Felipe de Oliveira Moura*
postado em 18/11/2018 14:03
;Você não é o que promete, planeja, ou aquilo que pensa, mas o que entrega. Vai ser visto pelas coisas que consegue implementar. As pessoas têm muita iniciativa, mas pouquíssima acabativa.; Essa frase, de autoria do publicitário e empresário Nizan Guanaes, marcou a trajetória do consultor de carreiras e mercados Alberto Roitman. De tal forma, que o paulistano lançou um livro inspirado nessa mensagem: Você é o que você entrega ; 60 dicas para se destacar no mundo corporativo. Alberto construiu a obra a partir do seguinte questionamento: por que algumas pessoas crescem na carreira e outras não? Para responder a essa pergunta, o autor fez uma pesquisa com 150 profissionais, incluindo empresários, gestores e servidores públicos bem-sucedidos.
A partir das conversas, Alberto, que é bacharel em direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em marketing e administração de empresas pela Universidade do Novo México, elenca 60 orientações para alcançar o sucesso. ;O objetivo era traçar dicas muito pragmáticas para as pessoas saírem do status quo e conseguirem ser mais felizes, alcançar metas, ganhar mais dinheiro ou, simplesmente, fazer aquilo de que gostam;, afirma Alberto, que trabalhou em instituições, como Citibank e Abn Amro Bank, e, atualmente, é líder de Criação da Nexialistas Consultores, consultoria em treinamento e desenvolvimento de empresas. Após entrevistar várias figuras de destaque, o consultor conseguiu elencar os comportamentos mais comuns entre as pessoas que se tornaram referências positivas.
Para Alberto, o funcionário deve ter conhecimento aprofundado do ramo em que atua, conseguir apresentar boas ideias que sejam possíveis de serem tiradas do papel, além de construir boa rede de contatos. ;Boa parte das pessoas que crescem no mundo corporativo usam as redes sociais de maneira muito inteligente, principalmente o Linkedin;, afirma. O bom trabalhador precisa conectar pessoas a resultados, não ficar preso em um segmento, sempre ampliando o leque de informações e conexões. Por fim, o autor do livro ressalta: ;O bom profissional deve ser curioso, criativo, inconformado, alguém que não se contenta com o status quo, desenvolve diversas competências paralelas e faz as coisas de maneira simples;.
Nesta edição, o caderno Trabalho & Formação Profissional destrincha os 60 conselhos de carreira de Alberto Roitman. Confira:
Referência
Sócio-fundador da ABC Comunicação, holding de empresas de comunicação. Em 2011, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) por contribuições nas áreas de educação, formação e inclusão social. Foi nomeado um dos cinco brasileiros mais influentes do mundo pelo jornal Financial Times em 2010. A frase foi dita em uma conversa com o próprio Alberto Roitman, em 2009.
Leia!
Você é o que você entrega ; 60 dicas para se destacar no mundo corporativo
Autor: Alberto Roitman
Editora: Garimpo
368 páginas
R$ 49
MANDE NO JOGO ;
No relacionamento social e consigo mesmo
1 Busque sempre o autodesenvolvimento
Para ter sucesso, é preciso ser um eterno inconformado com seu nível de conhecimento. No livro, Alberto afirma que o caminho para ter mais repertório intelectual pode ser diverso, envolvendo ler livros e jornais, assistir a filmes, viajar, conversar... Cláudio Halley, 43 anos, se considera um constante inconformado. Analista de sistemas, ele trabalha há 24 anos no mercado de cooperativas financeiras. Começou a carreira como operador de sistemas. Fez especialização em ciências da informação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e MBA em administração estratégica de sistemas de informação pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
A profundidade de conhecimento na área tecnológica abriu oportunidades e ele atuou como superintendente de gestão estratégica do Banco Cooperativa do Brasil (Bancoob) por oito anos. O meio de trabalho o inquietou a querer mais. Foi assim que fez mais uma pós-graduação, em finanças corporativas e internet banking na Fundação Instituto de Administração (FIA). Um tiro certeiro e que o alçou a um novo patamar. Foi promovido a diretor-geral da Cabal, subsidiária do Bancoob.
