Darcianne Diogo*
postado em 16/12/2018 15:25
A concorrência em concursos públicos aumenta e, cada vez mais, fica difícil conseguir a tão sonhada vaga. Porém, com uma boa preparação e comprometimento com os estudos, as chances de aprovação são maiores. Mas, afinal, quais são os erros mais recorrentes dos concurseiros? A falta de preparo pode ser algum desses fatores, é o que afirma o administrador e coach para concursos do Estratégia Concursos, Luís Eduardo Pereira. ;Muitas pessoas acham que devem se esforçar exageradamente, ficar sem dormir ou sem se alimentar direito. Tem de haver um esforço, mas não dessa forma. É preciso ter calma para atingir o resultado;, explica. Confira as quatro principais dicas dos especialistas.
Falta de planejamento
A ausência de planejamento é um erro grave para quem quer passar em um concurso, segundo apontam os especialistas. O presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Renato Saraiva, explica que é comum os candidatos acharem que a maior dificuldade é a concorrência, mas o desafio está no foco nos estudos. ;O preparo para um certame exige muita dedicação, pois pode durar meses e até anos. A pessoa precisa abdicar de momentos de lazer e outras atividades para tornar a aprendizagem uma prioridade.; Uma orientação de Saraiva é que, quanto antes os candidatos começarem a se dedicar, melhor.
Nessa fase, o sacrifício de acordar uma hora mais cedo ou aproveitar o horário do almoço para revisar o conteúdo é válido. Quanto a isso, a dica de Luís Eduardo Pereira é não exagerar na carga horária de estudos. Passar do ponto saudável pode comprometer a qualidade da aprendizagem. ;O ideal é que a pessoa estipule uma meta pequena, por exemplo, estudar 20 horas em uma semana. Assim, ela pode ter um sábado ou domingo livre.;
A preparação para um concurso pode contemplar diferenças técnicas de conhecimentos. Optar por materiais impressos pode ser uma boa opção. ;No material escrito, estarão ali informações que você poderá destacar. Já o uso de videoaulas é bom para assimilar o conteúdo, porém, demora mais, porque você ainda terá que montar um resumo;, afirma Luís. De acordo com Renato Saraiva, resolver questões também é um bom caminho e pode ser uma forma fundamental para compreender como o conteúdo pode ser explorado na prova, de acordo com o perfil da banca organizadora. Além disso, participar de ciclos de revisão, tira-dúvidas com professores e simulados também configuram boas alternativas.
Ciclo de aprendizagem
Técnico da informação e professor de conhecimentos de informática do Espaço Campus ,Léo Matos orienta os concurseiros a seguirem um ciclo de aprendizagem, equilibrado em três etapas. Na primeira fase, o indicado é que o aluno aprenda e entenda o conteúdo por meio de cursos presenciais, on-line, livros e apostilas. No segundo momento, o segredo é revisar o conteúdo anotado durante o aprendizado. Por último, fazer exercícios da matéria. ;Para isso se concretizar, o candidato deve ter a consciência de que precisará fazer uma boa gestão do seu tempo total, abrindo mão de muitas coisas que faz no dia a dia;, explica.
É preciso ter foco
Outra falha comum aos candidatos é a falta de definição sobre qual concurso prestar e apostar em tudo, abrindo o leque para mais possibilidades do que ele pode abarcar. Vale tentar tudo ; carreira jurídica, fiscal, tribunais, cartório, policial ; e não manter o foco em nada? O presidente da Anpac acredita que não. ;Uma vez que o candidato se identifique com alguma área, é preciso conferir se ele atende às exigências do cargo, como exemplo, ter inscrição na Ordem de Advogados do Brasil (OAB), curso superior em área específica e experiência comprovada na área;, diz Renato Saraiva. O segundo passo é ler o edital, pois a falta de informação pode ser um deslize rumo à perda da vaga. ;O documento apresenta todas as regras do concurso: as datas das provas, exigências da inscrição, o conteúdo programático. Isso é fundamental;, acrescenta.
Escolha dos materiais
Muitas vezes, nem um cronograma perfeito nem as melhores técnicas de estudo garantem aprovação de um candidato. A qualidade dos livros e apostilas usados na preparação pode comprometer na classificação, explica o presidente da Anpac. ;O material precisa ser atualizado, além de ser direcionado para o concurso e o cargo almejado, principalmente para certames que exigem doutrina e jurisprudência.; O administrador Luís Eduardo aconselha os candidatos a desconfiarem de materiais muito baratos, pois podem ter conteúdos ruins ou inadequados às pretensões do candidato.
Professor de informática do Espaço Campus, Léo Matos destaca que conteúdos providos de especialistas em cada matéria faz a diferença, pois os professores possuem experiência daquilo que mais é cobrado. ;Para o aluno que nunca estudou para concursos, recomendo aulas presenciais, pois poderá tirar dúvidas diretamente com o professor. Para o aluno que já possui uma base e que tem disciplina para sentar e estudar, recomendo aulas em PDF, juntamente a videoaulas que possam explicar a matéria.;
Na tentativa
Após algumas tentativas, a técnica em enfermagem Márcia Gomes, 53 anos, desistiu de prestar concursos para a área de saúde. Ao todo, foram seis provas feitas desde sua formação técnica, sendo que três delas foram para a Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Ela também tentou vagas para o Hospital das Forças Armadas (HFA), Hospital Sarah Kubitschek e Hospital Universitário de Brasília (HUB). ;Chega um momento em que a gente fica sem esperança. Para essa área, eu não faço mais concurso;, afirma.
Márcia dedicava quatro horas diárias para o concurso. Ela chegou a frequentar os cursinhos preparatórios Vestcom e Grupo Impacto, mas o conteúdo em si não era o único empecilho. Segundo ela, o principal erro cometido para ocasionar tantas reprovações era a rotina que levava. ;Na época, meus filhos eram pequenos e eu tinha de cuidar da casa. Isso me prejudicou muito, pois tive de dividir minha atenção;, lembra. Aos fins de semana, a técnica também se dedicava ao trabalho de cuidadora de idosos, atividade que exerce ainda hoje. Além disso, é claro, pesa o nível crescente de dificuldade das provas. A última que ela fez para a Secretaria, por exemplo, não foi nada fácil. ;É um exame bem- elaborado, porém, como não me dediquei ao máximo, fiquei com dúvida em muitas questões, principalmente de matemática;, diz. Pelo menos para a área de saúde, Márcia garante que não tentará mais nenhum concurso, mas pretende fazer outros. ;Vou pesquisar e ver quais que se encaixam para mim. Ainda tenho esperanças;, afirma.
*Estagiária sob supervisão de Ana Sá