Trabalho e Formacao

Confira dicas e acerte na escolha da carreira

Na semana em que o MEC abre as inscrições para o Sisu, o Correio preparou reportagem para ajudar jovens a se decidirem por uma profissão. Segundo especialistas, este não é o momento para se deixar influenciar. É hora de prestar atenção ao que você realmente gosta, pesquisar e, então, escolher

Thays Martins
postado em 20/01/2019 15:17

Sem errar na escolha da carreira


Na semana em que o MEC abre as inscrições para o Sisu, o Correio preparou reportagem para ajudar jovens a se decidirem por uma profissão. Segundo especialistas, este não é o momento para se deixar influenciar. É hora de prestar atenção ao que você realmente gosta, pesquisar e, então, escolher
Leila Arruda, administradora e coach de alta performance
O começo do ano é um momento crucial para quem terminou o ensino médio em 2018 e precisa se decidir por uma carreira. Também pode ser um período de virada no grupo dos que desejam mudar de profissão. Independentemente do caso, há muitas oportunidades para aproveitar agora. Entre as principais, estão as oferecidas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Para o primeiro semestre de 2019, há 235.476 vagas em 129 instituições de ensino superior públicas espalhadas pelo país. Quem fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado e não zerou a redação pode se inscrever no Sisu entre terça-feira (22) e sexta-feira (25) no site www.sisu.mec.gov.br. Só no Distrito Federal, a oferta é de 3.180 vagas em 114 graduações. São 1.988 oportunidades na Universidade de Brasília (UnB), 1.032 no Instituto Federal de Brasília (IFB) e 160 na Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs).
O professor de adminsitração Rodrigo Casagrande
Cada estudante pode escolher duas opções de curso. Ao longo dos dias de inscrição, será possível mudar a escolha quantas vezes quiser, acompanhando as variações de nota de corte. A possibilidade existe para aumentar as chances de aprovação. No entanto, abre margem para que jovens se decidam por uma graduação considerando apenas se tiveram pontuação suficiente para serem aprovados nela, sem refletir se é com aquilo mesmo que querem trabalhar. Outro problema é tomar uma decisão seguindo a vontade de outros, como os pais, e não a sua própria. Quando a escolha nessa fase não é certeira, o resultado pode ser evasão mais à frente.

A consultora de RH Leyla Nascimento

De acordo com o Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 50% dos alunos desistem da faculdade sem concluí-la ; muitos saem ainda no segundo ano do curso. Segundo Leila Arruda, coach de alta performance, muitos desses casos são fruto de falta de identificação com a formação escolhida. ;Muitos mudam de curso porque, no meio do caminho, percebem que não estão fazendo o que querem;, diz. Para a presidente da Federação Mundial de RH, Leyla Nascimento, o grande problema é os jovens serem coagidos a fazer uma escolha sem saberem do que gostam. ;A questão da identificação fica abandonada. E essa é uma oportunidade de se conhecer. Não é o momento para se deixar ser influenciado. Muitas vezes, a pessoa entra na universidade ou no curso técnico seguindo a profissão de alguém da família ou aquela que está na moda, o que é um problema;, enfatiza.

Momento de pressões

;O que você vai ser quando crescer?; Desde cedo, crianças são bombardeadas com essa pergunta. Inicialmente, muitas optam por carreiras fantasiosas e divertidas, ou as dos próprios pais. O certo é que, à medida que o tempo passa e o momento de tomar a decisão da escolha de uma profissão se aproxima, os questionamentos internos e externos começam a ficar mais intensos e a exigir uma resposta rápida. No fim do ensino médio, como se já não bastasse a pressão por conseguir boas notas em testes como o Enem, existe uma ansiedade por parte do próprio estudante para descobrir o que deseja, bem como a imposição de outros, como professores, pais e conhecidos, para que a pessoa faça uma escolha. Em meio à pressa e ao nervosismo, nem sempre a decisão é acertada. Também é problemático eleger um trabalho sem conhecer de fato aquela carreira. Muitos desses jovens acabam por não conseguir se decidir direito ou, então, fazem uma escolha que não combina consigo.

Tudo isso pode terminar em arrependimentos e frustrações. Segundo Leila Arruda, que é administradora de empresas, para evitar que isso aconteça, o primeiro passo é que esses jovens procurem se conhecer bem. ;É preciso se perguntar o que se quer. Muitas vezes, o pai acha melhor um curso, a mãe outro, mas pode ser que nenhuma dessas opções seja a vontade da pessoa. No fundo, a gente sabe do que gosta;, destaca. Leyla Nascimento, que trabalha com a integração entre RH, educação e trabalho há 30 anos, ressalta que a afinidade precisa ser levada a sério. ;Tem que ver o que dá satisfação e gera identificação.; Esse também é o conselho do professor de administração da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rodrigo Casagrande. ;A primeira etapa é se conhecer porque você vai passar no mínimo 40 horas da sua semana se dedicando à sua profissão. Então, seria melhor passar esse tempo fazendo algo que agregue significado;, destaca.