Avesso à filosofia ;deixa a vida me levar;, Cláudio se enxerga como o grande responsável pelo próprio sucesso. ;Temos protagonismo enorme em relação ao desenvolvimento profissional.; De acordo com o diretor-geral da Cabal, para progredir na profissão, é importante estar aberto a oportunidades que vão além da área de formação inicial. ;Alguns profissionais concebem o desenvolvimento de carreira de forma linear. A minha concepção de carreira não funciona assim.;
2 Cuide da imagem que você transmite
Dicas para isso são: impressionar desde a entrevista de emprego e os primeiros dias de trabalho, buscando conhecer as pessoas antes de falar com elas; ter atenção à maneira como você se comunica; comportar-se bem com os colegas; ser organizado, evitando atrasos e uso do celular e preparando-se com antecedência para as reuniões.
3 Pense constantemente em soluções criativas para ajudar sua área
Alberto Roitman elenca essa como uma das grandes marcas das pessoas que obtiveram sucesso. Ser criativo é um ponto predominante. ;É o funcionário que acha que pode criar coisas o tempo inteiro porque não acredita que o que existe é suficiente. Está o tempo inteiro tentando inovar;, exemplifica.
4 Supere a demissão com classe
Se você acabou sendo dispensado, tente encarar o momento com serenidade. Evite descarregar a raiva no chefe ou nos colegas, pois isso pode fechar portas no futuro. Aproveite para pensar em novos projetos e não se vitimize. ;Saia amigavelmente e de cabeça erguida.;
5 Descubra como arrumar emprego após os 40 anos
Transforme a idade em vantagem ao destacar a experiência que adquiriu ao longo da carreira, algo que um funcionário mais novo não teria como transmitir. Seja firme nos objetivos ao ser questionado em uma entrevista de emprego. Demonstre desejo de crescimento, ambições profissionais e pessoais.
6 Identifique os sinais de que chegou a hora de montar um negócio
Para saber se tem as características necessárias para se aventurar no empreendedorismo, o funcionário deve avaliar se: nada do que você faz no trabalho parece agradável ou motivante; é muito organizado, às vezes, até demais; gosta de correr riscos; tem uma relação de frieza com o dinheiro; as pessoas acham as ideias que você tem loucas. O trabalhador pode ter todos os atributos acima, mas não querer empreender. Eles apenas indicam a aptidão para o que Alberto chama de ;voo solo;.
7 Crie indicadores de evolução de vida
Equilibrar a vida profissional com relacionamentos familiares, lazer e outros círculos sociais pode ser uma tarefa difícil, mas possível quando você se esforça para isso, diz Alberto Roitman.
8 Monte um plano de ação para a sua vida
Depois de fazer uma autoavaliação de como anda a qualidade no relacionamento com familiares e amigos, no trabalho, nos projetos pessoais e outros, escreva metas que gostaria de alcançar.
9 Foque felicidade
O dia é dividido, basicamente, em três etapas: sono, trabalho e vida pessoal. Qual o seu nível de felicidade em cada uma delas? Identifique as possíveis falhas presentes e combata as coisas que o fazem infeliz. Isso não significa que não haverá momentos de esforço para alcançar os objetivos, mas que você buscará ser pleno em cada área.
10 Celebre suas conquistas
Poucas empresas reconhecem o trabalho dos colaboradores no cumprimento de metas e objetivos. Se o local onde você está não comemora as vitórias, faça isso você mesmo. Das pequenas às grandes alegrias.
11 Pense no que deixará neste mundo
Preocupe-se com o legado que você deixará após morrer. Pense no que as pessoas falarão de você após partir. Isso ajuda a moldar um melhor profissional.
12 Goste de si mesmo
Dê atenção à própria saúde, tome cuidados com rotinas desgastantes. Uma vida de amor próprio leva em consideração a qualidade do sono, a regularidade dos exercícios físicos e a alimentação. Para se relacionar bem com as pessoas e crescer, é importante estar bem consigo mesmo, se necessário, trabalhando menos.
13 Reinvente-se
Use os momentos de mudanças e incertezas como oportunidade de encontrar novo emprego, descobrir um talento. Quando a maioria das pessoas não veem luz no túnel da crise, uma ideia inovadora pode fazer a diferença.
14 Pratique boas ações
;Fazer o bem sem olhar a quem;. Aproveite qualquer oportunidade de ser bom para as pessoas, por exemplo, sendo voluntário de alguma causa, pagando por um serviço que alguém com poucas condições não conseguiria.
