Trabalho e Formacao

Estudantes fazem de tudo para realizar o sonho do intercâmbio

Seja vendendo itens em sinaleiros seja acumulando empregos, jovens brasileiros buscam maneiras de concretizar a vontade de passar uma temporada no exterior

Darcianne Diogo*
postado em 11/11/2018 16:12
Fazer um intercâmbio é um sonho cada vez mais popular entre brasileiros em busca de incrementar o currículo, viver algo diferente, aprimorar os conhecimentos numa língua estrangeira. No entanto, a experiência ainda é bastante cara. É difícil que uma temporada fora, mesmo que de apenas um mês, saia por menos de R$ 15 mil ; afinal, há muitos gastos envolvidos: passagens aéreas, o preço do curso, estada, alimentação, visto... As condições financeiras não desanimam pessoas esforçadas, que se dispõem a trabalhar duro para juntar a quantia necessária. Conheça a experiência de dois jovens em busca do sonho de estudar fora.

;Faço de tudo Para ir à França;

Vitor começou a vender quadros de autoria própria e água há três meses

Quem passa pelos sinais do Setor Comercial Sul (SCS) pela manhã costuma encontrar vendedores ambulantes de água ou doces. Um deles tem chamado a atenção pelo motivo do trabalho. Vitor de Melo, 18 anos, segura uma placa em que se lê ;Me ajude a pagar o intercâmbio. Vendo água, quadro, balinha;. Há três meses, o morador de Valparaíso 2 (GO) e estudante do 2; ano do Centro de Ensino Médio Setor Oeste (Cemso) se dedica à atividade de segunda a sábado, das 10h às 12h30. Entre os produtos comercializados, destacam-se as pinturas de autoria do jovem. Todo o esforço é para realizar o sonho de estudar na França, que nutre desde os 13 anos, quando começou a estudar francês no Centro Interescolar de Línguas (CIL). ;Não falo fluentemente. Então, quero ir para fora colocar em prática e me aprimorar;, conta. Por lá, ele deseja ficar seis meses e fazer um curso intensivo do idioma ou de culinária, pois é fã de comida francesa.

Vitor começou a produzir quadros aos 15 anos. O adolescente não precifica o trabalho: as pessoas pagam o quanto acharem necessário pelas obras. ;Tem gente que oferece R$ 15, R$ 20 e até R$ 100.; A venda de doces e de água veio depois, como incremento. Até o momento, o jovem economizou mais de R$ 300 e calcula que precisará trabalhar até dezembro de 2019 para juntar todo o dinheiro necessário. ;Fiz algumas pesquisas: ir para a França não sai por menos de R$ 10 mil;, explica. O próximo plano para incrementar as vendas é passar a comercializar alfajores caseiros. ;Não sei fazer, mas posso aprender. O bom é que vou poder vender na escola também.;

[SAIBAMAIS]A solidariedade do público tem feito a diferença. ;Nem sabia que o pessoal da minha cidade era tão bacana. Recebi muita ajuda, e não só de dinheiro, mas também de informações, sobre como funciona um intercâmbio;, conta. Esta não é a primeira vez que Vitor recorre às vendas em sinaleiros para concretizar uma meta. Aos 15 anos, ele vendeu quadros para conseguir pagar um curso de dublagem, já que ele deseja trabalhar como dublador. Ele custeou metade do valor das aulas com o comércio e metade, com a doação de uma mulher que se sensibilizou com a história dele. ;As aulas custavam R$ 1.600 e ela bancou metade, R$ 800;, conta, alegremente. Vitor definiu a profissão a seguir ainda durante a infância. ;Aos 10 anos de idade, eu abaixava o volume da TV para ficar fazendo as vozes. Quero muito seguir essa carreira;, ressalta.

Como ajudar?


Se você quiser contribuir para o jovem realizar o sonho do intercâmbio, é possível fazer doações para a seguinte conta bancária: Caixa Econômica Federal, Agência: 2437, Operação: 023, Conta poupança: 00012955-1, Vitor de Melo Prazeres. Informações: (61) 98373-9643 / www.facebook.com/vitor.melo.9231

;Meu sonho é ir para o Canadá;

Seja vendendo itens em sinaleiros seja acumulando empregos, jovens brasileiros buscam maneiras de concretizar a vontade de passar uma temporada no exterior


A designer gráfica Fabiane Spinelli, 25, sonha com uma temporada no exterior desde criança e corre com afinco atrás da meta desde 2014. O objetivo é passar um mês em Toronto, no Canadá, para aprender o idioma em janeiro de 2020. ;Meu inglês é quase zero, então quero ir para voltar para cá mais capacitada;, diz. ;Sou apaixonada pelo país. Quero saber mais da cultura, dos estudos, dos costumes. Tenho curiosidade até pela comida.; A jovem mora em Arvorezinha (RS) e trabalha em uma produtora de brindes. No tempo livre, faz um curso de inglês. Quando começou a buscar agências de intercâmbio, ficou decepcionada com o preço de uma experiência do tipo.

Em 2014, conseguiu fazer acordo com a empresa para parcelar o valor em cerca de cinco anos. Desde então, a jovem teve três empregos e sempre pega serviços freelancers para economizar. ;Eu tenho até o fim de 2019 para conseguir todo o dinheiro. Até agora, paguei R$ 3.500 para a agência, e preciso desembolsar mais R$ 8 mil. Mas não tenho mais nada, só R$ 300 que minha prima me deu;, conta. O pacote da agência cobre a estadia e o curso, mas Fabiane ainda precisará pagar por passagens aéreas (estimadas em R$ 3.500), visto (R$ 750), alimentação, despesas com roupas de inverno, já que o Canadá é um dos países mais frios do planeta, e outras necessidades. Para conseguir pôr o plano em prática, Fabiane criou uma vaquinha virtual. ;Quando comecei a divulgar, teve muitas pessoas que me criticaram, xingaram, porque disseram que eu estava querendo realizar um sonho às custas dos outros. Mas não é isso, eu estou trabalhando, me esforçando, então a ajuda externa seria um complemento;, explica.

Como ajudar?


É possível contribuir com a jovem por um site de financiamento colaborativo. Acesse em: bit.ly/vakinhaparacanada Informações:(51)
98922-7648 /
www.facebook.com/
fabi.spinelli.7


*Estagiária sob supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa

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