Trabalho e Formacao

Agda Oliver mantém oficina mecânica de sucesso em Ceilândia

Mulher, mecânica, empresária e mãe, ela se consolidou mesmo em meio à crise. Estudar bastante e controlar as finanças são alguns dos segredos da gestão

Ana Paula Lisboa
postado em 30/09/2018 16:18
Há oito anos, Agda Oliver, 38 anos, teve a coragem de largar a carreira de bancária e empreender num ramo normalmente dominado por homens: o de oficinas mecânicas. O planejamento para abrir a empresa, no entanto, começou há uma década. De lá para cá, a graduada em sistemas de informação e em gestão empresarial expandiu a cartela de clientes, agrupou um time de confiança e consolidou a empresa. A Meu Mecânico, localizada em Ceilândia, tem 9 mil fregueses cadastrados. Por mês, são 310 atendimentos. Cerca de 70% do público é formado por mulheres; em grande parte, moradoras de Águas Claras. O ;ambiente feminino; ajuda a deixá-las à vontade. ;A poltrona de atendimento é rosa. Quem atende e pega a chave do carro é mulher.;
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A transparência e o acompanhamento são segredos do negócio. ;A gente esclarece o máximo possível o que é feito no carro;, diz. O contato com o público é mantido, principalmente, por meio do WhatsApp, passando dicas e oferecendo promoções. A mineira de Arinos (MG) tem quatro funcionárias (uma mecânica e três atendentes) e três mecânicos ; um deles é irmão da empresária. Além disso, o marido de Agda ajuda na parte financeira. ;O pessoal é supertreinado, até porque gosto de pegar para formar do meu jeito;, conta. ;Meu funcionário mais novo está aqui há quatro anos. Isso ajuda a ganhar a clientela.;


Finanças sob controle

Em 2010, o investimento inicial de Agda para abrir o negócio foi de R$ 45 mil. Atualmente, o faturamento bruto mensal fica em torno de R$ 130 mil. ;Esse é o volume de vendas, não o lucro;, destaca. A separação financeira entre as pessoas física e jurídica é um ponto forte da administração. Algo ainda mais importante durante a crise. ;Eu trabalho com óleo lubrificante, que ficou mais caro com a alta dos combustíveis.;
Em baixo de um carro suspenso, mulher em pé, usa camiseta preta, calça jeans e sandália de salto, enquanto trabalha na mecânica do carro

A recessão também mudou o comportamento do consumidor. ;A gente pegava muito serviço de revisão. Hoje, o cliente só vem na hora da necessidade.; Nesse contexto, continuar o negócio é um grande exercício de gestão. ;Amo o que eu faço. Então, eu me dedico ao máximo;, relata. ;Quando a gente encontra o que gosta, faz as coisas benfeitas, não se preocupa com horário de entrar e sair ou com o valor que vai ganhar. A preocupação é com o resultado final. O salário é consequência;, afirma.

Estudiosa

A empresária, ao centro, com parte da equipe

Para dominar a mecânica e a administração, Agda sempre apostou em estudar. Tudo começou quando ela trabalhava como bancária no Itaú. Na época, sentiu-se enganada por uma oficina mecânica. ;Comprei meu primeiro carro e não entendia nada disso. Disseram que eu precisava trocar umas peças;, lembra. Depois de sair de lá, percebeu o golpe. ;Uma das peças trocadas tinha sido filtro de ar-condicionado. Só que meu carro não tinha ar-condicionado.; Para não cair em armadilhas novamente, Agda resolveu estudar por conta própria. ;O objetivo era entender meu carro. Fui ler manuais e pesquisar na internet e comecei a achar a área interessante.;
Para viabilizar o negócio, Agda fez curso técnico em mecânica
Juntou-se a isso a vontade de ser dona do próprio negócio, e Agda teve a ideia de abrir uma oficina mecânica para o público feminino. ;Brasília não tinha nada assim. Então, percebi uma oportunidade.; A proposta inovadora foi encarada com descrédito pela maior parte dos conhecidos. ;Meu marido, noivo na época, foi supercontra, disse que oficina não era lugar de mulher. Após estudar bastante, consegui convencê-lo sobre a validade do projeto;, descreve. Agda entendeu que não bastava ter uma ideia bacana, era preciso fazer plano de negócios e estudo de mercado.
Após superar preconceitos, hoje, tem muito orgulho do que faz
Foi então que ela começou faculdade em gestão empresarial no Centro Universitário Planalto do Distrito Federal (Uniplan) e curso técnico em mecânica no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Foram dois anos de preparação antes de empreender. Tudo foi muito bem analisado, do formato da empresa à localidade. ;Mesmo assim, tive medo. As pessoas falavam que eu estava dando tiro no pé.; Mas a preparação compensou e, desde que abriu as portas, Agda não fica sem clientes. À medida que o negócio foi crescendo, Agda não parou de estudar: fez três pós-graduações, em marketing, vendas, e inteligência e contrainteligência competitiva. Atualmente, cursa outra, em docência de curso superior em marketing.
O negócio chama a atenção dos que passam por Ceilândia Sul

Reconhecimento

Agda foi reconhecida pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) com os prêmios Empreendedor Destaque, em 2011 e em 2012; e o Mulher de Negócios nacional, em 2013. As homenagens deram a ela projeção em Brasília e no Brasil. Tudo isso conciliando a carreira com os cuidados com os dois filhos, Gabriel, 10 anos, e Laura, 1 ano. Atualmente, Agda dá palestras em faculdades e outras instituições. ;Uma das minhas palestras é motivacional; a outra é de mecânica para mulheres. Palestrar se tornou uma nova paixão;, revela.

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QNM 9, Conjunto H, Lote 3,
Ceilândia
3372-4784 / 9-8241-2866

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