15 Seja um nexialista
Segundo Alberto Roitman, o profissional nexialista está entre o generalista e o especialista, pois não se restringe a uma pequena área, mas desenvolve outras e utiliza várias em conjunto. É alguém que tem como marcas a proatividade, a persuasão e a curiosidade por conhecimentos. Anderson Bars, 36, se considera um nexialista. Nas palavras de Alberto Roitman, é um ;cabeça de hiperlink;, ou seja, alguém que pode não saber a resposta para um determinado problema, mas que conhece quem tem a solução ou os possíveis caminhos para se chegar a ela. Em suma, é alguém com rede de contatos ativa e bem conectada. Bacharel em direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) com MBA em recursos financeiros pela FIA, Anderson começou a trabalhar na área comercial do Bradesco aos 19 anos.
Em três anos, tornou-se líder de uma equipe de treinamento. ;Nessa época, eu estava muito aflito para aprender sobre liderança. Aos 22, abri meus olhos para um mercado que não conhecia e surgiu a vontade de trabalhar com educação;, lembra. A migração da área comercial para a educacional corporativa, levou-o a atuar em consultorias, até que, em 2016, ele deu início a um projeto ambicioso: ajudou a fundar a Nexialistas, consultoria em treinamento e desenvolvimento de empresas. No ano de criação, a instituição faturou quatro vezes mais do que o projetado e conseguiu cerca de 50 clientes, entre eles Google, Allianz, Vale do Rio Doce e Johnson & Johnson.
No ano seguinte, a empresa dobrou de tamanho e empregava quase 100 pessoas. Sócio responsável por projetos e produtos na Nexialistas, Anderson tem todas as características de um nexialista, segundo Alberto: é proativo, sabe conectar pessoas e conhecimentos e mescla competências. ;Esforço-me muito para, efetivamente, fazer um bom network para que eu consiga ser especialista ou generalista quando necessário e para colocar boas práticas em exercício;, explica. Não se acomodar ou se vitimizar e evitar a terceirização dos fracassos é uma das dicas para quem deseja ser ;um cabeça de hiperlink;, acredita Anderson, que foi um dos entrevistados por Alberto para escrever o livro Você é o que você entrega.
16 Coloque grandeza naquilo que faz
Dê tudo de si no trabalho. As pessoas da mesma área ou do mesmo departamento precisam enxergar em você alguém que coloca o máximo empenho em tudo. Não seja medíocre, saia da média. Sobressair em relação aos demais no ambiente corporativo é fazer o que os outros não fazem. ;Entregue a tarefa, mas dê sugestões de melhora para o processo;, simplifica Renato Grinberg. O especialista em liderança e gestão de empresas, com passagens por multinacionais, como Sony Pictures e Warner Bros, exemplifica: ;Se pedem para José um relatório, ele normalmente entrega somente aquilo que foi pedido. Se pedem para alguém que possui o que eu chamo de olho de tigre, ele não somente entrega aquele relatório, mas dá sugestões para criar outros relatórios e assim por diante. É o que os americanos chamam de ir uma milha extra.;
GANHE A TORCIDA ;
No relacionamento com colegas
17 Saiba com quem está lidando
Conheça o perfil dos colegas com os quais você trabalha. Busque compreendê-los logo de imediato para identificar quais serão os aliados, aqueles de valores semelhantes e aqueles que serão difíceis de lidar.
18 Identifique os perfis difíceis
Entre os colegas problemáticos, é possível identificar alguns padrões. É comum que a frase típica de um companheiro de trabalho seja ;está ruim e pode piorar;. Esse tipo de pessoa vive reclamando. ;Cuidado para não se contaminar;, recomenda Alberto Roitman em seu livro. O ;fanfarrão; é o colega desorganizado e que extrapola os limites profissionais nas relações, por exemplo, pedindo dinheiro emprestado a alguém da equipe. Outros perfis são o ;nervosinho;, o ;fofoqueiro; e o ;competitivo;. Identificar esses perfis é importante para adotar estratégia diferente para cada um deles, inclusive se afastando, se necessário.