Refletindo sobre o que o faz feliz, é possível chegar a algumas opções, como observa Leila Arruda. ;Nessa hora, é necessário colocar no papel tudo o que está lhe deixando em dúvida. Mapeie os ganhos e as perdas ao exercer cada uma dessas profissões;, recomenda. A partir de então, a orientação é procurar pessoas que trabalhem na área para esclarecer dúvidas e entender melhor como funciona a profissão. ;É legal conversar com gente que atua naquilo;, explica. Outro ponto para o qual o professor Rodrigo Casagrande chama a atenção é a necessidade de estar por dentro das novidades. ;Você tem de estar atento às megatendências. Elas envolvem novas dinâmicas nas relações de trabalho;, destaca. De acordo com Leyla Nascimento, buscar ajuda profissional pode ser uma solução para esclarecer dúvidas. ;A orientação profissional pode ser de grande utilidade. É algo a que as pessoas deveriam ter acesso desde crianças;, aponta.

Errei. E agora?

Se você se enveredou por uma carreira e se deu conta de que não era o que queria, não se desespere! A saída, indica Leila Arruda, é investir no autoconhecimento. ;É importante ser honesto consigo mesmo e, então, partir para o que realmente lhe interessa;, aconselha. ;O fundamental é escolher algo que você ame porque, assim, independentemente da escolha, há mais chances de se dar bem;, recomenda. Pós-graduada em educação e desenvolvimento RH, Leyla Nascimento observa que muitos alunos continuam num curso mesmo insatisfeitos. ;Alguns seguem assim mesmo para não enfrentar um novo vestibular, o que acho um erro. Eles recebem um diploma, mas não se identificam com aquilo;, diz. ;Isso pode gerar profissionais sem competências importantes e frustrados;, completa.


Minha escolha, meu futuro

Estudantes que terminaram o ensino médio em 2018 e, agora, encaram o competitivo mundo do mercado de trabalho e vestibulares se sentem, muitas vezes, atordoados diante de tantos desafios e opções. Para muitos, a cobrança em relação ao que querem vem cedo, e o medo de não fazer a escolha certa acompanha as decisões. Conheça algumas experiências:

Estou decidida

Mulher de cabelos pretos lisos sorrindo para câmera e usando um casaco branco

Ana Clara Poffe, 17 anos, finalizou o 3; ano do ensino médio no Colégio Marista e não tem dúvidas sobre o futuro: quer cursar arquivologia. ;Eu gosto muito de organizar coisas e tem a parte de história...; O processo até chegar a essa decisão, no entanto, foi longo. ;No primeiro ano, eu tinha uma ideia. No segundo, outra bem diferente. E, no terceiro, entrei em desespero e pedi ajuda para os meus pais.; Eles escutaram a jovem e, ao identificar algumas afinidades, recomendaram que ela conversasse com um amigo da família que é arquivologista. ;Eu perguntei: ;Que curso é esse?; Aí, fui pesquisar e vi que era superinteressante. Eu me senti bem e vi que era aquilo;, conta. Ela diz que os pais, ambos bacharéis em direito, nunca a pressionaram a escolher uma profissão determinada. ;Eles sempre disseram: faça o que te faz feliz;, explica. ;Tenho medo de me arrepender, mas sou muito nova. Se não gostar do curso, posso ir para outro.;

Dúvidas presentes

Homem branco com expressões sorridentes, usando uma camisa preta escrita %u2018Terceirão Marista%u2019

Vinícius Nery, 18 anos, demorou a decidir o que quer. ;A gente só começa a entender o mundo melhor lá para os 12 anos. Então, teoricamente, a gente tem uns cinco anos de experiência de mundo para escolher uma profissão que vai seguir pelo resto da vida.; Ele ficou em dúvida entre economia e psicologia e acabou se decidindo pelo primeiro. Para escolher o que é melhor, o jeito foi pesquisar. ;Eu fui atrás de pessoas que fizeram o curso, inclusive meu irmão, que é economista. Mas confesso que não tive muito tempo para ler sobre as carreiras.; Filho de médicos, ele conta que os pais queriam ter um filho seguindo essa profissão. Mas Vinícius percebeu que isso não o agrada de todo. ;Eu não descarto, porque tem a psiquiatria que eu acho muito interessante. Mas eu teria que ver muitas coisas que não tenho interesse;, confessa.

Vou fazer o que amo

Homem branco sorrindo e usando uma blusa branca

Gabriel Carlos Freitas, 18 anos, decidiu a profissão que quer seguir ainda muito novo. ;Eu sempre gostei muito de cozinhar e percebi que isso não é só hobby;, diz. Agora, ele se prepara para cursar gastronomia. ;Pesquisei bastante. Eu fiz um intercâmbio nos Estados Unidos e lá tinha aula de culinária profissionalizante. Vi a grade horária, fui conhecer a faculdade que eu quero cursar, em São Paulo, e estou querendo conversar com alguns profissionais;, diz. Apesar de ter o apoio da família, principalmente dos avós, Gabriel conta que o pai dele não está tão satisfeito com a escolha. ;Ele acha que a gastronomia é muito pouco para mim e que não vai dar a felicidade e o sustento que eu quero. Mas ele não me proíbe.; Por isso, o jovem tem medo. ;Eu fico inseguro se é com isso que quero trabalhar, mas cheguei à conclusão de que, para saber, preciso fazer o curso. Se eu perceber que não é isso, posso voltar atrás e fazer outra coisa;, prevê.

Leia!

Na semana em que o MEC abre as inscrições para o Sisu, o Correio preparou reportagem para ajudar jovens a se decidirem por uma profissão. Segundo especialistas, este não é o momento para se deixar influenciar. É hora de prestar atenção ao que você realmente gosta, pesquisar e, então, escolher


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Autor: Marcia Kupstas
Editora: FTD
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*Estagiária sob supervisão da Subeditora Ana Paula Lisboa

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