Trabalho e Formacao

Confira entrevista com a empresária Rachel Toyama

Ela era dentista há sete anos quando largou tudo para abrir uma empresa na área de que realmente gostava: moda. Depois de lançar um buscador que agrega diversas lojas virtuais, o Paraíso Feminino, ela precisou aprender com os erros cometidos no percurso

Neyrilene Costa*
postado em 07/10/2018 16:16
Quantas pessoas percebem que não gostam da área de formação, mas acabam permanecendo nela? Por medo, pelo pensamento de que já é tarde demais, por comodismo... Rachel Toyama, 36 anos, enfrentou tudo isso e saiu da zona de conforto ao lançar o Paraíso Feminino, buscador de produtos de lojas virtuais que reúne, em uma só plataforma, mais de 5 mil marcas de roupas, sapatos e acessórios para mulheres, totalizando mais de 450 mil produtos e 350 lojas virtuais. Antes de atuar no ramo que realmente curte ; a moda ;, a mineira de Padre Paraíso trabalhou por sete anos como dentista. Ela se formou em odontologia na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em 2007. No entanto, com o passar do tempo, sentiu que não estava mais feliz com a carreira. ;Então, comecei a buscar em que eu poderia empreender;, afirma.
Antes de tudo: faça o que você mais gosta! E algo que eu aprendi no Vale do Silício foi: erre rápido e aprenda rápido
Rachel sempre gostou de fazer compras on-line e se inspirou nisso para abrir o negócio, com sede em São José dos Campos (SP). A empresa conta com 13 funcionários, divididos entre uma equipe de moda e uma de tecnologia. O buscador recebe, em média, 300 mil acessos por mês e se destina a mulheres a partir dos 15 anos. ;A ideia do Paraíso é você poder encontrar tudo em um só lugar, comparar preços e ser direcionado para o site da empresa de compra sem ter que ir a uma loja física. É muito mais prático;, explica Rachel, personal stylist e consultora de imagem. A ideia foi uma das vencedoras do Prêmio ABComm de Inovação Digital em 2016.

Você sempre quis empreender?
Não. Eu fui me apaixonando pelo universo do empreendedorismo quando descobri que não estava mais feliz na odontologia. Percebi, então, que o que eu gostava mesmo era de inovar.

Como surgiu o Paraíso Feminino?
Eu sempre gostei de moda, e meu ex-marido, Leonardo Alonso, viu a dificuldade que eu tinha de encontrar todos os produtos femininos num só lugar, tanto em loja fixas quanto em virtuais, e teve a ideia de um buscador único. Achei fantástico. Então, em 2009, larguei tudo para começar a construir esse site. Fizemos cursos de marketing e de empreendedorismo para tentar entender esse universo e, em 2010, lançamos o portal.

Como funciona o buscador?
A ideia é ser um agregador para todos os estilos de mulheres, gostos e bolsos. Nossa proposta é ser um buscador que agrupe as melhores lojas virtuais do Brasil para que o público feminino encontre produtos de forma rápida e consiga comparar os preços. Quando uma marca é popular, naturalmente, os itens dela serão vendidos em muitos locais. Então, às vezes, você encontra o mesmo produto com uma variação de até 50% do preço entre uma loja e outra. Meu intuito não é vender o produto, mas, sim, possibilitar à consumidora encontrar o que busca de forma rápida e, ainda, comparar os preços.

Quais foram as dificuldades envolvidas no lançamento do projeto?
Quando começamos, não tinha nenhum outro buscador igual ao nosso. Os que mais se assemelhavam eram o próprio Google e o Buscapé. Então, era uma ideia muito nova para a época. Convencer as pessoas a entrarem no site e desenvolverem o hábito de comparar preços foi difícil. Demorou também para que o público conhecesse nosso trabalho. Também foi complicado ganhar a confiança de anunciantes. O crescimento de acesso foi bem gradual e, à medida que conseguimos entender melhor quem eram nossas usuárias, pudemos aperfeiçoar o buscador.

O que você aprendeu com a experiência de mudar de área?
Tudo. Eu mudei completamente depois disso. Fazer o que se gosta é muito bom. E o que quero mostrar com minha história é que as pessoas não precisam se prender a algo de que não gostam. Elas têm de buscar o que as faz feliz, ignorando os comentários dos outros. Eu, por exemplo, ouvi que não ganharia dinheiro com o projeto. O Paraíso Feminino também me trouxe a chance de conhecer profissionais que eu sempre admirei, me deu a oportunidade de ir a eventos que eu só acompanhava por revistas e blogs. Pude visitar o Vale do Silício. Tudo isso trouxe, além de conhecimento e realização profissional, muita alegria.

Você cometeu algum erro e aprendeu algo com ele?
No caso do Paraíso Feminino, por mais que estejamos em um ambiente on-line, não construímos o site pensado no futuro. As pessoas começaram a usar muito mais o celular do que o computador. Mas a forma com que o site havia sido construído não nos possibilitou fazer essa migração, de desenvolver um site responsivo ao aparelho móvel, com rapidez. E esse erro custou bem caro. Nós só conseguimos lançar nossa versão mobile no ano passado. Agora, tudo o que vamos colocar na página é executado levando em conta tudo o que pode ocorrer de evolução nos próximos 10 anos para não errar novamente.
Para você qual é o ideal de um bom empreendedor?
É alguém que faz algo que realmente ama porque empreender exige muitos desafios. Então, se você não tem muita paixão pelo que faz, será mais difícil superar os obstáculos. É preciso ter muita criatividade para melhorar o produto e para se colocar no lugar do usuário e entender o que ele quer. É gostoso empreender, mas isso não quer que seja fácil. O que nos faz superar todos os problemas é de fato a paixão pelo que fazemos.

Que lição você deixaria para alguém que sonha em empreender?
Antes de tudo: faça o que você mais gosta! E algo que eu aprendi no Vale do Silício foi ;erre rápido e aprenda rápido;. Porque todo empresário vai cometer erros, o que é muito natural, pois não existe uma história empreendedora que não envolva dificuldades. Mas a pessoa tem de aprender rapidamente com os erros cometidos. No Paraíso, demoramos para desenvolver uma estrutura interna que nos possibilitasse algumas mudanças que eram até simples. Então, agora, estamos atrás de aplicações que são sempre mais úteis e inteligentes.

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*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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