19 Respeite o histórico das pessoas
Alberto Roitman mostra em seu livro que o funcionário que busca sucesso deve descobrir, respeitar e valorizar o histórico dos colegas, sempre celebrando e exaltando o quão importante foram e são para o ambiente de trabalho. Muitos colaboradores de sucesso não vão ficar contando proezas que fizeram, por isso é importante buscar conhecer o passado e as contribuições que deram à companhia. A consequência é que eles vão lhe valorizar e isso cria um ambiente respeitoso, onde todo mundo sai ganhando.
20 Entenda o valor do seu colega na empresa
É importante saber como os conhecimentos dos companheiros de trabalho são vistos na instituição, os projetos dos quais eles participaram, as conquistas, as dificuldades. Sabendo disso, você pode traçar estratégias para se aproximar corretamente de cada um.
21 Pesquise as ambições de seu colega
Descubra onde cada parceiro de trabalho quer chegar em curto, médio e longo prazo. Para Alberto Roitman, ;conhecer os objetivos do colega é crucial para manter um relacionamento saudável por dois motivos: para ajudá-lo a alcançar metas ou identificar possíveis conflitos de interesse entre os dois;.
22 Tenha estratégia clara para cada colega
Por exemplo: se deseja contribuir para que um colaborador melhore a imagem junto à chefia, trabalhe em um plano tático para que isso ocorra e deixe o colega saber o que você está fazendo.
23 Faça com que conheçam suas ambições
Você precisa mostrar aos outros quais são os objetivos profissionais. Assim, fica mais fácil receber apoio.
24 Transmita que gosta de trabalhar em equipe
De acordo com Felipe Harmel, pós-graduado em gestão e governança de tecnologia pela Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), a convivência com os colegas deve ser transparente. ;É sempre saudável que exista uma relação de confiança entre os pares;, afirma. Apesar de não ser uma tarefa fácil por causa da competitividade de cada indivíduo, Felipe observa que os benefícios de bons laços no trabalho são mútuos. ;Buscar apoio nos colaboradores é sempre uma ótima ideia, e também ajudar naquilo que for necessário para o desenvolvimento de cada um. É uma relação ganha-ganha;, afirma.
25 Marque seu território e seja firme
;Pares não são chefes, são seus ;irmãos corporativos;. Podem promovê-lo ou demiti-lo. Podem fazer sua vida ser mais fácil ou mais difícil. Depende muito de como você vai conduzir a relação. Plante firmeza e colherá respeito. Plante fraqueza e se tornará refém dele;, ensina Alberto Roitman.
26 Prepare-se para caso queiram puxar seu tapete
No ambiente de trabalho, é possível que o espírito de competição sobressaia ao de colaboração. De acordo com Alberto Roitman, muitos funcionários acreditam que, para alguém ser promovido, outro deve ser demitido ou perder espaço. ;É muito provável que queiram te derrubar e, nessa hora, dar a outra face pode funcionar para ir para o céu, mas, para se manter no ambiente corporativo, é importante ter uma estratégia de ataque para deixar claro ao colega que você não admite determinadas brincadeiras ou atitudes;, aconselha. Se uma conversa com o chefe sobre o comportamento do colaborador não adiantar, o consultor afirma: ;Derrube o seu colega, fazendo com que ele seja demitido;.
MANTENHA-SE NO JOGO
No relacionamento com o chefe
27 Não aceite ter um chefe medíocre: livre-se dele o quanto antes
Se quiser crescer no mundo do trabalho, a dica de Alberto Roitman é enfática. É possível mudar de área ou de organização. Ou, caso você queira continuar no mesmo lugar, a saída para quando se tem um gestor mal preparado, indicada por Alberto, é polêmica: ;Derrube seu chefe;. Ao se dar conta de que não aprende com o superior e que esse não sabe ensinar nada, o funcionário deve conversar francamente com ele. ;Nem todos vão reagir bem. Se isso não ajudar, fale com o RH.; Se não houver efeitos, o próximo passo é bem radical. ;Converse com o chefe do seu chefe e mostre, com dados claros, que o subordinado a ele é muito ruim;, ensina. Se nada adiantar, desista. ;É melhor ficar desempregado do que perder tempo com ele;, enfatiza. Mesmo em um momento de crise, Alberto vê essa como a melhor opção, sobretudo porque gestores com esse perfil atrasam o desenvolvimento dos funcionários. Já Felipe Harmel, headhunter da consultoria de recrutamento Yoctoo, pensa diferente. Ele acredita que, se a situação não melhorar, o colaborador pode tentar mudar de área na empresa ou de emprego, mas nunca derrubar o chefe. ;Esse tipo de atitude deixa marcas no histórico profissional e pode barrar uma oportunidade futura;, ressalta.
