e Formacao

Cespe usa método próprio para fazer avaliações

O Cebraspe/Cespe, responsável pela elaboração de provas para mais de um milhão de candidatos nos últimos 21 meses, usa método próprio de avaliação. Especialistas explicam e avaliam a metologia do centro

Thays Martins
postado em 16/09/2018 15:36
Conhecido pela centralidade nos processos seletivos enfrentados por concurseiros, o trabalho do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe/Cespe) usa método próprio de avaliação. Uma boa parte dos concursos públicos de grande porte são organizados dos pela banca, como o esperado certame do Ministério Público da União (MPU), que será daqui a um mês. Além disso, a organizadora é responsável pela aplicação do Programa de Avaliação Seriada (PAS/UnB), uma das formas de ingresso na Universidade de Brasília (UnB) e de todos os vestibulares da instituição. Apenas entre janeiro de 2017 e julho de 2018, mais de um milhão de candidatos participaram de concursos públicos organizados pelo Cebraspe. Foram aproximadamente 240 certames nos últimos cinco anos.
Adriana Weska, diretora-geral do Cebraspe, explica a lógica da avaliação
A explicação para receios e elogios em proporções semelhantes reside no modo de avaliação. A banca usa o Método Cespe. ;Ele é fruto de pesquisas e da experiência de mais de 20 anos na área. Vai desde a orientação dos elaboradores de itens, passando pela pré-avaliação destes e pela formação dos cadernos de provas, até a correção e a geração dos resultados;, explica a diretora-geral do Cebraspe, Adriana Weska. A lógica de preenchimento das respostas pode envolver o uso simples de marcação de questões certas ou erradas ou a proposta em que uma questão errada anula uma correta. ;Nossa preocupação consiste, principalmente, em avaliar outras habilidades, além do mero conhecimento memorizado. Testamos também a compreensão, a análise, a capacidade de síntese e a aplicação do conhecimento em situações-problema;, exemplifica Adriana.

Seleção dos melhores

Estudando para concursos da área fiscal desde 2016, Paula Leitão, 34 anos, reconhece que as provas do Cebraspe assustam um pouco, mas isso não é ruim. ;Acho que elas têm um nível mais elevado do que as demais, mas não fico com medo;, destaca. ;Na primeira prova do Cebraspe que fiz, eu era mais inexperiente; então, deixei muitas questões em branco por não ter certeza. Acabei perdendo vários pontos. Atualmente, marcaria mesmo tendo dúvida, porque sei que consigo acertar a maior parte;, declara ela, que fará hoje a prova da Polícia Federal.

Na avaliação da diretora-geral, aqueles que participam dos certames do Cebraspe se mostram satisfeitos. ;Em pesquisa feita com mais de 9 mil candidatos que prestam concursos públicos, o centro foi considerado o que melhor atende às expectativas para 42,9% dos respondentes. Então, podemos entender que a nossa imagem no mercado de concursos públicos no Brasil é bastante positiva.;

Na opinião do professor Arthur Lima, do Estratégia Concursos, as provas podem até ser difíceis, mas isso garante que os aprovados sejam realmente aqueles que estudaram e têm qualidade. ;Talvez, essa seja a melhor metodologia para avaliar. Assim, se seleciona os mais bem preparados. Quando se tem uma avaliação de múltipla escolha, é possível ir por eliminação e acertar. No caso de certo ou errado, você tem que saber o conteúdo.; O que é cobrado também vai muito além do superficial. ;Geralmente, eles cobram de maneira um pouco mais aprofundada os mais variados assuntos. Em uma prova de nível médio, por exemplo, podem exigir conhecimento de jurisprudência e doutrina.;

Sem ;chutes;

O diretor pedagógico do Centro de Ensino Renato Saraiva (Cers), Rodrigo Bezerra, explica que a forma de avaliação da banca é feita para que não haja acertos aleatórios, por pura sorte. O popular ;chute;. ;Ela tem características que são bem próprias. Não sei se é a metodologia mais correta, mas tem um bom uso. É bem interessante, pois ela consegue impedir consideravelmente que tenha chute;, afirma. ;É justamente para atingir o objetivo de selecionar os candidato mais preparados que utilizamos o critério de correção com apenação. Por meio dele, é possível minimizar o acerto ao acaso. Trata-se de uma questão de justiça com os candidatos que se preparam e se dedicam aos estudos com o sonho de ingressar no serviço público;, destaca Adriana.

;Eles desempenham um nível de prova muito bom. Costumam ser sérios na cobrança do conteúdo, anulam poucas questões; então, transmitem uma certa segurança. Para encarar esse tipo de banca, é preciso estar muito bem preparado;, completa Rodrigo.

Poucos itens em branco

Diante da dificuldade da banca, Arthur Lima, professor de raciocínio lógico, afirma que o importante é se preparar bem. Assim, não há o que temer. ;Apesar do estilo ser mais complicado, é comum que sejam repetidos muitos modelos de questões e assuntos.; Por isso, ele indica que o concurseiro deve estudar bastante as características da banca para poder entender as particularidades e fazer muitas questões anteriores. Em relação à forma de correção das provas, o professor Arthur ressalta: ;Como estatístico, eu tendo a dizer que se pode chutar. Mas, isso o aluno que estudou, porque àqueles que assim não o fizeram, não têm chance com o Cebraspe;, esclarece.

*Estagiária sob supervisão de Ana Sá

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