28 Saiba o que fazer se não é puxa-saco
Como crescer em um ambiente corporativo sem ser ;puxa-saco;? Para Renato Grinberg, diretor da BTS, companhia de consultoria a empresas e startups, a pessoa precisa gerar resultados claros e tangíveis. ;Se você é um vendedor e bate as metas, com certeza, não precisa bajular ninguém para se destacar. Com raríssimas exceções, nem o melhor bajulador se manterá no emprego, se não entregar resultados;, alerta ele que fez MBA em marketing e finanças na Universidade do Sul da Califórnia.
29 Construa um bom relacionamento
Como defende Alberto Roitman, você não é o que promete, planeja ou pensa: você é o que entrega. O vínculo com o gestor vai ser tanto melhor quanto mais conseguir implementar e colocar em prática as coisas que garantiu em palavras. ;O processo de confiança está em dois pilares: o que eu prometo e existe de expectativa em cima de mim e o que eu entrego. O conjunto desses atributos gera confiança.;
30 Faça os contatos com o seu chefe serem relevantes (para ele)
O funcionário deve surpreender o gestor. Ao receber uma tarefa, esforce-se não apenas para entregar o que seu superior pediu, mas ;algo a mais; que mude para melhor a visão sobre você.
31 Identifique o potencial educacional do seu chefe
Não basta identificar se o empregador tem conhecimento, mas se consegue transmitir o que sabe e com frequência o faz. Muitos gestores guardam o que sabem em cofres e têm medo de perderem as posições à medida que os funcionários crescem. O chefe pode saber menos ou tanto quanto o funcionário. Mas se ele não ensina o que sabe porque não quer, vale a pena refletir sobre a permanência ali.
32 Evite o ;gestor-sanguessuga;
Alguns chefes veem os funcionários como meios para ajudá-los a crescer e a alcançar objetivos pessoais sem nada dar em troca. Fique atento e, se esbarrar em situação parecida, Alberto recomenda o pedido de demissão.
33 Saiba dizer o que pensa sem rodeios
Dizer claramente o que pensa e quer é importante. ;Pelo fato de o medo de ser objetivo e franco ser enraizado, precisamos exercitar muito a prática do discurso direto e sem rodeios;, defende Alberto Roitman, no livro. Isso é importante para evitar a postergação de soluções para os problemas, além de diminuir as chances de os discursos serem mal-entendidos.
34 Lide com um chefe visionário
Esse é o tipo de gestor que tem a cabeça cheia de ideias. Aproveite para adquirir conhecimentos com ele.
35 Não seja difícil como o seu chefe
Alberto Roitman cita o livro da inglesa Ros Jay Fast thinking: difficult people, que apresenta dicas para se relacionar bem com um chefe de gênio difícil: entenda que ele não vai mudar a personalidade e aprenda a lidar com isso sendo tolerante; prepare-se com antecedência para conversar com ele; não se irrite ou tente responder as provocações do gestor, você não pode entrar no jogo dele.
36 Ajude seu chefe a delegar, e não a ;de-largar;
Problemas de resultados entre o que o superior quer e o que os funcionários executam podem estar ligados a uma comunicação ruim. No livro, Alberto Roitman destaca que muitas das atividades ;delegadas; são tão malfeitas que um trocadilho pode ser usado para se referir a elas: ;de-largadas;. Auxilie o gestor, ficando atento ao que ele quer e ajudando-o a identificar a melhor forma e os profissionais mais adequados para as tarefas. O líder direto tem muito impacto no resultado da carreira de um funcionário e o auxilia a crescer; então, pensar em como colocá-lo em destaque pode fazer você ganhar pontos com o chefe.
GANHE DE GOLEADA ;
No relacionamento com o chefe do chefe
37 Trabalhe para que seu nome seja pronunciado no alto escalão
Ainda na entrevista de emprego, busque conhecer o ;chefe do chefe;. Apresente-se, mostre interesse em entender a visão desse gestor. No entanto, deixe questões relacionadas à rotina de trabalho para conversar com o superior direto.
38 Vincule sua imagem à do chefe do chefe
O funcionário que busca se destacar capitaliza com o nome do gestor principal, aquele em nível hierárquico acima do do gestor direto. Por exemplo, em vez de pedir a ajuda de um colaborador com uma demanda citando o nome do chefe, cite o nome do ;chefe do chefe; ; claro, se a exigência for dele ;, para relacionar a sua imagem ao alto escalão.
39 Entenda o topo da pirâmide
Para se destacar e ter o nome reconhecido no nível máximo de hierarquia dentro da empresa, é importante se preocupar com as ;dores; do chefe máximo. Aprofunde-se nos quatro Ps (preço, produto, ponto de venda e promoção), assim, terá assunto com o chefão.
40 Faça as informações chegarem ao seu gestor indireto
A melhor forma para isso é o e-mail. Esse deve ser construído de maneira objetiva, no momento e em quantidades adequados, e deve ser enviado para o chefe direto com cópia para o superior hierárquico dele. As informações, em geral, referem-se aos 4 Ps e mostram ao chefão que você está preocupado com o negócio.
41 Prepare informações estratégicas para o chefão
O funcionário que se torna uma referência positiva não responde às perguntas dos superiores de maneira comum. Tem sempre algo útil e acrescentável para compartilhar em relação à empresa.
42 Avalie a frequência com que você deve contatá-lo
Não banalize os contatos com o chefão. Cada comunicação com ele deve ser realmente necessária, caso contrário, o chefe imediato poderá chamar a sua atenção, e o chefão vai evitá-lo.
DECIDA O JOGO ;
No relacionamento com subordinados
43 Contrate pessoas mais inteligentes que você
;O Bill Clinton diz que a grande receita do sucesso do governo dele foi contratar pessoas mais inteligentes que ele. Se você é um líder maduro, sabe o seu valor e entende que, caso contrate alguém mais inteligente que você, esse cara não vai te derrubar, não faz sentido. Se te derrubar, a empresa não te merece;, afirma o consultor Alberto Roitman. No entanto, a prática está bem longe do ideal. Especialista em recrutamento em tecnologia da informação na Yoctoo, Felipe Harmel presenciou várias vezes pessoas não sendo contratadas por receio de elas assumirem, futuramente, o lugar do entrevistado ou de outro membro da equipe. Segundo ele, o gestor pode se beneficiar das qualidades do subordinado mais capacitado que ele e vice-versa. ;O chefe se espelhará também em alguns pontos que precisam melhorar, bem como poderá ajudar o funcionário, principalmente em visão estratégica, que é um ponto muito forte em profissionais em cargos de liderança;, ressalta.
Ana Paula Dib, 43 anos, supervisora de Treinamentos em RH da Sky, conta que candidatos muito promissores, às vezes, a assustavam, mas não a impediam de pensar no crescimento da empresa e, portanto, contratá-los. ;Quando nós começamos a nos abrir para apostas ousadas e de risco, vemos que os atritos não são ruins, pois servirão a um propósito maior de levantar a poeira para transformar a empresa. Isso é necessário para colher melhores resultados;, aponta. A graduada em pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) não teme contratar pessoas mais inteligentes que ela para cargos na empresa, ao contrário de muitos gestores que se veem ameaçados por novos talentos na hora da entrevista de emprego e acabam barrando o crescimento dos aspirantes.
A própria Ana Paula viveu o outro lado da moeda quando teve a ascensão travada por um chefe na época em que trabalhava em um banco como gerente comercial. ;Tive várias oportunidades de ascender na carreira e meu gestor me cortou, não sei se por medo de perder a funcionária ou de eu pegar a cadeira dele. Isso acabou me privando de crescimento. Infelizmente, esse tipo de travamento existe. Quem faz isso é um chefe, não um líder;, lamenta. Antes de ser convidada a um posto importante dentro da operadora de TV por assinatura, a carreira da pós-graduada em gerenciamento de recursos humanos pela Universidade Ibirapuera foi construída trabalhando por 10 anos nos bancos Unibanco e Santander e outros 10 dando consultoria de treinamento para empresas nacionais e multinacionais.
Ela afirma que o fato de ter se tornado referência positiva profissionalmente vem de persistir, buscar autoconhecimento, ser empática e solícita e, sobretudo, apresentar resultados concretos. ;As pessoas têm muita iniciativa e, com a velocidade das demandas, é muito difícil cumprir, mas tem de entregar, ou seja, ter acabativa;, aconselha. De acordo com ela, bons profissionais devem ser protagonistas das próprias carreiras, além de resilientes. ;Durante as minhas palestras, eu digo bastante que, para alcançar crescimento e evolução, é necessário se analisar e evitar olhar para a grama do vizinho, que parece sempre mais verde;, complementa.
44 Seja líder ;de fato;, antes de ser ;de direito;
A dica é clara: não existe qualquer relação entre bater metas e ganhar a prerrogativa de liderar pessoas. Um funcionário que alcança números expressivos na área em que atua pode não ser um bom gestor de pessoas. Um bom líder mostra como o trabalho em equipe deve ser feito, distribui funções, inclui-se no grupo de trabalho, assume as responsabilidades e louva o resultado de forma coletiva.
45 Seja um líder ;centro da tela;
A liderança vem de dentro para fora. Verdadeiros líderes inspiram, servem de exemplo para os funcionários. O que o gestor entrega, seja positivo, seja negativo, servirá de exemplo para os empregados. Não adianta exigir determinada postura dos funcionários se você é o primeiro a descumpri-la. Ajude as pessoas a se desenvolverem, saiba ser contrariado e controle seu humor. Ser um líder ;centro da tela; é exercer fascínio sobre as pessoas, motivar, servir de guia e exemplo a ser seguido dentro da organização.
46 Empodere seu time e monte uma ;liga de supercolaboradores;
Qualquer pessoa da equipe deve ter capacidade para resolver os problemas que surgem eventualmente. Se isso não ocorre, você não tem o que Alberto Roitman chama de ;Liga da Justiça; à disposição. Monte uma equipe forte por meio de observação, conversa e valorização daqueles que estão sob seu comando.
47 Aposte em confiança e cooperação
Essas são as duas palavras mágicas de um líder inspirador. Albeto Roitman trata esses dois pontos como imprescindíveis para a constatação de uma equipe de alta performance. O líder que é confiável gera segurança e os funcionários ousam mais, porque sabem que ele está na retaguarda. A consequência é um ambiente de mais colaboração, pois os empregados sabem que o líder se preocupa genuinamente com eles.
48 Acredite no poder do elogio sincero
Encarnar o chefe bravo, que mal cumprimenta os liderados e é o carrasco da equipe, é coisa da ;pré-história;. Bons gestores sabem reconhecer o trabalho dos funcionários e elogiá-los. Exaltar sem sinceridade, porém, não é recomendável.
49 Peça feedback
Um líder de destaque não só dá retorno aos funcionários sobre o desempenho deles no ambiente corporativo, mas pede retorno constantemente aos colaboradores. Isso deve ser feito com regularidade. Somente assim saberá o que as pessoas que trabalham com você pensam da sua atuação como gestor.
50 Deixe sua marca por onde passar
O mercado está cada vez menos tolerante com ;chefes mornos;, que não deixam legados por onde passam e são apenas figuras decorativas dentro da empresa. De nada adianta ter talento para liderar se isso não é acompanhado de trabalho duro para que a empresa o enxergue como indispensável pelas marcas que deixa. O fruto do árduo empenho é o legado que vai deixar quando sair da função ou da empresa.
51 Crie um clima favorável ajudando seus colaboradores
Um dos benefícios de um ambiente agradável no trabalho é uma equipe mais saudável e motivada. O gestor de destaque se importa com o bem-estar da própria equipe para alcançar mais resultados para si, para o time e para a companhia.
ENTRE NO JOGO ;
No relacionamento com o cliente
52 O cliente não é propriedade da empresa, nem do vendedor
É comum que funcionários que deixam a empresa levem consigo uma ;carteira de clientes; ou que a companhia também não abra mão desses clientes. As organizações devem trabalhar para que sejam escolhidas pelos consumidores pela boa entrega que fazem, em vez de dificultarem a saída com inúmeros entraves para cancelamentos de serviços. A freguesia se conquista com um bom serviço prestado.
53 Surpreenda o cliente em cada contato
Em um mundo onde boa parte dos produtos e das abordagens aos consumidores são padronizados e pouco criativos, surpreender nas pequenas coisas faz a diferença. ;Sempre que faço uma proposta comercial da minha consultoria, busco um detalhe específico da empresa que, provavelmente, nenhum outro concorrente terá. Esse detalhe, muitas vezes, é o que faz a diferença;, comenta Renato Grinberg, que estudou melhores práticas em liderança em Harvard.
54 Mostre que você é diferente com uma prospecção inteligente
A dica é para quem trabalha em áreas comerciais. A ferramenta mais comum para o primeiro contato é o e-mail. Uma forma de se diferenciar é mostrar que conhece o mercado do cliente. Depois, mostre que conhece o próprio segmento e apresente-se, antes de pedir para marcar uma conversa.
55 Seja orientado ao cliente, e não ao processo
O erro é criar um procedimento para ser seguido à risca, uma burocracia que não contempla mudanças de percurso ou incidentes. Nesses casos, as organizações pecam por querer lucrar a todo custo sem se importar com o bem-estar do usuário. Não seja engessado. Busque as necessidades do consumidor.
56 Pratique o foco no foco do cliente
;Após inúmeras pesquisas com clientes, constatou-se que os vendedores das empresas não os agradavam quando ;focavam seus produtos;, ou seja, realizavam a venda pela venda;, diz Alberto Roitman, em seu livro. É preciso oferecer o ;produto certo para o cliente certo;.
57 Coloque um laço em cada entrega que faz ao cliente
Em 2007, Joshua Bell, ícone da música erudita mundial, entrou em uma movimentada estação de Washington, nos EUA, e começou a tocar violino. Durante cerca de uma hora, o músico executou seis composições de Bach. Câmeras flagraram a reação das pessoas. O jovem passava despercebido pela maioria delas. Arrecadou US$ 32. Na noite anterior, tinha se apresentado em um dos maiores teatros com um violino de US$ 4 milhões para uma plateia que pagou caríssimo e esgotou os ingressos um mês antes. ;A entrega não terá o mesmo valor percebido se o ;pacote; não for bonito. As pessoas não valorizarão o que for feito se não for inserida uma verdadeira moldura;, pontua Alberto Roitman. Ao montar uma apresentação em Power Point, por exemplo, não se preocupe apenas com o conteúdo: invista em algo ;visualmente impactante;.
58 Demonstre que há grande esforço de sua parte
Mostre ao cliente que você se esforçou para atendê-lo. Isso pode ajudar a melhorar a percepção que ele tem do serviço. Não seja falso, mas busque se diferenciar das respostas padrões
59 Tenha cuidado! O cliente sabe tanto quanto você
Com maior acesso à internet e a popularização dos smartphones, a informação está a um deslizar de dedos na tela. Não subestime o consumidor. Ao ir a uma loja fazer uma compra, ele pode ter pesquisado sobre o produto. Tente se diferenciar a partir do que o comprador não sabe sobre aquele item.
60 Escute o que o cliente diz, por mais absurdo que pareça
É mais confortável criticar o conhecimento do consumidor sobre um produto ou um serviço do que averiguar se a reclamação ou a sugestão dele é correta. Às vezes, o comentário pode até parecer absurdo, mas o freguês precisa ser ouvido, levado a sério e prestigiado. Alberto Roitman ilustra a dica com uma história que repercutiu no mundo corporativo. Um cliente escreveu uma carta para a montadora General Motors, contando que, todas as vezes que ia à sorveteria após o jantar e comprava sorvete de baunilha, o carro não funcionava. Quando ele comprava sorvete de qualquer outro sabor, o veículo ligava normalmente. Ele se dizia muito decepcionado com o Pontiac modelo 99 que havia adquirido por causa disso. Muitos pensaram que o sujeito era louco. Diante do burburinho, o presidente da companhia teria deslocado um engenheiro para averiguar o caso. Após muita investigação, a explicação foi encontrada. Como o sorvete de baunilha era um dos primeiros na geladeira da sorveteria, o cliente gastava menos tempo para comprá-lo e deixar a loja. Esse tempo era insuficiente para o motor esfriar completamente e, assim, o veículo não ligava quando o consumidor voltava. A diferença entre o carro funcionar ou não era de 30 segundos. Com o ocorrido, a montadora alterou o sistema de alimentação de combustível em todos os modelos e melhorou o funcionamento de seus carros. O cliente tinha toda a razão.
* Estagiário sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa